O dia estava abafado. O ar-condicionado da sala de aula m*l vencia o calor que se acumulava entre as paredes. Mas o verdadeiro fogo vinha de outro lugar do silêncio carregado de expectativa entre Kira e Luís.
A turma já havia saído, aos poucos. Um a um, os alunos recolheram suas mochilas, deram "tchau" ao professor e desapareceram pelos corredores. Kira, como sempre, permaneceu.
Ela fingia revisar anotações. Mas a verdade era que esperava por aquele momento. E Luís, fingindo arrumar seus papéis, esperava também.
A última aluna bateu a porta ao sair. O clique do trinco soou como o disparo de uma arma invisível. Luís ergueu os olhos devagar. Kira já o observava. Em silêncio. Seus olhos castanhos ardiam de desejo.
Ele largou os papéis sobre a mesa.
Ela se levantou lentamente, caminhando até ele, os saltos tocando o chão de forma ritmada, como uma batida cardíaca prestes a explodir.
Ficaram frente a frente.
— Trancou a porta? ela perguntou, num sussurro.
Luís não respondeu. Apenas caminhou até a entrada e girou a chave. O barulho do trinco girando ecoou como o som da rendição.
Quando ele se virou, Kira já estava ali. Puxou-o pela camisa, com força e fome, e colou seus lábios aos dele. O beijo foi urgente, explosivo. Nada de doçura ou hesitação era desejo puro, acumulado, sufocado por dias, agora explodindo como um incêndio.
As mãos dele deslizaram pela cintura dela, puxando-a contra seu corpo com força. Ela gemia entre os beijos, como se tivesse esperado por aquilo a vida inteira. Os corpos se ajustaram como peças que sempre souberam onde encaixar.
Luís a ergueu e a sentou sobre a mesa, afastando livros e cadernos como se nada mais importasse.
— Você tem ideia do que está fazendo comigo? — ele murmurou contra o pescoço dela, beijando com fúria e precisão.
— Tenho. E você adora. ela respondeu, puxando sua camisa para fora da calça.
As mãos de Kira deslizavam pelo peito dele, sentindo os músculos sob o tecido. Luís segurava suas coxas com força, abrindo espaço entre as pernas dela. Ela gemeu quando sentiu a rigidez dele pressionando-a por cima da calça. O contato bastava para deixá-la em combustão.
Ele mordeu de leve o lóbulo da orelha dela.
— Se alguém entrar...
— Que entre. ela sussurrou, cravando as unhas em suas costas.
Mas ninguém entrou.
Só havia os dois. Os gemidos abafados. Os beijos desesperados. O som de roupas sendo puxadas às pressas, de respirações entrecortadas, da pele colando na pele.
Naquela mesa, a linha entre o certo e o errado desapareceu. Restaram apenas dois corpos se encontrando em um frenesi proibido, selvagem, memorável.
Quando o silêncio voltou, os dois estavam ofegantes, ainda colados um ao outro. Luís encostou a testa na dela, fechando os olhos, tentando controlar o coração acelerado.
— Isso não pode continuar... disse, sem convicção.
— Já começou. Kira respondeu, com um sorriso preguiçoso nos lábios.
Ele a olhou por um instante. Sabia que ela estava certa. E pior: não queria que parasse.
Levantou-se, recompôs a roupa, e ajudou-a a descer da mesa. Ela ajeitou o cabelo, passou os dedos nos lábios ainda vermelhos, pegou a mochila e caminhou até a porta.
Antes de sair, virou-se para ele:
— Agora você vai fingir que nada aconteceu?
Luís a observou por um momento e sorriu de lado.
— Não. Agora vou esperar ansiosamente pela próxima vez.
Kira saiu. O clique da porta ao fechar soou como um selo. Estava feito. O professor e a aluna haviam ultrapassado a linha. E sabiam que, dali em diante, não haveria volta.