Jason Brown
Meu sonho de montar minha própria confeitaria pode parecer impossível, mas tenho certeza que um dia irei conseguir realizar.
O gosto por esse ramo, eu herdei da minha falecida mãe e que me faz tanta falta e ainda fere meu coração com sua ausência recente.
Mas eu prometi que iria dar esse orgulho a ela um dia e não importa se dedicarei isso a uma estrela no céu.
A minha mãe foi a pessoa que mais me incentivava a correr atrás daquilo que eu queria, mas também, era só eu e ela. Ela não merecia sofrer tanto antes de morrer, tentei a dar uma morte menos turbulenta estando ali ao seu lado para tudo, porém não foi suficiente, o que mais me destrói é ainda não saber a causa da sua morte.
Maldito mistério.
Não tenho nem o que culpar para lidar com a dor da perda.
Terminando de colocar os pudins nas forminhas, levo ao forno já aquecido e vejo na panela se a manteiga já está derretida para jogar o leite condensado e assim, preparar os brigadeiros para vender na vizinhança.
Se eu dissesse que não estou me sentindo bem fazendo aquilo que eu gosto, estaria mentindo f**o. Além de prazeroso, tem sido uma grande e inestimável terapia.
Eu até consegui um emprego como contador, que é no que eu sou formado, minha mãe ainda estava aqui, no entanto, não foi suficiente para suprir as necessidades e ainda por cima, fui mandado embora sem justa causa. Outra coisa não entendo.
De uns tempos para cá tem dado tantas coisas erradas em minha vida.
Finalizando o brigadeiro, desligo o fogo e vou servi-lo na travessa para levá-lo a geladeira para esfriar.
Feito, retiro as luvas e toca, marcando no relógio os 15 minutos para o pudim ficar pronto. Então sigo para fora de casa, indo até o pé de pimenta que minha mãe plantou em frente de casa.
Me agacho e colho um pequeno raminho, trazendo próximo ao nariz e inalando o cheiro que me leva a ontem de noite.
— Eu não quero. Gosto da quentura que o inferno pode nos proporcionar.
Involuntariamente, sorrio.
Que morena maluca.
— Jason?
Saio dos devaneios e me coloco de pé.
— Senhora Dandara, boa noite. Em que posso ajudá-la?
— Meus netos estão viciados em seus bolinhos no pote, me diz que tem uns 10 para vender? _Ela semicerrou os olhos, quase implorando para que eu desse um sim.
Sorrio, gentilmente.
— Tenho somente 8. Se a senhora tivesse vindo mais cedo, eu teria guardado os outros dois. _Coço a testa.
— Pelo visto as vendas vão muito bem, obrigada. _Ela riu.
— Realmente, eu não posso reclamar. _Sou honesto.
— Você é um homem de ouro, prevejo coisas surpreendentes na sua vida. _Me analisou, certamente fazendo sua leitura espiritual. — Se quiser eu posso jogar os búzios para você?
— Fico imensamente agradecido, mas eu não acredito nisso. _Recuso.
— Me dá aqui sua mãe, por favor. _Estendeu a sua, educadamente eu respirei fundo e a entreguei a mão esquerda. Ela passou a sua pela minha palma e a olhou com curiosidade. — Sua vida é longa. _Contou. — Eu nunca vi tanta pureza na vida de um homem quanto tem na sua. _Ela sorriu para mim, como se adivinhasse tantas coisas ao meu respeito. — Você passará por momentos difíceis e tem alguém chegando em sua vida para balançar seu coração bondoso. _Tornou a avaliar minha mão, a acariciando. — Muitas coisas da qual você tanto almeja, chegara em sua vida de enxurradas. _Revelou impressionada e eu balancei a cabeça. — Não confie em todo mundo, Jason. _Alertou com seriedade. — Você será alvo de um plano de ex...
Corto-a.
— O Pudim... Me desculpa. _Corro para dentro de casa, pegando um garfo e abrindo o forno para ver se o pudim está no ponto.
Torrar dinheiro, não está nos meus planos.