Abri a cortina do meu quarto lentamente, observando meu irmão entrando naquela floresta para um motivo desconhecido para mim. Assim que ele sumiu da minha visão sai correndo do meu quarto e desci as escadas, parei em frente a porta e lentamente girei a maçaneta da porta.
Quando finalmente sai da casa e fiquei no sol, foi impossível abrir meu olho, pois ele ardia muito e tirando o fato, que tinha a leve sensação de que minha pele estava sendo queimada. Voltei para dentro de olhos fechados e quando finalmente abri-os, não tive nenhum problema.
— Mas que p***a está acontecendo comigo? — Resmunguei olhando para fora querendo sair e muito. — Isso que dá ficar presa sem sair no sol nenhuma vez. — Segurei o meu colar sentindo-o frio, totalmente diferente de antes. — Essa casa é amaldiçoada!
Aproximei-me da porta para fechá-la, mas antes de chegar perto, ela se fechou sozinha automaticamente, fazendo-me dar um passo para trás assustada.
— E eu não acredito que estou aqui sozinha! — Murmurei para mim mesmo olhando em volta, parando o meu olhar no quadro dos dois meninos vampiros.
Fiquei em frente a ele e apenas por curiosidade, peguei-o para ver o que estava escrito atrás, mas não havia nada, apenas uma gota de sangue fresco escorrendo. Coloquei o quadro no lugar, levando minha mão ao nariz, percebendo que o sangue que havia pingando era dele.
— Tá repreendido! — Exclamei cambaleando para trás ao ver o chão soltar-se como uma pele, olhei em volta e todo o lugar estava da mesma maneira.
De repente o chão em meus pés sumiu e eu caí em uma escuridão enorme. Fechei os olhos e apertei minhas mãos no colar com medo, quando como mágica, meus pés estavam em um lugar sólido. Abri meus olhos lentamente, percebendo que tudo a minha volta estava igual aos filmes antigos. Mulheres com aqueles espartilhos apertados nos bustos, cavalos, homens com roupas antigas, casas antigas, tudo completamente antigo.
"— Está tudo bem? — Uma voz soou ao meu lado e eu dei um pulo para trás, sentindo duas fortes mãos em minha cintura. — Sou nenhum monstro não! — Olhei o rosto do indivíduo, reconhecendo-o no mesmo instante. — Você está muito pálida, tem comido direito?
— J-Johen? — Indaguei e ele sorriu surpreso concordando, enquanto me soltava. Desci meu olhar para o meu corpo, vendo-me dentro daqueles vestidos completamente apertados e nem estava me incomodando como imaginava.
— Majestade?! — Um homem veio em minha direção realizando uma reverência. — Perdão, eu te confundi novamente com a sua mãe!
— Hmm ... Não tem problema não! — Exclamei totalmente confusa com o que estava acontecendo a minha volta.
— Filha! — Escutei uma voz que fez todo os meus pelos se arrepiarem, fazendo-me virar no mesmo momento. — Já lhe disse para não se afastar de mim assim?
— Mamãe? — Meus olhos começaram a marejar e eu fui em sua direção, abraçando-a fortemente. — Eu senti tanto a sua falta!
— Está tudo bem? — Passou a mão em meus cabelos e eu assenti, separando o abraço olhando para o lado, percebendo que o Johen e o Kain estavam parados olhando em minha direção. — Não olhe para eles, lembra do que combinamos? Fiquei o máximo possível longe deles! Eles não são pessoas para você se relacionar e muito menos chegar perto! — Concordei novamente completamente confusa.
— Como a senhora sabe disso? — Indaguei e ela engoliu o seco, olhando para eles, fazendo com que eles abaixassem o olhar e saíssem lentamente. — Mamãe, o que realmente está acontecendo comigo?
— Nada, você está completamente saudável, porém ainda não tem as respostas necessárias! — Ela disse e eu olhei para ela surpresa."
Tudo a minha volta começou a sumir da mesma maneira que antes e novamente eu caí na escuridão absoluta. Quando abri meus olhos, eu estava na sala de estar olhando fixamente para a pintura deles.
— O que você está olhando? — A voz do meu irmão soou na casa novamente. — Assustador eles né? Tem uma lenda de dois irmãos vampiros que matava várias pessoas sugando até a última gota do sangue de suas vítimas, mas após descobrirem a verdadeira natureza deles, eles sumiram como mágica!
— E se isso for verdade? — Olhei para ele seriamente, recebendo uma risada gostosa dele. — E se essa lenda for realmente verdadeira?
— Lendas são histórias inventadas por pessoas atoas para assustar crianças bagunceiras. — Ele disse se aproximando de mim segurando meu rosto entre suas mãos.
— Lendas... São fatos que ocorrerem realmente antigamente e que as pessoas usaram esse termo para relatar esses fatos sobrenaturais ou misteriosos, mas com o passar dos anos, as pessoas modificaram-nas através de suas imaginações! — Exclamei e ele ficou totalmente sério.
— Parece que alguém andou fazendo seu dever de casa. — Ele disse rindo depositando um selar em minha testa. — Pense muito sobre isso não!
— Eu não consegui sair hoje ... — Encarei-o fixamente, percebendo que o seu corpo ficou todo rígido.
— Você saiu de casa? Pisou o pé lá fora? — Indagou ele e eu assenti, vendo-o abrir a boca e se afastar de mim, subindo as escadas correndo.
— Suno! — Chamei por ele, mas fui ignorada e sua atitude só aumentou ainda mais as perguntas em minha mente e a confusão em meu peito.
Depois que meu irmão sumiu completamente assim que eu disse que saí de casa, eu não o encontrei nos cômodos que eu conhecia e que tive coragem de entrar.
Eu queria saber mais, mais sobre a verdade dos meninos, a verdade daquele caminho que sempre aparece, a verdade dessas coisas viver sempre me assombrando tanto de dia quanto de noite, porém eu não sabia onde encontrar tais respostas complexas.
— Será que tudo isso existe ou eu estou em coma sonhando com tais coisas assustadoras? — Indaguei para mim mesmo, parando em frente a uma janela, olhando lá para fora. — Por que eu não consegui pisar o pé fora dessa casa? Eu vou ficar doida assim!
Desviei o meu olhar para o corredor, segurando um grito que quis sair dos meus lábios, ao ver uma silhueta feminina vir em minha direção, mas sem olhar em meus olhos.
Encostei na parede contendo os meus batimentos cardíacos, assim que ela parou próximo de mim. Queria gritar, gritar muito alto, mas algo dentro de mim me dizia que se eu gritasse ou corresse não iria dar muito certo para mim.
— S-Siga-me! — Ela disse segurando em meu pulso com suas mãos gélidas, puxando-me para o corredor em que a luz não funcionava. — N-Não diga nada... Apenas me s-siga.
Adentramos o corredor que estava mais escuro e assustador que o normal. Olhava para trás a todo instante percebendo que eu estava ficando cada vez mais longe da claridade e minha visão estava completamente normal mesmo na escuridão que aumentava a cada passo meu.
Ela parou de andar assim que ficou na frente do último quarto do corredor e a porta se abriu lentamente com aquele ranger sinistro típico. Dei um passo para trás, mas sua mão em meu pulso apertou-me ainda mais e ela adentrou o quarto junto comigo.
— S-Seu quarto... N-Nosso quarto! — Ela disse e eu senti as lágrimas de puro medo descer pelo o meu rosto. — V-Você é... V-Você é... — Engoli o seco pelo simples fato dela não ter terminado sua frase.
— Por que nosso quarto? — Indaguei afastando-me dela lentamente, vendo-a erguer sua cabeça em minha direção. — SUNO! — Gritei pelo o meu irmão arrepiada de medo, pois o seu rosto era exatamente igual ao meu.
— E-Ele não virá te ajudar... — Ela disse dando um passo em minha direção, e eu com medo, um para trás. — N-Ninguém virá... N-Ninguém gosta de nós!
— JOHEN! — Gritei pelo a pessoa que me salvou duas vezes dessas assombrações.
— M-Muito menos ele... S-Só querer seu doce sangue! — Ela disse encostando sua mão em meu rosto, fazendo-me fechar os olhos. — V-Você é muito inocente... I-Igual a mim antigamente!
— Eu não sou você! — Empurrei-a para longe e corri em direção a porta, mas ela estava trancada. — Me deixe sair daqui AGORA! — Fui lançada contra o guarda roupa.
— N-NÃO GRITE! — Ela estava em minha frente com uma expressão de fúria.
— O que você quer de mim? — Comecei a chorar sentindo minha cabeça latejar e algo quente descer pela minha testa. Havia machucado minha testa. — Se quer só me amedrontar, já conseguiu agora deixe-me ir!
Ela se agachou em minha frente e de maneira nojenta e macabra, colocou sua língua para fora, lambendo o sangue da minha testa, fazendo-me fechar os olhos e gemer de nojo.
— E-Eles estão atrás de você! — Ela disse olhando em meus olhos, fazendo com que os meus ficassem com uma leve penumbra. — F-Fique viva, p-por favor! — Minha visão se escureceu completamente e eu desmaiei na frente dela.
"Desculpe-me, não posso mais ficar lhe proteger, não tenho mais as forças necessárias para tal ato."
Abri meus olhos lentamente, percebendo que eu estava em meu quarto e já era de noite. Levantei-me rapidamente e caminhei em direção ao interruptor para ligar a luz, mas aparentava que a luz havia acabado.
— Suno! — Chamei pelo o meu irmão, criando coragem para abrir a porta e ir correndo para o seu quarto naquele escuro.
Coloquei a mão na maçaneta e escutei algo raspando na janela, virei o meu rosto lentamente, encontrando dois pares de olhos cinzas avermelhados fixados em mim. Abri a porta rapidamente, ficando no escuro absoluto.
— SUNO! — Gritei pelo o meu irmão e comecei a corre no meio daquele escuro absoluto, sem topar em nada no caminho, como se eu já conhecesse o lugar. — SUNO!
— SE ESCONDE! — Escutei a sua voz no andar de baixo e rapidamente desci as escadas com as mãos no corrimão.
Entrei na cozinha o único lugar que havia algum índice de luz, encontrando-o com um grimório em sua mão, recitando alguma coisa em outro idioma, quando algo quebrou a janela e veio em minha direção ignorando-o, mas antes de se aproximar de mim, queimou.
— O que é isso?! — Indaguei e ele colocou o grimório em cima da mesa e veio em minha direção abraçando-me ao perceber que eu havia começado a chorar. — O que você está fazendo? — Ouvi um uivo altíssimo próximo da casa. — O que está acontecendo?
— Preste atenção no que vou dizer, você vai sair da casa correndo e se esconder, não importe o que aconteça, não olhe para trás apenas corra. — Ele disse em meu ouvido, apertando o abraço. — Só fique segura!
— E você? Que coisas são essas? — Indaguei tentando processar o que estava acontecendo a minha volta, mas nada tinha sentindo. — Suno, estou com medo! — Ele separou o abraço e olhou em meus olhos com os seus marejados.
— Lembra do que eu sempre te digo? — Exclamou com a sua voz fraca, mostrando que queria chorar. — Eu sempre irei te proteger, não importe o que eu tenha que fazer, então não tema... Eu te amo!
— Também te amo! — Escutei passos pesados no andar de cima e ele olhou para cima assustado.
— Corra, apenas corra! — Ele disse depositando um selar em minha testa, apontando para a janela quebrada. Corri na direção dela e com a sua ajuda consegui atravessá-la em segurança.
Do lado de fora, com a lua iluminando tudo com o seu azul assustador, como prometi ao meu irmão, comecei a correr em direção ao tal caminho que sempre aparecia anoite, sem olhar para trás ou muito menos para outro canto.
Havia algo além dele que eu queria descobrir, algo que com certeza iria me proteger, não sabia como, mas essa sensação deste o primeiro dia que eu cheguei nessa casa, tem aumentado a cada segundo e naquela noite se tornou maior do que qualquer sentindo meu.