Adentrei o caminho correndo desesperadamente, acabando tropeçando em meus próprios pés. Olhei para trás, vendo as mesmas coisas que estava na minha janela no início do caminho, mas não passavam dele, como se não pudesse atravessá-lo.
Levantei-me rapidamente e continuei correndo, avistando uma casa bem na frente. Quando estava próxima dela, meus pés pararam ao ver a porta se abrindo lentamente. Preparei-me para voltar correndo de onde eu tinha vindo, mas o caminho tinha sumido completamente.
De dentro da casa saíram duas silhuetas masculinas e assim que elas entraram na luz da lua, reconheci no mesmo instante que era os irmãos vampiros, Kain e Johen.
Engoli o seco e virei-me para correr, mas acabei tropeçando em algo. Olhei para as minhas vestes, vendo-me em um vestido antigo vermelho totalmente justo.
— Que bela ovelha! — Kain apareceu ao meu lado e segurou meu braço, levantando-me do chão rapidamente. Segurei a barra do vestido e comecei a dar passos para trás, arrancando uma risada dele. — Ela parece aquela filha da nossa mãe adotiva não é mesmo, Johen?
— Um pouco! — Ele disse olhando para mim fixamente. — Mas só tem um jeito de descobrir se é mesmo... — Soltou uma risada maléfica e eu comecei a correr pela a floresta com a barra do vestido nas mãos em busca do caminho que me levasse ao meu irmão novamente. — RECOMENDARIA NÃO IR POR AÍ.
Ignorei o seu comentário e continuei correndo, sendo arranhada pelo os galhos secos das árvores que até as vezes impossibilitava minha visão. Estava completamente sem senso de direção.
Tropecei em uma raiz enorme indo pela a terceira vez no dia para o chão. Olhei em volta pela a primeira vez deste que eu adentrei a tal floresta e engoli o seco por ela ser extremamente assustadora.
Tentei levantar-me, mas algo estava segurando o meu tornozelo, olhei para baixo encontrando uma enorme cobra enrolada nele. Soltei um grito tentando me afastar dela e ela como resposta, apertava-me ainda mais.
— Suno! — Chamei pelo o meu irmão entre os choros, assim que ela virou o seu rosto em minha direção. — Johen... — Como mágica ela soltou-se de mim e sumiu entre as árvores, foi justamente no momento em que algo agarrou o meu vestido e me levantou no ar, tirando-me da floresta.
Não gritei, nem esperneei, afinal eu após ver aquela cobra não queria ficar nenhum minuto a mais naquela floresta e nem encontrar os outros animais assustadores nela. Bruscamente fui solta um pouco próxima do chão em frente aos meninos que me olhavam com um sorriso lerdo em seus lábios.
— Como ela entrou aqui? — Uma espécie de águia que pairava ao lado do Johen, transformou-se em uma bela mulher. — Se mantiverem ela viva aqui, tenham em mente que não vou ajudar vocês a cuidar dela.
— Já fez o suficiente a tirando da floresta. — Johen sorriu de maneira doce para e ela se transformou novamente em águia e sumiu no céu. — Escutei você me chamando, como me conhece?
— Me deixa sair daqui que eu te conto! — Exclamei levantando-me com um pouco de dificuldade dando um passo para trás por estar machucada.
— Quando você descobrir como sair daqui me fale! — Kain disse dando uma risada irônica aproximando-se de mim. — Sabe o que somos? — Ficou frente a frente comigo.
— Vampiros que matam pessoas apenas por diversão. — Respondi-o e ele me olhou surpreso, mas logo o seu olhar se tornou assustado ao encarar meu colar. — Vai me matar também? Talvez vocês consigam sair daqui quando se tornarem pes... Vampiros melhores!
— Estamos aqui a séculos e não será uma intrusa que nos dirá o que temos que fazer. — Johen disse se aproximando de mim, mas dando um passo para trás ao encarar meu colar. — Por acaso... Você sabe a sua verdadeira natureza?
— Sou humana! — Soltei uma risada fraca e eles se entreolharam, soltando um longo suspiro. — Minha mãe é humana, meu pai também e meu irmão, então eu também sou.
— Isso é o que eles querem que você acredite! — Ele disse mordendo seu lábio inferior. — Nunca estranhou você e sua fraqueza em relação ao sol, principalmente após completar seus dezoito anos?
— Poupe-me desses papinhos de vampiros para fazer pessoa dormir. — Resmunguei e passei por eles indo em direção a casa deles. Adentrei a casa percebendo que ela era um pouco semelhante que a onde eu estava.
Comecei a sentir a marca em minha barriga começa a arder de uma maneira inimaginável. Apoiei-me no sofá colocando a mão no lugar, fechando os olhos com força.
— Mas... — Encarei minha mão percebendo que ela estava manchada com o meu próprio sangue.
Lentamente minha visão se escureceu e a única coisa que eu me lembro, foi que antes de eu cair no chão, Johen segurou-me fortemente e pegou-me no colo.
Abri meus olhos lentamente encarando o teto do cômodo em que eu estava. Olhei para o lado e contemplei uma enorme cobra ao meu lado olhando fixamente para mim. Segurei o grito que queria sair dos meus lábios para não a assustar e receber uma picada dela.
Movi-me lentamente para a borda da cama, mas ela mostrou as suas presas para mim sibilando fazendo-me parar no mesmo instante com meus olhos marejados. Criei uma pitada de coragem e ergui minha mão em sua direção e ela realizou o mesmo gesto que antes, mas logo encostou sua cabeça em minha mão.
Afastei minha mão lentamente e a cobra transformou-se em um homem lindo, assustando-me e fazendo-me ir para o lado caindo com tudo no chão.
— Finalmente acordou! — Ele disse ajudando-me a levantar do chão, colocando-me sentada na cama novamente. — Bebe, você deve estar fraca. — Pegou uma taça e enquanto eu me sentava na cama, entregou-me.
— Isso é sangue, eu não bebo sangue! — Resmunguei encarando o líquido dentro, mas minha garganta queria muito ser umedecida por ela. — O que eles fizeram comigo? — Coloquei a taça no criado-mudo recusando-me a beber.
— Eles lhe ajudaram na realidade, retirando isso do seu corpo. — Ergueu seus dedos, mostrando-me um anel entre eles. — Isso está aprisionando seu sobrenaturalismo!
— Meu o que? Acho que está enganado, eu sou humana, vampiros não existe e eu estou presa em um pesadelo. — Sorri fraco tentando raciocinar tudo à minha volta.
— Olha para a sua direita! — Ele disse apontando para o meu lado. Engoli o seco e virei o meu rosto lentamente, perdendo completamente as minhas palavras ao me encarar no espelho. Meus olhos estavam vermelhos e minhas presas estavam enormes. — Eu sou seu guardião até os fins dos seus dias. Estava esperando o seu despertar!
— Isso é impossível! — Levantei-me da cama indo na direção do espelho, percebendo que meus cabelos estavam maiores e negros, os meus arranhões que eu fiz na floresta haviam sumido. — O que eu sou realmente? Por que meus familiares esconderam isso de mim?
— Acho melhor você se sentar, pois a história é muito longa e um pouco complexa, tirando o fato de ser bem surpreendente. — Ele disse olhando para mim através do espelho. Assenti em resposta, sentando-me na cama de frente para ele. — Vou começar pelo o mais importante enquanto os meninos estão fora, você sabe que uma maldição foi lançada neles, aprisionando-os nessa casa por todos esses séculos? — Assenti novamente. — Quem lançou a maldição foi a sua mãe naquela época com uma feiticeira poderosíssima. Sua mãe era a majestade daquela época. O motivo da maldição, foi por que eles mataram você!
— Eu? — Exclamei confusa e ela assentiu. Lembrei em seguida do diário do Johen que eu havia lido e encontrado o colar. — Eu fui a menina que foi na casa deles mesmo sabendo dos segredos obscuros deles, eles beberam uma taça do meu sangue e o Kain matou-me!
— Exatamente! — Sorriu para mim. — Sua mãe ao encontrar eles escondendo seu corpo, ficou extremamente furiosa e pela primeira vez eles viram-na em sua verdadeira forma sobrenatural de vampiro.
— Por que exatamente eu estou aqui? E por que aquelas coisas e os fantasmas me perturbavam? — Indaguei e ele parou para pensar.
— Te perturbando?! Não, elas estavam querendo se comunicar com você graças ao dom que herdou do seu pai. Ele era um caçador com alguns poderes que nem as pessoas mais inteligentes da época conseguiram explicar. — Ele me respondeu com a maior calma do mundo, enquanto eu desmentia a sua fala mentalmente. — Aquelas coisas que viu na sua casa são mensageiros da morte que estão atrás de você à mandado de outra pessoa, e o motivo de estar aqui é por que a feiticeira que selou-os aqui brincou com o seu futuro, pois quando jogaram a maldição, as seguintes palavras foram ditas "Tudo será cancelado quando ambos aprenderem a dar valor a vida dos humanos ou qualquer outra foram de vida, porém para ser completamente cancela, um deles deverá se apaixonar e confessar seus verdadeiros sentimentos" e adivinha?
— Eu sou essa garota! — Resmunguei e ele concordou comigo. — Minha vida inteira foi uma mentira... Eu vivi toda a minha vida em uma mentira absoluta.
— Eles tiveram os seus motivos, mesmo que sua mãe não tenha me dado mais explicações que essa, alegando que você que queria que descobrir por si mesmo, mas eu prometo que lhe ajudarei a encontrar a respostas das suas dúvidas e espero que tenha saciado algumas delas. — Pegou em minhas mãos e olhou em meus olhos. — Me chamo Hak Kun, agora bebe! — Entregou-me novamente a taça.
— E sobre esse anel e o colar? — Indaguei dando um gole no sangue, sentindo-o descer pela minha garganta, saciando totalmente a minha sede e não causando-me nenhum tipo de náusea.
— Eles representam a sua realeza, resumindo, mesmo isso não existir mais se os vampiros ou qualquer outro ser sobrenatural ver essas joias irá reconhecer a sua realeza e irá lhe respeita devidamente. — Ele me respondeu e eu olhei-o incrédula. — Por isso que os dois vampiros estavam olhando a todo instante para o seu colar.
— Interessante! — Sorri maliciosamente e ele gargalhou pegando a taça das minhas mãos.
— Se prepare, pois eu sinto que coisas maiores virão pela frente. — Saiu do quarto e eu soltei um longo suspiro, deitando-me na cama, passando os dedos no canto da minha boca encarando o sangue neles.
— Por isso que a senhora sempre me colocava para assistir filmes e séries sobrenaturais, mãe! — Soltei uma risada fraca fechando os olhos. — Vampira... Parece que eu estou dentro de uma série.