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656 Words
Jason Brown Meu sonho de montar minha própria confeitaria pode parecer impossível, mas tenho certeza que um dia irei conseguir realizar. O gosto por esse ramo, eu herdei da minha falecida mãe e que me faz tanta falta e ainda fere meu coração com sua ausência recente. Mas eu prometi que iria dar esse orgulho a ela um dia e não importa se dedicarei isso a uma estrela no céu. A minha mãe foi a pessoa que mais me incentivava a correr atrás daquilo que eu queria, mas também, era só eu e ela. Ela não merecia sofrer tanto antes de morrer, tentei a dar uma morte menos turbulenta estando ali ao seu lado para tudo, porém não foi suficiente, o que mais me destrói é ainda não saber a causa da sua morte. Maldito mistério. Não tenho nem o que culpar para lidar com a dor da perda. Terminando de colocar os pudins nas forminhas, levo ao forno já aquecido e vejo na panela se a manteiga já está derretida para jogar o leite condensado e assim, preparar os brigadeiros para vender na vizinhança. Se eu dissesse que não estou me sentindo bem fazendo aquilo que eu gosto, estaria mentindo f**o. Além de prazeroso, tem sido uma grande e inestimável terapia. Eu até consegui um emprego como contador, que é no que eu sou formado, minha mãe ainda estava aqui, no entanto, não foi suficiente para suprir as necessidades e ainda por cima, fui mandado embora sem justa causa. Outra coisa não entendo. De uns tempos para cá tem dado tantas coisas erradas em minha vida. Finalizando o brigadeiro, desligo o fogo e vou servi-lo na travessa para levá-lo a geladeira para esfriar. Feito, retiro as luvas e toca, marcando no relógio os 15 minutos para o pudim ficar pronto. Então sigo para fora de casa, indo até o pé de pimenta que minha mãe plantou em frente de casa. Me agacho e colho um pequeno raminho, trazendo próximo ao nariz e inalando o cheiro que me leva a ontem de noite. — Eu não quero. Gosto da quentura que o inferno pode nos proporcionar. Involuntariamente, sorrio. Que morena maluca. — Jason? Saio dos devaneios e me coloco de pé. — Senhora Dandara, boa noite. Em que posso ajudá-la? — Meus netos estão viciados em seus bolinhos no pote, me diz que tem uns 10 para vender? _Ela semicerrou os olhos, quase implorando para que eu desse um sim. Sorrio, gentilmente. — Tenho somente 8. Se a senhora tivesse vindo mais cedo, eu teria guardado os outros dois. _Coço a testa. — Pelo visto as vendas vão muito bem, obrigada. _Ela riu. — Realmente, eu não posso reclamar. _Sou honesto. — Você é um homem de ouro, prevejo coisas surpreendentes na sua vida. _Me analisou, certamente fazendo sua leitura espiritual. — Se quiser eu posso jogar os búzios para você? — Fico imensamente agradecido, mas eu não acredito nisso. _Recuso. — Me dá aqui sua mãe, por favor. _Estendeu a sua, educadamente eu respirei fundo e a entreguei a mão esquerda. Ela passou a sua pela minha palma e a olhou com curiosidade. — Sua vida é longa. _Contou. — Eu nunca vi tanta pureza na vida de um homem quanto tem na sua. _Ela sorriu para mim, como se adivinhasse tantas coisas ao meu respeito. — Você passará por momentos difíceis e tem alguém chegando em sua vida para balançar seu coração bondoso. _Tornou a avaliar minha mão, a acariciando. — Muitas coisas da qual você tanto almeja, chegara em sua vida de enxurradas. _Revelou impressionada e eu balancei a cabeça. — Não confie em todo mundo, Jason. _Alertou com seriedade. — Você será alvo de um plano de ex... Corto-a. — O Pudim... Me desculpa. _Corro para dentro de casa, pegando um garfo e abrindo o forno para ver se o pudim está no ponto. Torrar dinheiro, não está nos meus planos.
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