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4350 Words
Kate Eu tenho uma paranoia. Sinto arrepios como se alguém estivesse me seguindo. Não apenas agora — por isso continuo verificando por cima do ombro. Parece que, em todo lugar onde apareço, há olhos em mim. É estranho, e não tenho como explicar. Eu simplesmente sinto. Fico alerta, prestando atenção em qualquer um que esteja onde não deveria estar ou que apareça repetidamente. Mas não há ninguém. Trabalho para os O’Rourkes há um mês. As gorjetas são melhores do que eu esperava, então isso compensa muita coisa. Não compensa alguns caras intrometidos, mas sei que posso falar com qualquer um dos seguranças ou com os próprios O’Rourkes. Também sei que Oliver lida pessoalmente com os clientes problemáticos. Os seguranças ou os O’Rourkes fazem o cara me deixar em paz por uma noite, mas Oliver garante que eles não voltem nunca mais. Isso me assustaria se eu não tivesse visto alguns desses caras tentando voltar outro dia. Sou uma boa garçonete, e sei disso. É parte do motivo pelo qual alguns homens acham que podem tocar no que não é deles. Eu sorrio, suavizo a voz, me inclino para frente. Sou rápida e precisa. Tudo isso. Isso significa que minhas gorjetas são boas e que Conor tem me dado mais turnos. Mas ele não me colocou no andar intermediário de novo quando Oliver está lá. O que é uma merda. Ele vai lá para reuniões, e pela frequência incomum — segundo as garotas daqui — ele deve estar resolvendo mais coisas do que aparenta. Aprendi com quem posso perguntar e com quem não devo. Alguns olhares tortos me ensinaram rápido o quão irlandesa uma mulher pode ser. As que levam isso a sério — evito. Tenho certeza de que suas famílias são profundamente conectadas. As que só se importam com o Dia de São Patrício — são delas que tiro informações. Como tirar água de uma pedra. E agora que já perguntei à mesma pessoa três vezes, preciso tomar cuidado para ela não desconfiar. Ficar perto de Oliver é uma tortura. Em termos de trabalho, é horrível estar tão próxima sem saber mais sobre ele. Mas, pessoalmente, é pior: estou perto o suficiente para que ele seja uma tentação constante. Ele não é o que eu pensei que fosse. Nenhum deles é. Eu não esperava estereótipos de filmes, mas achei que seriam mais ásperos na personalidade, mesmo sob os ternos de luxo. Mas não são. São como os garotos da casa ao lado. Engraçados, irônicos, vivem provocando uns aos outros. Foi horrível nas primeiras vezes em que vi o quão próximas algumas mulheres são de Oliver. Achei que uma fosse a namorada e a outra, a ex. Mas nenhuma das duas já namorou com ele. São amigas de infância. Isso me ajudou a descobrir quem é realmente conectado à máfia além do clube. Descobri também que ele tem uma política rígida de não namorar funcionárias. Isso é ótimo para minha mente ciumenta. E não deveria importar, já que estou aqui para trabalhar. Mas alivia. Eu não queria ver meus sentimentos não correspondidos sendo direcionados a outra pessoa. — Ei, Kate. Aceno para Cormac enquanto caminho até o vestiário para guardar minhas coisas. Ele e Conor foram minhas maiores surpresas. Eles são enormes, como se levantassem caminhões e comessem dez mil calorias por dia. Sei que todos eles malham duas vezes ao dia, mas Cormac e Sean são verdadeiros gigantes gentis. Educados, cuidadosos com o tamanho e a força. E muito inteligentes — dito no sotaque da Nova Inglaterra, que eu já consigo imitar depois de sete anos em New Hampshire e quatro em Boston. — Oi. Tenha cuidado quando for até o carro. Estacionei do seu lado, e tem uma faixa de gelo atrás do seu. — Você está bem? — Sim. Eu me segurei, mas achei melhor te avisar. — Danny! Pegue sal e a pá. Cuide do estacionamento… Não me importa que você esteja comendo. Vai. Agora. — Tudo bem. Isso pode esperar. — Não, não pode. Ele devia estar de olho nisso. E as outras meninas chegam em breve. Não precisamos de um processo nas nossas mãos. É fofo como nenhum deles diz “f**k” na nossa frente. Também percebi que, quando dizem, é substantivo ou adjetivo — raramente verbo. Já ouvi todos os caras usando como verbo várias vezes. Há outras pequenas coisas que fazem todos os homens — O’Rourkeou não — serem uma surpresa. A comida é fantástica, e todos nós pegamos uma refeição no fim do turno. Eu prefiro comer cedo, como os seguranças. Algumas garotas não gostam de ir trabalhar com o estômago cheio. Compreensível. Mas sempre que me aproximo de uma mesa, os caras se levantam, e um deles puxa a cadeira para mim. Se chego primeiro e me levanto, eles se levantam e alguém empurra a cadeira de volta para mim. Como se o cavalheirismo realmente não tivesse morrido. — O Oliver ainda está aqui? Preciso falar com ele. — Sim. Vou chamá-lo. Ele deve estar no escritório. Ninguém me disse que posso descer lá — exceto o próprio Oliver, uma vez. Guardo minhas coisas e volto correndo quando ele entra na sala principal. Seu olhar percorre meu corpo como sempre. Queria que isso me fizesse sentir desejada. Mas é mais como se ele estivesse verificando se eu estou apresentável para o trabalho. — Oi. Cormac disse que você queria falar comigo. — Queria. — Olho ao redor. A pergunta dele é imediata. — O que aconteceu? Pisco algumas vezes, surpresa pelo tom protetor. — Continuo sentindo que alguém está me observando. Não só aqui. Em todo lugar. Como uma segunda sombra, mas eu não vejo ninguém. Não sei se estou inventando, ou se é um dos albaneses. Ou alguém daqui. Mas a sensação só piora. — Há quanto tempo? — Uma semana e meia. Quase duas. — Você viu alguém novo aparecendo nos mesmos lugares onde você vai? — Não. Esse é o problema. Eu não vejo ninguém. Eu só sinto. — Chame isso de intuição. — Eu acredito em intuição — ele diz. Não surpreende. Ele viveu o bastante para chegar aos trinta e três. Três anos mais velho que eu. Não é uma diferença r**m, considerando que dizem que homens morrem mais jovens — assumindo que ele viva até lá. Não que isso devesse importar pra mim. Não é como se eu estivesse planejando uma vida ao lado dele. Sonhando acordada, talvez. Planejando, não. — Eu estava ignorando, mas hoje de manhã me assustou de verdade. Parecia mais perto do que nunca. Saí do prédio para ir até o carro. Senti aquilo e olhei ao redor. O prédio do outro lado da rua tem uma unidade vaga no terceiro andar. Pensei em me mudar pra lá. As persianas estavam abertas, como sempre. Olhei para os carros e não vi ninguém. Nada estranho na calçada. Só vizinhos conhecidos. Quando olhei para o prédio de novo, vi movimento na janela do apartamento vazio. Como se alguém tivesse corrido para se esconder. Conheço o zelador, então mandei mensagem. Perguntei se a unidade ainda estava vaga. Sim. Perguntei se havia visitas. Ele disse que não — só na semana que vem. Ainda não está pronta. Os donos estão de férias. Perguntei se estava em reforma. Não. Ou seja, não tinha motivo pra ninguém estar ali. E eu não disse nada porque… vai que alguém realmente estivesse lá. E fosse perigoso. O que soa ridículo. Como se eu fosse alguém que precisasse se preocupar com perseguição. — Kate, qualquer mulher deveria se preocupar com isso. Especialmente em Nova York. E você fez bem em não mandar o zelador subir. Se quiser, posso mandar um dos meus caras dar uma olhada no prédio. Ver se alguém mexeu na fechadura. — Eles não teriam como entrar. Teriam que pedir pra alguém abrir ou seguir alguém pra dentro. Ele fica em silêncio. Eu deveria entender: nenhuma dessas opções seria problema para alguém perigoso. — Eu posso ver que você não gosta da ideia — ele diz. — Posso garantir que você chegue em casa com segurança e ver se alguém te segue. Também posso garantir que ninguém esteja te observando de manhã. — Não quero colocar seus homens para fazer trabalho de babá. Ele chega mais perto, tão perto que nossos corpos quase se tocam. — Eu disse que posso garantir. Não disse que enviaria outra pessoa. Eu disse pra você vir até mim se algo acontecesse. Eu disse isso por um motivo. Se alguém está te incomodando, eu vou garantir que pare. — Oliver, isso provavelmente não é nada — — Não termina essa frase. O comando na voz dele é a coisa mais sexy que eu já ouvi. Minha calcinha — o pouco que resta dela — está encharcada. Se eu me inclinar um pouco, alguém vai ver nas minhas coxas. Ele sempre faz isso comigo. Mas agora? p***a. Minha b****a dói por ele. — Sim, senhor. Ah, merda. Eu não quis dizer isso. Não faz parte do meu jeito de falar. Ele se aproxima até nossos ombros se tocarem. — Boa garota. Não discute comigo porque eu não vou ouvir. Vou te seguir até em casa no meu carro e vou esperar por você no meu carro quando você sair amanhã. Você não vai reconhecer que eu estou lá. Vai agir normalmente. Olhar ao redor como sempre, mas nada além disso. Você vai aceitar a minha ajuda. Entendido? — Sim, senhor. Sai quase num sussurro. Tudo que eu queria era implorar. Ele recua um pouco e nossos olhos se encontram. O verde profundo nos olhos dele no meu azul escuro. Nossos filhos teriam olhos incríveis. p**a merda. Não é isso que eu deveria estar pensando. Eu deveria estar focada no fato de que eu fico uma pervertida com ele. Submissa com ele. Ele já me viu assertiva. Ele sabe que não tenho problema em dizer não. Não sou submissa por natureza — só com certos homens dominantes. Com um homem dominante específico. Eu nunca falaria assim com Conor, Sean, Cormac ou Finn. O mais novo deles, Liam, eu conheci duas semanas atrás — ele é o irmão mais velho de Conor e Sean. Ele e Oliver são inseparáveis. Mas ele não me afeta. Eles são todos alfa, mas só Oliver me faz querer ficar de joelhos, cruzar os pulsos atrás das costas e abrir a boca para chupá-lo. Agora eu estou pronta para implorar para que ele me f**a. Por favor. Ele me mantém presa no lugar com o olhar. Quando seus olhos descem por um segundo, sei que ele percebeu meus m*****s duros. Não está frio o suficiente aqui para explicar por que eles são duas pontas apontando para ele. Em um centavo, em uma libra. Ergo o olhar devagar para o chão, tentando raciocinar. Espera… ele está duro também? Como pensei na primeira noite: se aquilo é só ele andando, então ele tem uma marreta nas calças. Inferno. Eu queria descobrir se é uma britadeira. — Vá para o meu escritório quando estiver pronta para ir, cailín. Me esforço para não reagir. Garotinha. Não quero que ele saiba que falo gaélico. O meu está enferrujado às vezes, mas eu entendi perfeitamente. A pronúncia dele me diz tudo o que preciso saber. Pesquisei os O’Rourkes até a Irlanda. Condado de Leitrim, antigo reino de Connacht. A pronúncia do dialeto deles é mais suave. A minha família é do Condado de Antrim, antigo reino de Ulster. Nosso sotaque é mais cortado. Eu ergo uma sobrancelha como se estivesse perguntando o significado. Na minha cabeça, o desafio. Posso ser submissa, mas ele acha que eu sou uma “garotinha”? Definitivamente não sou. Não é minha praia ser indefesa. É a dele? Não. Eu me sinto segura com ele, cuidada, mas não é paternal no sentido infantilizado. É… protetor. Provedor. As coisas que pais deveriam ser. Não alguém para me pôr na cama com historinha. Se ele me dobrasse sobre uma mesa e me fodesse forte? Eu chamaria de papai. Mas não no sentido infantil — no sentido dominante, masculino. É isso que desperta o termo. Mas eu não acho que seja a praia dele também. Merda. Ele está esperando minha resposta, e eu voando. — Oliver, eu realmente não quero te incomodar. Isso não fazia parte dos seus planos. Eu só mencionei porque você disse para eu te contar se algum dos albaneses me incomodasse. Eu não sei se são eles. Pode ser tudo da minha cabeça. Ele estreita os olhos, levanta o queixo. Totalmente um Dom — achando que isso vai me fazer recuar. Se estivéssemos fazendo cena, funcionaria. Mas eu não vou para casa logo depois do trabalho. Preciso impedir que ele me siga. — Tenho outros planos. Não vou direto pra casa. Sua expressão escurece. Ele provavelmente acha que vou para a casa de um homem. Isso incomoda ele? — Você vai sair às quatro da manhã? — Não vou sair. Só tenho outros planos. Deixo ele fervendo nisso. Tento passar por ele, mas sua mão na minha cintura me faz congelar. Quente. Queimando. — Me diga de onde devo te seguir à tarde. Só concordo em não te seguir agora porque você não vai para um apartamento vazio. Então ele está presumindo que eu tenho um? Ou ele verificou meu endereço? — Eu vou sair do meu lugar à tarde — digo. Tenho um horário de sono ferrado. Trabalho das oito às quatro da manhã, durmo metade do dia. Ergo uma sobrancelha e olho nos olhos dele. — Você não precisa do meu endereço, precisa? A mão dele aperta minha cintura. Arrogante como sempre. Ele acha que estou indo t*****r com alguém. — Não se preocupe. Vou te encontrar. De qualquer outro, seria ameaçador. Dele… é excitante. Coloco a mão no antebraço forte dele. — Obrigada. Eu posso não achar que é um problema grande o suficiente para você lidar pessoalmente comigo, mas eu agradeço. — Sempre. O turno nunca acaba. É só uma da tarde e meus pés estão latejando. Um cara pisou no meu pé esquerdo e o direito bateu na perna de uma cadeira enquanto eu tentava evitar outro pisão. Tive que rezar para não quebrar nenhum dedo. Ele estava bêbado e irritado quando o cortei. Se levantou e tentou me empurrar. Nunca imaginei que Sean e Cormac conseguissem se mover tão rápido. No momento em que o cara levantou a voz, eles estavam empurrando as pessoas para chegar até mim. O pisão foi tudo o que o i****a conseguiu. Ele tentou dar um soco em Cormac e acabou com um soco no estômago. Os dois o arrastaram para fora, e Oliver veio me checar. Jurei que estava bem — então agora tenho que estar. Por mais que eu ame meus tênis, não posso usá-los se quero continuar me integrando e ganhando dinheiro. Reconheci um cara que apareceu há meia hora. Ele nunca imaginaria que eu trabalho aqui, então estou mantendo distância. Mas sei que ele olhou na minha direção. Qualquer sapato que não fosse salto chamaria atenção. Fiquei longe das luzes e mantive as costas viradas para ele. É por isso que a noite está se arrastando: quero que ele vá embora. Ele trabalha comigo no meu outro emprego, e não preciso que me reconheça e comece a fazer perguntas — já que ele acha que me mudei de estado. Estou de olho nele e, por isso, não percebo Oliver quando me viro. Sorte que não tenho copos na bandeja. Ele esbarra na minha barriga e depois me acerta no peito. — Você está mancando — ele acusa. — Estou bem. — Então não manque. Inspiro devagar. Meu maxilar aperta. Desvio o olhar por um instante. — Farei o meu melhor, senhor — digo, mas dessa vez o “senhor” é sarcasmo puro. — Me desculpe. Acabei de lidar com alguém irritante e descontei em você. — Você está bem? Pode pegar seu intervalo e colocar gelo nos dedos, se quiser. Não vou prejudicar meu próprio trabalho. — Obrigada. Boa ideia. Vou pegar gelo e me sentar lá no fundo. — Vai para lá, e eu levo o gelo. A ideia é você levantar o pé, não dar mais passos. Concordo e deixo a bandeja no balcão, indo para o camarim. Está barulhento — muitas garotas trocando de roupa entre apresentações. Encosto-me na parede para não atrapalhar. Stacey e Diana, garçonetes no intervalo, comem juntas no fundo. Depois que pegar o gelo, vou me juntar a elas. Molly, uma das strippers, olha para mim sem simpatia. Ela não gosta de mim — não sei por quê. Sou educada, mas m*l falei com ela. Uma batida na porta. Quando abro, Oliver está ali, escondido dos espelhos. — Fique o tempo que precisar. Mesmo se for mais que quinze minutos. — Não posso. As outras… — Eu sou o dono desse clube. Você tem o péssimo hábito de agir como se não precisasse de ninguém. Como se não merecesse nada. Pega o gelo, cailín. Só desss vez, não discuta. Eu não discuti nas duas vezes em que o chamei de “senhor”, e foram genuínas. Não acho que discutirei agora. — Obrigada. Senhor. Ele me entrega o gelo e abaixa a voz. Preciso me inclinar para ouvir. — Você deixou escapar na primeira vez. Soou certo na segunda. E zombou na terceira. Você não me deve submissão porque eu faço coisas por você. Não é por isso que eu faço. — Eu sei. Não fui sincera da última vez e queria não ter sido. Você está sendo muito legal comigo. Eu não precisava ser uma i****a. Desculpa. — Venha ao meu escritório quando estiver pronta para ir. — Eu vou. — Seguro o gelo. — Obrigado. Dou um passo para trás e fecho a porta. Quando me viro, metade das mulheres está olhando para mim. Molly parece pronta para me espancar com os saltos que está segurando. Levanto o saco de gelo e o balanço para todas verem. — Um babaca praticamente quebrou meus dedos. Ninguém relaxa. Estranho pra c*****o. Dou quatro passos rumo à sala quando Molly pisa na minha frente. — Ele não vai te f***r, você sabe disso. — Eu nem achei que ele faria. — Embora desejasse que fizesse. Eu diria “sim” se ele oferecesse. Mas tenho limites, e dormir com alguém por informação é um deles. — Eu vi você. Você vira uma p**a no cio perto dele. Molly se aproxima até quase encostar na minha cara. Eu não reajo. Só tento passar. Sua mão voa e agarra meu cabelo. — p**a merda — sibilo. — Se eu sou uma p**a, significa que estou transando. E ninguém esteve me cheirando por aqui. Se eu sou uma c****a no cio e ele está vindo até mim… não sei o que te dizer além de: tira suas mãos de mim, p***a. Agarro o pulso dela e tento soltar seus dedos do meu cabelo. Ela puxa mais forte, unhas marcando meu braço. — Solta. Conto até três antes de reagir. Torço o braço dela para cima, pressiono o cotovelo para trás. Ela me solta e eu a empurro com força. Ela bate na mesa presa ao espelho, derrubando tudo. — Não toca em mim, Molly. Não dou a mínima se você gosta de mim ou não. Toca em mim de novo e eu vou te fazer implorar pela sua vida, c****a. Ela gira e se lança contra mim. Ótimo. Estou p**a, e ela morde a isca. Eu sei que não posso bater no rosto dela — nada que deixe marcas. Se eu for o motivo de ela não trabalhar, eu que sou demitida. E ela é a mulher mais bonita aqui. Coloco as mãos no peito dela e a empurro de novo. Ela é alta, então a b***a dela bate na mesa dessa vez. Chuto meu sapato para longe. Não vou ganhar essa luta mancando. Meus dedos doem pra c*****o. O saco de gelo cai no chão. Quando ela avança de novo, agarro o braço que já dobrei no ângulo errado. Giro e a coloco de joelhos, puxando o braço para trás. — Essa posição deve parecer familiar. Já vi os calos nos seus joelhos. Dobro mais o braço, usando-o de alavanca. Ela tenta lutar, mas subestimou minha força. Sullivan corre até a porta, provavelmente para chamar segurança. Dane-se. Meu cabelo estava preso e arrumado; agora está uma merda. Isso por si só conta a história. Empurro a cabeça dela para o chão, rosto virado de lado. Chuto as pernas dela até cederem e desço junto. Passo meu antebraço pelo pescoço dela e continuo pressionando o braço no ângulo errado. Meu cotovelo encontra a escápula dela, e coloco boa parte do meu peso ali. A porta se abre. Não olho. Sei que é Oliver. Dois caras estão com ele, mas ele está à frente. — O que. p***a. Está acontecendo aqui? — ele ruge. Suas mãos pegam minha cintura e ele me arranca de cima dela. Solto Molly na hora, mesmo querendo chutá-la. Ele me empurra até a parede, seu corpo me cobrindo. Ele puxa minha blusa para baixo; nem percebi que tinha subido. — Ela me atacou! — Molly grita, histérica. Meu olhar encontra o de Oliver. Ele claramente quer que eu fique calada. Inclina-se e murmura: — Você está bem? Ela te machucou? — Estou bem — respondo do mesmo jeito, quase sem mexer os lábios. Ele olha para meu cabelo — imagino a bagunça. Sua mão se move como se fosse arrumá-lo, mas ele desiste. Ele ia mesmo alisar meu cabelo? — Fique aqui. Não diga nada. — Mo, cala a boca — Conor dispara. — Você era uma chorona na infância e agora virou uma v***a chorona. Eu te avisei para não ser escrota. Essa não é a primeira briga que você provoca, é só a primeira em que a outra não recuou. Eu sei que você começou. Não tenho problema com a Kate ter terminado. Pegue sua merda e vá. Você já estava em advertência. Agora está demitida. — Mas aquela vagabunda. Conor avança. — Termine essa frase e eu vou acordar seu avô e contar cada palavra e cada merda que você fez. Os olhos dela arregalam. Ela me olha, depois Oliver, depois Conor. Assente, pega as coisas. Quando passa por Oliver, cospe: — Posso ser stripper, mas ela é prostituta. Todo mundo sabe que você está transando com ela. Você nunca sai com funcionárias e raramente transa com elas, mas você paga ela e está comendo ela. Servir bebida não a torna menos vagabunda. Finn ri. — Ciúmes não combina com você, Mo. Só porque a gente passou você de mão em mão no ensino médio não quer dizer que alguém aqui ainda te quer. Arregalo os olhos. Olho no espelho: nenhuma das mulheres parece chocada. Oliver não reage. Conor só ergue as sobrancelhas para mim. — Chupa-p*u — ela rosna para Finn. Os primos gargalham. Oliver finaliza: — Dificilmente. Diana começa a arrumar a bagunça, mas eu impeço. Conversamos um pouco. Ela diz que Molly é sua prima, sempre foi insuportável e sempre quis Oliver. Faz sentido. Quando todas saem, Oliver envolve um braço ao meu redor e me puxa para o peito. Olhamos nosso reflexo no espelho. Ele tira o grampo do meu cabelo, deixando-o cair. Seus dedos passam pelos arranhões no meu braço. — Me diga o que aconteceu, cailín. Num minuto eu te entrego gelo, no outro Sullivan está correndo atrás de Finn dizendo que Mo te atacou, mas que você provavelmente quebraria o braço dela. — Foi exatamente isso. Ela surtou porque você me deu atenção. Disse que você nunca me foderia, mas que eu era uma c****a no cio. Não lembro do resto. Ela puxou meu cabelo, me arranhou, eu pedi para soltar. Quando ela não soltou, eu fiz ela soltar. Ela veio de novo, eu a coloquei de joelhos, falei dos calos no joelho de tanto ela fazer boquete e… então você entrou. Você me tirou de cima dela. Ele beija meu ombro, depois meu pescoço, subindo até atrás da orelha. — Eu achava que me irritava quando homens passavam dos limites. Se ela fosse um cara… Ela tem sorte que o Finn pegou o caso. — Eu estou bem. Eu prometo. Mas me recosto nele. Ele percebe meus m*****s duros. Eu percebo o quanto ele está duro contra mim. Vemos no espelho. Viro para encará-lo, mãos nos bíceps dele. — As pessoas vão pensar que estamos transando agora que Molly disse aquilo? — Não — ele diz, beijando meu pescoço. — Eles sabem que eu não fodo funcionárias. Me afasto um pouco. O que diabos está acontecendo aqui? Ele vai quebrar a regra? Vai me demitir para então me comer? Eu não posso perder esse emprego. E não quero informação porque transamos. Não vou me prostituir assim, mesmo que ninguém me force. — Não vai passar disso agora, Kate. Só quero saber se você está bem. Eu não fazia ideia do que ia encontrar quando entrei. Não consegui chegar até você rápido o suficiente. — Kate? — Você não é uma “Kate”. Isso me faz pensar numa garota jovem demais. Alguém que vive pra se divertir. Não é assim que vejo você. Margaret. Kate. Isso combina. — Ninguém nunca me chamou assim. — Eu sei seu nome real. Katharine. Kate. Ainda acho que encaixa. Meu estômago despenca. Ele olhou meu documento. Merda. — Você fala gaélico? — ele pergunta. Engulo em seco. Não posso mentir. — Sim… mas raramente uso. Só com minha avó. Ela tem demência e às vezes esquece inglês. Falo demais. Agora ele sabe que entendi conversas que achou que eu não entendia. —Você deveria ter me dito isso. — ele diz. Engulo de novo. Vozes surgem do lado de fora. Ele se afasta. Eu pego o gelo. Eu tenho orelhas de cachorro — ouvi muito mais do que ele imagina. E é por isso que não posso deixar ele me seguir essa noite. Vai arruinar tudo.
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