A luz suave da manhã filtrava-se pelas cortinas do quarto, desenhando traços dourados sobre os lençóis. O silêncio era quase absoluto apenas o som distante do vento nas janelas e o leve crepitar da lareira acesa.
Amélie se remexeu na cama, o corpo dolorido, a mente confusa. Por um instante, não sabia onde estava.Os lençóis eram finos demais, o ar cheirava a ervas e madeira polida nada se parecia com o quartinho abafado das criadas.
De repente, ela se sentou, ofegante, o olhar perdido.
— Onde… eu estou? O que faço aqui ?— murmurou, a voz fraca, quase um sussurro.
Antes que tentasse se levantar, uma mão firme e gentil pousou sobre seu ombro.
— Calma, Amélie… — a voz de Estefano veio baixa, reconfortante. — Está tudo bem. Você desmaiou ontem à noite.
Ela o olhou, assustada. Os olhos cor de mel refletiam o medo e a confusão.
— Eu… desmaiei? — ela perguntou, a respiração trêmula. — E-eu não deveria estar aqui, senhor Estefano… se sua mãe me vir…
— Shh… — ele a interrompeu, apertando levemente sua mão.— Não se preocupe com ela agora. Eu não deixaria que te fizessem m*l outra vez.
Amélie desviou o olhar, envergonhada. As bochechas pálidas ganharam um tom rosado.
— Eu… não queria causar problemas. Só estava cumprindo meu dever, senhor.
Estefano se aproximou mais, ajoelhando-se ao lado da cama para ficar na altura dela.
— “Cumprindo seu dever”? — repetiu com amargura. — Seu dever não é passar fome, nem desmaiar diante de todos. Isso foi desumano, Amélie.
Ela ficou em silêncio, os olhos marejados.
— Sua mãe… ela…
— Eu sei. — ele a interrompeu novamente, a voz agora firme. — E eu já falei com meu pai pela manhã .Ele também ficou furioso com o que aconteceu. Não vai mais acontecer.
Amélie piscou algumas vezes, surpresa.
— O senhor Alonso ficou sabendo, aí..por Deus, isso vai causar problemas.
Estefano assentiu.
— Ele prometeu que nada parecido voltará a acontecer.
— Obrigado senhor, mas isso não me parece uma verdade.
— Amélie, por favor, tens a minha palavra. Não hesite em me procurar.
Amélie assentiu mesmo não acreditando nas palavras dele, ela sabia que Estefano não sabia o mostro que Francesca de Cavalcante era.
— Senhor Estefano, por favor, já me sinto melhor, me dê permissão para sair.
Estefano suspirou pesado, não a queira longe dele.
— Você não precisa da minha permissão Amélie, pode ir e vir quando quiser em meus aposentos.
Amélie sentiu um frio percorrer seu corpo.
— Ah..senhor, é...o-obrigada— gaguejou sem jeito com as palavras dele e saiu do quarto quase correndo.