Já era a noite, de mais um dia naquela casa completamente assombrada por espíritos que não queriam a gente ali e de dois meninos serial killer de mulheres antigamente.
Sai da banheira, enrolando-me em uma toalha e aproximando-me do espelho passando a mão nele para tirar o embaçado que tinha nele, enquanto enrolava uma toalha em meus cabelos úmidos.
Meu olhar estava fixo no chão quando eu ouço batidas em um vidro. Olhei lentamente para a janela não vendo ninguém, porém o barulho continuava. Ergui minha cabeça, cambaleando para trás rapidamente ao ver meu reflexo no espelho com roupas bem antigas. Realizei movimentos com a cabeça e para aumentar meu medo meu suposto reflexo não os seguiu como deveria fazer.
Escorada na porta, tateei pela maçaneta percebendo que a expressão do meu reflexo antigo começou a mudar lentamente. Finalmente eu achei, mas assim que fui girar a expressão dela se tornou em algo bem assustador e duas mãos vieram em minha direção puxando o meu rosto contra o espelho. A única coisa que eu vi e ouvi foi um grito agudo dela e um brilho estranho vindo do meu colar.
Cai no chão sentindo sangue meu descendo pela minha testa e percebendo a porta do banheiro sendo aberta pelo o meu irmão com certeza preocupado.
— Seina! — Ele veio em minha direção para me ajudar a levantar, mas eu empurrei-o para o lado. Levantei com o auxílio da parede conseguindo recuar lentamente os meus sentidos que havia perdido pelo choque. — Que marca é essa em sua barriga?
Olhei para baixo percebendo que minha toalha estava no chão e eu completamente nua em sua frente. Peguei-a do chão e enrolei no meu corpo novamente saindo do quarto em passos rápidos, sentindo suas mãos em meu pulso e a toalha sendo puxada do meu corpo.
— Me responde, como conseguiu essa marca? — Ele indagou com mais vocação em sua voz.
— Me deixa em paz! — Exclamei fraca e peguei a toalha das suas mãos, tampando-me. — Pode ir tomar banho.
— HANGY SEINA! — Chamou meu nome completo assim que eu fiz menção que ia para o meu quarto.
— QUE FOI? ISSO NÃO É NADA! SE EU TE CONTAR O QUE REALMENTE ACONTECEU VOCÊ NÃO ACREDITARIA EM MIM. — Gritei sentindo um leve tremor no piso. — AGORA ME DEIXA QUIETA! — Seu olhar que antes era de raiva se tornou em um mais assustado, fixando-se atrás de mim.
Virei-me e segui meu caminho para o meu quarto, estranhando como a sua expressão mudou de uma hora para a outra.
Estava quase adormecendo, assim que a dor em minha testa se cessou quando eu sinto a cama ao meu lado se afundar. Sentei na cama rapidamente encontrando o meu irmão deitado ao meu lado.
— É somente eu ... — Ele disse puxando-me para deitar ao seu lado novamente. — Somente o seu i*****l do seu irmão que pensa que irá te proteger para sempre. Desculpa pelo o tapa e pela as palavras tão duras que eu estou te dizendo esses dias!
— Só dorme! — Exclamei olhando para o canto escuro do quarto encontrando uma silhueta virada em nossa direção. — Dormir é a melhor opção para se esquecer tudo isso. — Fechei os olhos ao ver ela se movimentar lentamente para o outro rumo ao diário em cima da cômoda.
— Esquecer o que exatamente? — Indagou ele abraçando minhas costas enquanto acariciava meus cabelos lentamente.
— Tudo ... Tudo que anda te afligindo e tudo que anda me assombrando todos os dias e todas as noites enquanto estou acordada ou dormindo. — Sussurrei para mim mesmo na esperança de ele não ter ouvido nada.
— Eu te entendo! — Ele disse em um sussurro completamente baixo e para minha infelicidade ele ouviu o que eu disse e para deixar-me ainda mais confusa eu ouvi o que ele disse perfeitamente.
No meio da noite sou desperta com algo se quebrando ao meu lado. Abri meus olhos lentamente, percebendo que a janela que antes estava trancada e fechada, se encontrava aberta deixando com que a luz da lua iluminasse o meu quarto. Olhei para o meu lado, encontrando o meu irmão dormindo tranquila.
Sentei-me na cama olhando para o chão, vendo uma espécie de jarro quebrado no chão e dele escorria um líquido vermelho com um forte ordo. Não era sangue pois o cheiro era insuportável.
— O que vocês realmente querem de mim? — Indaguei olhando em volta, perguntando-me de onde tirei tanta coragem assim.
O colar em meu pescoço começou a se levitar e brutalmente fui puxada para fora da cama. Levantei-me e novamente ele começou a flutuar, puxando-me em direção a janela aberta.
Engoli o seco e me arrependi de ter perguntando o que eles queriam de mim, assim que a brisa fria da noite assustadora soprou em meu rosto e o caminho se encontrava mais claro e mais nítido aos meus olhos.
— Eu não irei para lá! — Exclamei ouvindo a madeira se ranger atrás de mim e uma respiração fria bater em minha nuca. — Vocês nem existem, não sei para quer isso tudo.
— É você que não existe ... Isso tudo a sua volta é somente uma farsa, uma maneira de você fugir da sua verdadeira realidade e natureza. — Uma voz soou perto do meu ouvido. — Quando você encontrar a verdade de tudo, perceberá que eu não estou mentindo. — Duas mãos foram postas em minhas costas e antes que eu pudesse reagir, me empurraram para fora da janela. Segurava-me em um buraco que tinha embaixo da janela.
De dentro do quarto escutei um rugido assustador e em seguida choros, quando o Johen, o mesmo menino do quadro, dos meus sonhos e da minha ilusão, apareceu com seus olhos vermelhos e suas presas enormes.
— Segure em minha mão! — Esticou-a para mim e eu recusei, vendo-o revirar os olhos. — Só quero pagar minha dívida e acabar com o meu remorso por tudo, então aceite enquanto estou sendo bom contigo. — Segurei em sua mão e em um gesto rápido ele me puxou com força para cima.
Encostei minha costa na parede, olhando em volta, não encontrando nada. Nenhum fantasma, nada do Johen, somente meu irmão levantando-se da cama e acendendo a luz, correndo em minha direção.
De que dívida ele está falando? E por que ele quer me proteger dessas coisas que me assombram? Por que está tudo sem lógica, sem coerência? Quando é que eu vou encontrar a resposta das minhas milhares de pergunta? Será que elas estão naquele caminho?