O REI CAPÍTULO 3

4784 Words
_Percebo que é ambiciosa. – Afhany disse a fitando e começando a achar graça. _Não. Não é ambição. É apenas minha missão. Reinaremos, nós duas, junto com o rei. _Acho que ainda não foi informada de que a rainha é a quem cabe esse posto. Liã balançou a cabeça. _Ela será apenas um título. _E o que me diz do herdeiro, que provavelmente ela o dará? _Ela não gerará frutos. _Como pode ter tanta certeza? – Afhany ficou curiosa, pois a tudo ela respondia com simplicidade. Como se não passasse de fatos que aconteceriam porque alguém lhe contara. Pobre moça. m*l sabe que foi enganada. _Posso ver a maldade dentro dela. Não tem espaço para os frutos de um rei, talvez com outro... _E se for assim, por que ele a escolheria para ter seu herdeiro? _Porque me ama... E a você também. Afhany riu. _Se ele me ama, pode escolher meu filho para herdeiro e não o seu. _Está tudo ligado. Meu filho se casará com sua filha e ambos reinaram juntos. _É mais louca que as outras! – Disse Afhany já cansada de ouvir os devaneios de uma louca. _Não é loucura. É a profecia. A menina de cabelo de fogo será escolhida e amada pela fera. Gerar à lhe uma filha, que se casará com o irmão filho do deus-homem escolhido. Assim que a vi, soube que era você. _Porque insiste em dizer coisas absurdas? _Porque nós duas devemos estar unidas para reinar. E ele nos ama. _Pensa que é isso que almejo? Nunca pensei em reinar. E o odeio! Se acredita mesmo no que diz, saiba que não terá em mim uma rival ou alguém em seu caminho, mas jamais participarei. _Foge ao seu destino? _Destino ou não, tenho outros planos... Nesse momento a porta se abriu e deu passagem á Moisés. _Percebo que já se apresentaram... – Ele disse contente por vê-las com rostos amigáveis e observando a nudez de Afhany sentindo sua virilidade aflorar. Moisés interrompeu a conversa, mas não antes de deixar que Afhany ficasse intrigada. A voz de Liã lhe soava na mente como se suas palavras fossem uma ameaça. _Fiquei sabendo que se mostrou indócil com os criados... Afhany ergueu a cabeça como para enfrenta-lo. – O que fez que ele a desejasse ainda mais. Mas ela não se dava conta disso, Moisés via em seu olhar que ela estava preparada para uma briga. _Não me trataram com as devidas gentilezas. – Ela disse arrogante. Moisés foi até a porta do quarto e chamou Onis. Ele veio imediatamente. _Leve Liã para a ala das concubinas e arrume um quarto para ela. _Sim majestade. – Ele disse com a cabeça baixa para que ninguém percebesse suas faces ficarem rosadas por causa da visão da nudez de Afhany. Afhany não gostou nada disso. Para que ele queria ficar a sós com ela? Para castiga-la? Ele não ousaria. No entanto via um brilho em seu olhar que não conseguia detectar o motivo. Assim que sairam, Moisés se aproximou devagar tirando suas vestes. Só então Afhany entendeu o brilho em seu olhar. Ela estava nua! Deve ter deixado ele e******o. Se arrependeu por não ter vestido nem que fosse uma camisa dele. _Eu acho que também está na hora de eu ir, pois deve estar cansado da viajem e precisando de um descanso. Ele lhe sorriu, e ela mesmo sem querer, achou lindo aquele sorriso. _Antes de ir deve me pagar pelo prejuizo que me causou. – Ele disse sorrindo e ao mesmo tempo vagamente entristecido por não ter presenciado seu momento de fúria. O que ele disse sobre prejuizo, era apenas uma forma de causar-lhe alguma reação. _Pensei que fosse rico o bastante para se importar com o tão pouco que foi estragado. – Ela também sorriu entrando na brincadeira e se afastando a medida que ele se aproximava. Não queria ter relações com ele agora. Sem saber suas palavras foram um deleite para os ouvidos de Moisés. Pensava que ela seria uma eterna m*l humorada, mas olha ela ali entrando na brincadeira. Ele a alcançou e a segurou pela cintura. Ela tentava escapar. _ É melhor deixar que eu vá. Sua esposa não vai se agradar de que se deite comigo na sua cama de núpcias... – Ela tentou escapar uma última vez, já sabendo que seus argumentos seriam inúteis. Sem dizer nada em resposta, ele jogou-a na cama e a possuiu, pensando naquele momento que nenhuma de suas mulheres, jamais lhe dera tamanho prazer, e ficou com ciúmes de seu deus e de seu irmão. Não queria mais que ninguém a tocasse. Ela era dele. Já, os pensamentos de Afhany, mesmo sentindo muito prazer, coisa que ela jamais admitiria, Começou a pensar no que lhe disse aquela moça. Afhany jamais permitiria que uma filha sua se enamorasse de um irmão. Não era certo. Não era dada a crendices, mas algo em Liã inspirava verdade. Não podia duvidar de suas palavras. Eram sinceras. Era melhor evitar uma gravidez, já que fugir dali e de seu destino lhe era impossível. Após o ato, dormiram um pouco e assim que Afhany despertou, Moisés mandou que a levassem para algum dos muitos quartos da área das concubinas. As outras concubinas ficaram curiosas para saber qual castigo Moisés aplicara nela, já que ficaram sabendo pelos criados todas as peraltices que aprontara. Contudo, Afhany não respondeu a nenhuma de suas perguntas, se trancando no quarto e só recebendo os criados que lhe levavam comida. Nem se importou em saber se Já conheciam Liã. E assim, passaram se três dias e assim chegou o dia do ritual de Eliza, que seria a futura rainha. Ao contrário das outras vezes foi permitida a presença das concubinas e de todos os súditos que faziam parte da família real. Demy e Louise dançaram para celebrar a futura rainha, que vestida com as mesmas vestes que as outras usaram para o ritual exceto pela coroa, ás observava dançarem sensualmente, com olhar de desdém. Afhany e Liã se limitaram a ficar de mãos dadas e observar. Assim que a música que embalava as duas concubinas parou, teve inicio o ritual. Ao contrário das outras mulheres, Elisa não demonstrara temor ou pudor quando fora despida e deitada na mesa do ritual. No ato da penetração, algo aconteceu. Moisés a repeliu e a fera enojou-se tomando-se de ódio pela rainha. Moisés sentiu a repugnância da fera, que era como a sua. Queria sair dali e não olhar mais para aquela mulher. Mas fechando os olhos obrigou-se a terminar imaginando que era Afhany ou Liã quem estava ali. Não sabia como ia fazer para se deitar com ela novamente, como era seu dever, por mais alguns dias. Precisava da ajuda de seu deus, mas ele também sentira o que ele sentira. Tinha suas dúvidas se ele iria ajuda-lo dessa vez. No meio das pessoas que estavam ali, Afhany e Liã trocaram um olhar entendido. E na mente de Afhany a voz de Liã se ouvia. _ "Ele a rejeitou. E só ama a nós duas." _ "Você teve algo a ver com isso?" _ "Não. Também não sei por que ele a repudiou." Afhany voltou a prestar atenção no ritual. Já não mais estranhava poderem conversar apenas lendo a mente. Descobriram que tinham pouco em comum nos três dias que se passaram, mas descobriram também que algo as ligava. E Afhany descobriu em Liã, alguém em quem poderia confiar, mesmo que a outra não concordasse com suas atitudes. Começaram a conversar através da mente, quando Afhany se trancara no quarto e se negava a receber as pessoas, quem quer que fosse. Então, uma hora, ouviu Liã em sua cabeça. E começaram a conversar assim. No principio, Afhany ficou assombrada com esse poder de Liã, mas acabou aceitando como algo bom, em todo aquele pesadelo. Só que ninguém mais sabia dessa ligação entre as duas. Depois da gritaria geral pela prova da pureza de Eliza, Moisés se retirou e se refugiou em seus aposentos. Sem esperar por sua rainha como seria esperado, já que essa mulher lhe deveria ser especial. Após o banho preparatório para a noite de núpcias, mandou que seus vassalos se retirassem e esses o deixaram sozinho. A fera escolheu esta hora para aparecer. O mesmo tigre que vira na floresta viera lhe falar. _O que quer aqui? – Moisés perguntou m*l humorado, sabendo que ele não o ajudaria em sua missão de dormir com a rainha. _Vim lhe fazer uma proposta que será do seu agrado. – O deus que tomava a forma daquela fera lhe disse sem entusiasmo. _Pois diga! _Rejeito sua rainha. E sei que também sente como eu. _É verdade. _No pacto que fizemos na floresta poderia gozar dos prazeres de Afhany na minha própria forma. Porém receio que ela vá me repudiar. _E o que quer que faça? – Moisés começou a gostar de dialogar com a fera. Será que iria desistir de sua Afhany? Seria pra ele, a melhor noticia do dia. _Quero que não se deite mais com a rainha, pois estaria eu me deitando também, pois vivo em você. E apesar de sua imensa beleza, tenho-lhe nojo. Mas peço que se deite com Afhany a quem ambos amamos e teremos os mesmos prazeres. _Sua proposta me tenta. Não me agrada também a rainha. Mas esperará por mim, e sentindo minha falta gritará aos quatro ventos que neguei o que tinha direito. E será uma desonra. Como poderei escapar desse dever? Me sinto encurralado. _Saia daqui e espere sua chegada escondido. Depois, vá ao seus aposentos e converse, pois lhe deve o presente que prometeu. Mande que se dispa e deixe a luz apagada. Diga que é uma vontade de seu deus que enxerga melhor no escuro. Enquanto isso, saia para que ela se prepare. Assim não sentirá diferença na troca. _Troca? _Mandará outro se deitar com ela. _Não posso confiar em ninguém assim! _Alfred. _O médico?! Ele jamais aceitaria. _Não conhece as ambições do homem como eu. Se sentirá feliz e orgulhoso por se deitar com a rainha. E jamais o denunciará. Acredite no que eu digo. De todo jeito, ficarei por aqui para vigia-los. Qualquer ameaça de entrega-lo, eu o punirei com dores que nenhum ser humano jamais suportou. _Então assim será. Acho que posso confiar em você. – Moisés disse com alivio, apesar de não gostar da ideia de seu amigo ser torturado pela fera. _Tem mais uma coisa. Matheus não deve se deitar com Afhany. Moisés compartilhava da mesma opinião. Mas mais uma vez, sentia-se oprimido sem saber o que fazer. _Não posso impedi-lo. Dei-lhe minha palavra. – Explicou Moisés em tom de fatalidade. – Eu estava com raiva dela, porque estava tentando seduzir meu irmão para se livrar de mim. _O enganaremos como feito com a rainha. _Para tanto precisaríamos da ajuda de Afhany. E temo que isso não seria possível, pois é muito rebelde e teimosa. Ela vai querer alguma coisa em troca. E pode ser que seu desejo seja o de não mais deitar-me com ela. _Liã a convencera. Fará ela ver que é uma vantagem, não precisar se deitar com Matheus, pois ela também não deseja isso. _Liã? – Só então, Moisés se lembrou que na floresta, Liã chamou pela fera e ela atendeu-lhe imediatamente. Mas Théo não era o deus de Liã? Qual seria essa ligação? Ele não aguentou e perguntou; - O que você tem com Liã? Você não é o deus dela. _Liã é amiga de todos os deuses. Sua familia é poderosa por isso. Eles não tem apenas um deus. Servem a vários. Não se preocupe com isso. Minha fidelidade ainda é sua. Contudo, acho melhor que não esclareça Liã, sobre nosso amor incondicional por Afhany. Isso poderia irrita-la. _Se for assim, concordo com tudo que disse. – Disse Moisés aliviado. – Você pode conversar com Liã sobre isso? Eu não seria capaz. Ela desconfiaria de mim. A fera ficou em silêncio alguns instantes, como se ouvisse algo. _Sim! Eu vou procurar Liã. Agora vá, que sua rainha está a caminho. Moisés saiu para mandar que lhe chamassem Alfred e não viu quando a fera sorriu maldosa e satisfeita, antes de desaparecer. Conversou com seu amigo Alfred que a principio achou que o rei o estava testando, mas no decorrer da conversa enxergara como aquilo era importante para o rei. Ele não se negou, e agiu como se tivesse recebido um valioso premio, pois Eliza era muito bela. E assim como combinado com a fera foi feito. Afhany reagiu com rebeldia no principio, mas depois se fez ver que era melhor assim, pois não desejava tornar-se amante de Matheus e nem mesmo se ver possuída por uma fera. E ficou sabendo que Alfred se sentiu honrado e feliz com a confiança do rei. Quando, depois de tudo arranjado foi ver sua esposa, perguntou-lhe do que desejava como presente. _Quero que as concubinas sejam como minhas escravas e que possa ordenar-lhes. Moisés não gostara do pedido. _O que quer é impossível. _Vai descumprir a palavra empenhada? Não seria digno de um rei que assim se fizesse... Eliza respondeu-lhe numa fúria m*l disfarçada e ameaçadora. Moisés devia ter previsto que ela lhe pediria algo assim, já que suas concubinas a incomodavam grandemente. _Lhe avisei que não me desfaria delas. Pode ter quantas escravas quiser, mas minha mulheres continuaram sob minha p******o. _Sendo assim, exijo que todas durmam em um só aposento, que não me importo se tenha luxos, mas o presente que quero é vê-las fora do castelo! – Ela exigiu rispidamente. _Lhe disse também que não me desfaria delas. Você não ouviu nada do que disse? _Não é preciso dispor, mas em volta do palácio á vários compartimentos onde possa aloja-las com conforto. E se assim fizer, nada mais terei a lhe pedir. E que nenhuma tenha aposentos separados. - Secretamente Eliza esperava que se desentendessem e o rei furioso as despedissem. Ou, o que era melhor, não teria privacidade para manter um relacionamento mais intimo com nenhuma delas. Apesar que ele poderia chamar qual delas quisesse para outro alojamento para tal ato. Moisés com muita relutância acabou por concordar. Não podia ficar negando seus pedidos. E assim as concubinas foram removidas de seus aposentos e colocadas todas juntas, e com suas serviçais, em um só alojamento nos arredores do palácio. Mas as intenções de Eliza não sairam vitoriosas, pois ao contrário do que imaginava Eliza, as mulheres passaram a se entender melhor e se tratavam como irmãs. Mas tudo isso com o tempo. Afhany, que a principio achava-as fúteis e vazias, aprendera a lhes valorizar, entendendo, que assim como ela, não tiveram opções e como naquele reino os costumes e leis eram muito rígidos, aprenderam a conversar sobre amenidades para passar o tempo e não ficarem a se lamentar, por seus sonhos e anseios. Liã percebeu que por uma estranha côincidencia, todas ali tinha um dom especial, sem o saberem. Perguntou-se muitas vezes, qual era o sentido daquilo tudo, pois de alguma forma sentia que aquelas quatro mulheres, incluindo ela, tinham um algo mais para realizar ali. Porém, jamais lhes falou de seus dons. Demy era sensível e as vezes fazia previsões acertadas do futuro. Louise era tola, mas com suas mãos curava pequenas dores. Mas era Afhany quem a preocupava. Era rebelde e de personalidade sólida, e seu poder, o da sedução, além de compartilhar com a própria Liã,o poder da telepatia. Moisés, acreditando que suas concubinas pudessem estar se sentindo rejeitada por terem sido removidas de seus aposentos, presenteou-as á todas com lindos garanhões, para cavalgarem quando quiserem, desde que, dentro dos limites do extenso domínio do palácio. Quando foram avisadas por Leal, do presente e da autorização, foram correndo contentes ver os cavalos. Afhany, tirou as roupas, e totalmente nua, montou seu garanhão e saiu ás gargalhadas, por causa das expressões ultrajadas e incrédulas das amigas. Liã, tomada de coragem, também retirou suas roupas e galopou atrás de Afhany. Demy e Louise se entreolharam e depois dando de ombros e sorrindo, imitaram as duas. Leal, que a tudo presenciara, fora correndo e chegara apressado e esbaforido á sala do trono, onde se encontrava Moisés. Não sabia como contar ao rei a nova traquinagem comandada por Afhany. _Majestade....Eu...A... _Diga logo homem! _Suas concubinas estão á cavalgar. _Então gostaram do presente. Isso muito me alegra. _Senhor... Elas estão á cavalgar...nuas. Moisés fechou o semblante. _Totalmente? _Totalmente! Moisés queria ficar irritado com essa audácia, mas não pôde e começou a rir ás gargalhadas. Leal que o observava, boquiaberto, achou-o louco. _Senhor... Não se importa? _Aposto como foi ideia de Afhany. - Ele disse tentando se recompor. _Creio que sim. O que devo fazer? _Nada. Deixe que se divirtam. Leal finalmente sorriu e se retirou. O rei tinha razão. Aquelas pobres precisavam de se sentirem livres de alguma maneira. Eliza, da sacada de seu dormitório, observou-as á se divertirem nuas e quando desceu para reclamar ao seu marido daquela falta de pudor, já ia entrando á sala do trono, quando ouviu sua conversa com Leal. Deu meia volta odiando Moisés e invejando suas concubinas. Nada do que fizera parecia afetar aquelas malditas! Começaria a juntar joias, como seu pai lhe ordenara. E quando Moisés estivesse em suas mãos se livraria de cada uma delas, mas antes infligiria castigo doloroso a todas por causar-lhe transtornos e por terem dividido seu marido com elas. Quando elas chegaram exaustas da cavalgada, suas criadas as esperavam com banho quente, seguido de uma bela refeição. Naquela noite, todas dormiram felizes, com a sensação de liberdade. Demy, deixou uma lágrima rolar no travesseiro. Jamais pensou que pudesse precisar de mais do que seu senhor lhe dava. Era com imensa tristeza que se pôs a pensar no quanto estava perdendo de bom no mundo. Agora entendia porque Afhany agia com tanta revolta a tudo que se dizia respeito ao rei. Fechou os olhos e demorou longamente para dormir, apesar da calvagada ter a deixado exausta. Só sabia que queria mais. E que teria. Só não sabia quando. Talvez devesse ser honesta com Moisés e dizer-lhe que desejava mais, porém, temia sua reação, pois nunca lhe negara nada e podia se sentir ofendido e passar a vê-la como uma ingrata. No outro dia, bem cedo, Moisés fora visita-las. Afhany já esperava por alguma represália ou castigo, por incentivar ás outras, pois percebeu a reação de descontentamento de Leal, quando tapou os olhos reprovadores diante de sua nudez. Olhou naquela hora para as amigas e viu que ali todas temiam a reação do rei. Por isso ela saiu as gargalhadas. Moisés parou de frente ao rico acolchoado onde elas, ainda em trajes de dormir, se sentaram para recebe-lo, e passou a fita-las com semblante sério. _Afhany! - Ele lhe dirigiu a palavra com dureza. Essa, rebelde como sempre, apenas sorriu-lhe. Mas o que aconteceu a seguir, a deixou realmente estupefata. Moisés sentou-se entre elas e desatou a rir, em grandes gargalhadas, Seus olhos chegaram até a se encherem de lágrimas. Ás outras mulheres o fitavam como se houvesse enlouquecido. Quando ele finalmente conseguiu se controlar um pouco, fitou Afhany, ainda com um sorriso nos lábios. _Diga-me Afhany; montou nua para ofender-me? _Na verdade, não. Apenas me deu vontade e o fiz. E não me arrependo. Foi maravilhoso. Moisés se virou para as outras; _Também gostaram da experiência? Elas se entreolharam e sorriram-se. Se Afhany fosse castigada todas deviam ser. _Sim! - Elas responderam em uníssono. Moisés se levantou. _Pois digo-lhes que assim que soube, fui espia-las pelo portão do palácio e confesso-lhes que jamais, em toda minha vida, vi cena tão bizarra e ao mesmo tempo tão linda. E descobri, naquele momento, que vê-las felizes, me faz um grande bem e é um grande prazer. Elas correram e o abraçaram. Menos Afhany, que ficou a observa-los á seu canto. Seus olhos se encontraram com os de Moisés e ela entendeu que ele desejava-a naquele abraço, e sentiu que era-lhe importante. Mas ela ignorou o apelo em seu olhar e permaneceu onde estava, mas confusa com os sentimentos que começavam a brotar-lhe no peito em relação ao homem que a aprisionara. Moisés, ao sentir a rejeição de Afhany, pela primeira vez em sua vida, sentiu seus olhos marejarem. Lembrou-se das vezes que a possuíra e de seu total desprezo aos seus apelos. Agora ele se comoveu. A culpa era sua. Podia ter conquistado- ela. Agora temia, que jamais viesse a ser merecedor de seu afeto, que descobrira, lhe era mais importante que a vida. Assim que as mulheres se separaram, ele as fitou uma por uma, encontrando em seus semblantes, a expressão que gostaria de ver em Afhany; o grande amor e admiração que lhe cultivavam. Achou Demy um pouco sombria, mas em seus olhos se via grande afeto por ele. _Quero que se arrumem, pois ás levarei ás compras. Depois iremos passear de barco e aportar em alguma ilha, onde passaremos a noite e faremos piquenique. Assim que ele saiu Liã, se aproximou de Afhany, acompanhada por Demy e Louise com olhares acusadores. _Porque faz isso? - Perguntou Louise. Afhany as olhou tranquila. _Já lhes disse que não sou hipócrita! E não é um cavalo que vai me comprar ou apagar as mágoas e humilhações que aquele a quem dedicam tanta afeição me impusera! Amo-as. De verdade. Mas isso não se aplica á ele. Não posso compartilhar do mesmo sentimento que nutrem por ele. Sinto muito. – Ela disse e se levantou. Estava faminta. Foi para a cozinha preparar seu desjejum. Assim que ela saiu, Liã olhou desolada para as outras. _Não a condenem. Todos temos formas diferente de lhe dar com mágoas e dores. Do jeito dela, ela tem razão. Sofreu a vida todo debaixo de ordens de homens opressivos. Demy e Louise se entreolharam. _Acha Moisés opressivo? – Louise perguntou furiosa. – Ele dá a ela tudo de que ela precisa para viver uma vida confortável. Ela apronta das suas e o que ele faz? Acha graça! _Mas ela também não ajuda em nada! Moisés veio todo contente por termos nos agradado do presente e ela agiu como se ele não fizesse mais que sua obrigação! - Disse Demy. _Nós também sofremos. Temos nossos momentos de angustia. Todos têm. E é isso que ela tem que entender. - Emendou Louise. _Talvez o que vocês veem como uma vida confortável, para ela seja como uma prisão. Acho que ela não precisaria de todo esse conforto, se sentisse livre. Ela nem ao menos confessa que gosta dele. Ela tinha que ter tido o direito de se apaixonar. Liã as olhou triste, quando percebeu que suas palavras não surtiam efeito. _Devemos nos arrumar. Deixemos que Afhany, um dia venha a perdoa-lo. Pois ao contrário do que acabam de dizer, sabem, que de todas nós, foi ela a quem ele mais maltratou e humilhou. É fácil para nós amarmos ele, pois só recebemos palavras ternas e carinho. Já com ela foi muito diferente. Ele despedaçou a sua dignidade e dançou sobre ela. Demy sentiu os olhos marejarem. Era fácil julgar os outros, mas era impossível se colocar em seu lugar. Principalmente, porque jamais conhecera o lado c***l de Moisés, já que desde criança via nele seu salvador. Contudo, começava a sentir talvez o mesmo que Afhany sentia. Ela queria ter liberdade de conhecer outras formas de prazer. Mas não diria nada a ninguém. Não desejava ser maltratada como Afhany, ou que as outras a vissem como apenas mais uma ingrata. Louise também chorou. Queria pedir perdão a Afhany por julga-la insensível. Admirava-a na verdade, mas julgava-a arrogante, até saber aquela história. Agora entendia que ela escondia-se atrás daquela arrogância, a dor imposta por alguém que podia tê-la feito feliz, e ao contrário, a fez se sentir um animal com rédeas. Sem lado para o qual escapar. Mas guardaria para si, sua opinião. Em silêncio todas se retiraram e foram se vestir para o passeio prometido por Moisés. Moisés, saindo da residência das concubinas, que era na verdade um pequeno palácio aconchegante com oito quartos com banhos e um enorme salão onde as mulheres podiam se reunir para suas conversas e os quartos as permitiam ter sua privacidade, foi direto ao dormitório de Eliza. Bateu, e entrou sem esperar respostas, encontrando-a sentada numa poltrona. Assim que ela o viu, fechou o semblante e levantou se dirigindo a ele com cara de poucos amigos. Por um instante, Moisés temeu que ela houvesse descoberto a farsa que armara junto a fera. _Como ousa abandonar sua esposa á dormir, após a noite maravilhosa que passamos juntos? - Ela disse fazendo biquinho e o abraçando. Moisés mesmo com a forte vontade de afasta-la de si, suspirou aliviado. _Já tomou seu desjejum? _Claro. E adorei as rosas. Moisés sorriu. Alfred estava fazendo um belíssimo trabalho, precisava se lembrar de recompensa-lo. _Já que me parece tão bem disposta, creio que aprovaria um passeio de barco. _Oh, meu amor... Adoraria. – Ela o soltou e deu pulinhos enquanto batia palmas feliz. _Então vá se trocar que as outras mulheres já devem estar prontas. Ela se afastou o fitando incrédula. _Que mulheres? Acaso se refere ás suas concubinas? _Sim. Algum problema? _Ainda pergunta se há problema? Como ousa convidar sua esposa para um passeio junto com suas amantes após nossa noite de núpcias? _Não as vejo como amantes. Na verdade também são minhas esposas. _O que está dizendo, me é um insulto! Eu sou a rainha e única esposa que você tem! _Insulto? – Moisés perguntou retoricamente, mas ela respondeu assim mesmo. _Como se atreve a comparar-me com aquelas mulheres vulgares que não tem pudores para andar por ai á cavalgar nuas? Moisés se irritou com aquelas palavras. _Não admito que se refira assim á elas! São boas mulheres e lamento muito que não possa ver isso. Tu não é melhor que qualquer uma delas. Poderiam até ser amigas se tu tivesse á altura! Considerando que se n**a a acompanhar-nos no passeio, devo retirar-me pois não devo deixar que elas fiquem esperando por muito tempo. - Moisés disse e saiu, deixando Eliza á beira das lágrimas e boquiaberta. Nunca ninguém havia lhe falado assim. Nem parecia o mesmo homem terno e devotado que se deitou com ela a noite passada. Mas provaria para ele, que era sim mais digna de seu amor, não o perderia para aquelas mulheres vulgares. Chamou suas criadas e após banhar-se, vestiu-se ás pressas. Iria sim á esse passeio. E lhe mostraria a diferença entre enorme entre elas. Afinal, ela era nobre e fora criada como uma princesa, ao contrário de suas concubinas, que não deviam saber como se portar nem diante de uma mesa. Quando Moisés já havia reunido os criados e guardas que o acompanharia ao passeio, Otávio veio lhe falar; _Majestade... A rainha manda dizer-lhe que já se encontra pronta para o passeio. Moisés suspirou irritado. _Então diga-a que desça e entre em qualquer carruagem, quanto á mim, vou na companhia de minhas outras mulheres, pois elas não me aborrecem. Otávio se retirou para cumprir-lhe a ordem e assim que transmitiu a resposta a Eliza, ela se irritou profundamente, mas não se deu por vencida. E o sonho de acabar com o mandato de Moisés, se tornava a cada dia mais forte. Moisés, assim que chegou ao palácio das mulheres, encontrou-as todas o aguardando no grande salão, acomodadas em almofadas. Porém quando notaram sua presença se levantaram felizes e se aproximaram. Moisés imediatamente sentiu a falta de Afhany. _Onde está? - Perguntou, sabendo que todas já sabiam a quem se referia. Demy se aproximou e abraçando-o beijou-o de leve nos lábios. _Por favor... Deixe-a. Ela não se sente bem. _O que ela tem? Liã, temerosa que as meninas lhe revelassem a verdade, correu a responder-lhe. _Sentiu-se m*l a noite inteira. Encontra-se com olheiras profundas e humor insuportável. _Ela se alimentou hoje? Louise tomou a palavra. _Se alimentou? Está brincando! Ela nem pode ouvir falar ou sentir o cheiro de comida que vai logo sentindo enjoos. Ela até tentou preparar o desjejum dela, mas não conseguiu. – Demy disse em apoio as palavras de Liã. Moisés olhou para Liã. E essa lhe sustentou o olhar. Ele afastou Demy e pegou Liã pelos braços. _Como ousa tentar me esconder que Afhany espera um filho? Liã o fitou desafiante. _Uma filha. Seu primeiro filho homem, quem espera sou eu. – Ela disse tranquilamente. Moisés a soltou. Não sabia se ria ou chorava. As duas mulheres que mais amava lhe presentearia com filhos? Seus primeiros filhos! Estava feliz. Abraçou Liã, como se assim pudesse lhe passar a energia da alegria que sentia pela boa nova que lhe trouxera. Demy e Louise ficaram a contempla-los. Sentiam-se felizes também e não enciumadas ou com sensação de rejeição. _Vou agora ver Afhany! - Moisés anunciou separando-se do abraço, mas Liã se pôs em seu caminho. _Por tudo que mais ama... Não vá! Lhe imploro! Moisés ergueu a cabeça e a voz. _Explique-se. – Ele disse como uma trovoada. _Afhany, ao contrário de ti, encontra-se revoltada com a gravidez. Diz que odeia a criança em seu ventre pois é o fruto e a lembrança constante das humilhações, por quais a fizera passar. Se ir até lá, ela pode fazer alguma besteira como... Se m***r! Juro, nunca a vi tão fora de si. E ela é capaz mesmo disso e você sabe disso melhor que ninguém. _Como ela ousa odiar um filho meu? - Moisés estava cheio de ira, mas controlou-se, reconhecendo que Afhany, em sua rebeldia era capaz de atos incontroláveis. Mas também sabia no fundo a culpa, era sua .Reuniu Liã e as outras num abraço. _Quero que compartilhem de minha alegria e imploro-lhes que se tornem minhas aliadas para abrandar o coração de Afhany. Não permitam que ela faça m*l ao meu filho... _Ela acabará, aceitando e amando a criança, mas vai depender somente de ti, que a mágoa e o rancor que ela lhe tem se apague e apenas o amor que ela, mesmo sem saber já lhe tem, habite seu coração. - Demy disse séria. Moisés a fitou incrédulo. _Ela lhe confidenciou algo? E como sabem que Afhany terá uma menina e Liã um menino? Elas se entreolharam. _Demy tem premonições. - Louise falou como se fosse a coisa mais comum do mundo. _Prometo-lhes que lutarei para que Afhany me perdoe, e para que essas crianças que estão por vir sejam muito felizes e se sintam muito amadas. Agora devemos ir e deixar que Afhany descanse. - Ele disse e saíram. Afhany estava no alto da escada com as mãos sobre o ventre e lágrimas nos olhos. Ouvira tudo. E assim que saíram, devagar voltou ao leito, onde chorou até adormecer. É claro que ela jamais colocaria a vida do filho que esperava em risco. Dissera aquilo só para que eles não insistissem em leva-la nesse passeio e Moisés fosse impedido de vê-la. Ela já amava a criança em seu ventre e daria o seu melhor, para que ela tivesse mais oportunidades que ela. Queria que ela conhecesse o mundo e a felicidade. Conhecesse a liberdade e o amor. E pensando nessas coisas, adormeceu. Eliza sentiu-se indignada com o comportamento de Moisés. Fez compras para as concubinas, no mesmo lugar onde comprara também suas roupas e com a mesma qualidade. Observou irritada que ele satisfazia todos os seus caprichos, tratando-as como se fossem todas rainhas. Mas apesar de tudo agarrou-se em seu braço, como para mostrar as outras que era ela a dona dele. Contudo, elas não pareceram se importar. Na viajem de barco, as concubinas vestiram roupas ousadas e dançaram para ele, que as aplaudia, junto com seus criados aprovando suas atuações. Moisés parecia não se importar que sua esposa se sentisse constrangida em meio aquilo que ela conhecia como orgia. Ele estava feliz. Ela pôde notar. Parecia que tirara algum peso de seus ombros. Quando chegaram a ilha e os criados montaram várias barracas menores e uma enorme tenda, imaginou que a tenda ficaria para ela e seu marido... Mas enganou-se. Realmente a tenda era para ela, seu marido e ... suas concubinas. Eliza o tempo todo ás olhava reprovadora, para evitar que tentassem uma aproximação. m*l ela sabia que era desnecessário, pois nenhuma mostrou vontade de lhe falar e não a incluíam em suas conversas, propositalmente, era como se ela não existisse ou não estivesse presente. Apenas Moisés lhe tratava com cortesia , mas essa lhe parecia forçada. Era como se ela fosse uma intrusa numa festa onde todos se conheciam e jamais a haviam visto. Eliza também pôde perceber que Moisés era apaixonado por Liã. Sempre dava um jeito de estar perto dela e se mostrava enciumado quando algum criado vinha lhe falar, além de viver cochichando-lhe ao ouvido, para vê-la sorrir. As outras também pareciam notar a preferencia, mas era como se não se importassem, cada uma se contentando com o seu espaço no coração do rei. Quanto a Eliza, cada vez que ele se aproximava de Liã, tinha vontade de mata-la. Mas temia Liã, por que sabia sua origem. Apesar dos protestos de Eliza, que exigia que a tenda ficasse só para o casal, tivera que dormir no enorme acolchoado que cobria a tenda, junto com as concubinas, pois Moisés a ameaçara, dizendo-lhe que ou dormia ali, ou podia sair e escolher alguma cabana e dormir junto as criadas. No outro dia, logo cedo, quando Eliza acordou, se viu sozinha na tenda. Saindo para fora, perguntou á uma criada onde se encontrava seu marido e essa lhe apontou a praia. Eliza se dirigiu para lá, e imediatamente se arrependeu de ter ido ao passeio. Moisés se encontrava nu, igualmente às suas concubinas, à se divertirem descontraídos na agua. Irritada saiu á passos duros e voltou a tenda, onde permaneceu o resto do dia. Ninguém pareceu notar lhe a falta. Somente a tarde, quando resolveram que já era tempo de irem embora, pois Moisés estava ansioso por voltar, preocupado com Afhany, e entraram na tenda para se trocarem é que perceberam-na. Porém, as mulheres passaram a se trocar sem lhe dar importância e Moisés se aproximou e agachou-se onde ela estava sentada. _Porque não se juntou á nós na praia? _Porque não sou uma despudorada! – Como se atrevem a nadarem nus como animais na minha presença? Se tivessem me convidado para um banho de mar com trajes adequados eu teria me reunido a vocês! – Ela disse, e ao acabar de dizer aquelas palavras se sentiu uma megera entre eles. Moisés levantou-se e riu. _Que pena! - Disse e sem mais comentários saiu. Eliza, mesmo sem o saber começava a odiá-lo, junto com suas concubinas. Assim que adentraram com a caravana no palácio, Leal, que ficara para tomar cuidado de Afhany, veio correndo ao encontro da carruagem real, onde estavam o rei e Eliza. Moisés assim que a carruagem parou e averiguou que era Leal quem a interrompia, revirou os olhos e suspirou. Com certeza eram notícias de Afhany. _Majestade! Perdoe-me interromper, sei que deve estar cansado, mas... _Diga logo homem! O que ela fez dessa vez? - Interrompeu-o. _É melhor que veja com seus próprios olhos. Moisés ordenou ao condutor que seguisse para o alojamento das concubinas. Desceu acompanhado de Eliza, que estava curiosa, e ao contrário do que imaginavam, Leal os conduzira para a cocheira, onde ficavam os garanhões, dados de presente as concubinas. Eliza entrou e ficou boquiaberta com a confusão. Os garanhões, antes brancos, ganharam tonalidades diferentes, como rosa, o marfim, o creme e o bege. Provavelmente maquilagem fora usada. Porém o que mais a chocou é que todos se encontravam enrolados em panos da mais fina seda e com fitas nas grandes grinaldas. Ao ouvir a risada de Moisés, virou-se e fitou-o incrédula. _Então acha graça? Tu a presenteia com roupas caras e veja o uso que faz delas? No mínimo devia mandar que lhe dessem cem chibatadas como castigo! Essa seria a atitude correta de um rei por tamanho insulto! Moisés fitou Eliza, ainda com os olhos lacrimejantes de tanto rir. E ficou a pensar porque o pai não escolhera uma mulher menos rabugenta para ser sua rainha. Estava se cansando dela rapidamente. Nem tinha mais vontade de voltar ao palácio, para não ter que conviver com ela. Por maior que fosse seus domínios, ainda eram pequenos para os dois. Ele simplesmente, não a suportava. Mas precisava trata-la como uma dama. Afinal, tinha sangue nobre e seu pai devia ter tido seus motivos para escolhê-la para ele. Ele suspirou fundo. _Qual é o problema? Não é tão grave assim. Um banho pode tirar-lhes a maquilagem e quanto a seda... São apenas panos caros. Não ficarei mais pobre por isso. E além do mais com as coisas que pertencem á ela, tem o direito de fazer o que quiser. _Mas... _Deixe-a. – Ele a interrompeu. - Se é assim que se diverte, para que represálias? Deixe a menina com suas traquinagens. Ela faz isso para me aborrecer, mas m*l imagina o quanto me diverte. Gosto demais das traquinagens dela. Eliza se calou e deixou-se ser levada para fora onde Leal os aguardava. _Tem mais majestade... –Leal disse desanimado. Temia que uma hora seu rei se cansasse dele e sua fúria o atingisse por causa das maluquices de sua concubina. _O que foi que ela fez além disso? _ É melhor que o senhor mesmo veja, não me atrevo a pronunciar. _Tudo bem. Então me diga onde ela fez. Preciso ir até lá para ver com meus próprios olhos. _ No castelo do concubinato, senhor. – Ele disse de cabeça baixa. Moisés o fitou cansado. _Está bem. Acompanhe a rainha á seus aposentos, pois deve estar desejosa de um banho e descanso. - Disse e virando-se para Eliza emendou. -Mais tarde irei vê-la.- Ele disse e foi pelo caminho do castelo, meio incerto dessa vez sobre Afhany. Devia ser algo grave para que nem mesmo Leal se atrevesse a contar. Balançou a cabeça. Talvez tivesse sido muito condescendente com ela. Talvez devesse ter lhe aplicado castigo desde quando fugiu da caravana que a trazia para ele. Mas deixou passar, como todas as outras peraltices. Não sabia mais se era por ama-la, ou por ser ela apenas uma menina revoltada. Mas será que ela já havia parado para pensar que seu destino poderia ser bem pior se seu pai não a tivesse comprado? Ele mesmo nunca pensou porque ela teve que ser colocada com um cuidador, e não esperado a idade junto com a família dela. Devia buscar a verdade para ela. Talvez assim, sua ira se abrandasse. Afinal, ele não tinha culpa das escolhas do pai. E por obrigação com seu deus, devia toma-la, mesmo contra sua vontade. Devia ter explicado esse detalhe para ela e não ter sido tão duro quando ela estava frágil na cama. Eliza sorriu com a promessa e seguiu com Leal, sem se rebelar. O que ela não sabia era que seu visitante, não era o rei e jamais o seria. Moisés entrou no alojamento das mulheres e essas se encontravam no salão, aparentemente sem ação e assustadas. Já ia lhes perguntar o que houve, quando sua atenção fora chamada para um desenho na parede. Era o desenho de dois bebês. Ambos com chifres e rabos, com enormes tridentes nas mãos. Em baixo os dizeres; "O filho e a filha do rei." Moisés fitou Liã e viu espelhado em seus olhos a mesma ira que sentia. Sem dizer palavra, subiu correndo as escadas e foi ao quarto de Afhany, abrindo sem bater e com violencia. Ela o fitou com expressão de enfado e nem um pouco surpresa ou preocupada com sua presença ali. _Deixastes os bons modos no passeio? Não acha que devia bater, antes de entrar no dormitório de uma dama? Saiba que pode, um dia, encontra-la acompanhada... Acho que não seria um episódio agradável para você... Moisés se aproximou a passos largos, mais irritado ainda e puxando-a levantou-a e segurou com força seu queixo. _Se isso acontecer, algum dia ,juro que a mato! Ela o fitou com desdém. _Acha que me importo? Já me divide com a fera. Ou acha que não sei? E minha vida não me é tão cara como pensa... Ele soltou-a e se afastou surpreso. _Como soube? – Ele disse se referindo a fera. Ela riu irônica. _Acha que eu e suas outras escravas, não comentamos seu desempenho na cama? Não acha que estranharia saber que seus olhos só mudam de cor quando se deita comigo? Tirando é claro, o dia do tal ritual, onde todas notaram essa anormalidade. Não foi difícil descobrir. Só juntei os fatos. Você é tão asqueroso quanto essa fera! Que toma sem pedir! Será que você por acaso sabe se o bebê que carrego pertence a você ou ao seu deus? Isso não o incomoda? _Sinto muito. Não tive escolha... A fera obrigou-me. Não era o que queria. É claro que o bebê é meu. Ele não pode ser minha essência, não pode gerar filhos através de mim, só pode sentir prazer... Pra ele gerar filhos teria que tomar a forma do tigre. – Moisés se explicou sem conseguir olhar nos olhos dela. Estava envergonhado por ela saber e por ele saber que elas falavam de suas intimidades umas com as outras. _E como se sente? – Afhany disse, como se tivesse colocando o dedo na ferida. _Não entendo. O quer saber? _Como se sente, sendo obrigado a fazer algo que não quer? Moisés entendeu. Ela queria mostrar-lhe, como ela se sentia. Ele se aproximou com olhos rasos d'água e quando tentou toca-la ela se afastou. _Porque não responde? Ah! Já sei! As mulheres aqui não tem direito de fazerem perguntas. – Ela disse, jogando lhe na cara suas próprias palavras. Não sabia que ela tinha cada momento guardado dentro de si. _Pare Afhany! Por favor... Sei que errei... Mas estou disposto a corrigir meus erros. O que posso fazer para que me perdoe? _Quero que me liberte.
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