_Mas liberta-la de que? Tu podes fazer o que quiser, quando quiser...
_Mas tenho limitações. E não quero que me toque... Nunca mais!
_Retiro-lhe os limites desde que não se deite com outro... Já quanto a não toca-la... Não posso.
_Não pode? Tu não é o rei? O todo poderoso? O que o impede? A fera?
_Não .Não é a fera. É que não poderia deixar de toca-la porque...a amo. – Ele confessou com sinceridade na voz. Precisava agir rápido pois sentia que estava a perdendo.
Afhany sentiu as lágrimas grossas e quentes que corriam por seu rosto e não se aguentando, começou a soluçar, deixando o pranto contido verter. Não esperava que ele lhe dissesse aquelas palavras. Não estava preparada para elas. Sentiu um nó em sua garganta. Nunca ouvira uma frase dita com tanta sinceridade, e não mais o fitou nos olhos.
_ Você só está dizendo isso por causa de seu filho. Teme que eu vá machuca-lo.
_ Não Afhany. Você é realmente a mulher que mais amei e que mais me deu prazer nessa vida. Claro que não quero que faça m*l a nosso bebê. É nosso filho! Você vai aprender a amar tanto a ele, quanto a mim. Eu te prometo.
_Saia daqui! – Ela disse zangada consigo mesma por estar acreditando nele.
Moisés se aproximou, e quando a abraçou, ela se aconchegou em seus braços. Quando ela se acalmou, Moisés lhe perguntou, enquanto beijava-lhe os cabelos.
_Porque fez aquele desenho?
Ela o fitou ainda em seus braços.
_Porque sei que a filha que espero, é a filha da fera.
_É minha filha. Já lhe expliquei.
_Mas terá o sangue da fera em suas veias, junto com o seu... E a proposito... Também o amo. – Ela disse e se escondeu entre seu peito largo.
Moisés riu e amou-a. Mas dessa vez não permitiu que a fera participasse. Essa, por sua vez, não se importou. Sua missão estava cumprida. Sua filha viria. E reinaria. E foi com um sorriso de alegria que abandonou o quarto e os deixou a sós pela primeira vez.
As concubinas que esperavam uma gritaria lá no quarto, se surpreenderam de como em alguns minutos, se calaram e ficaram silenciosos. Demy chamou uma criada e mandou que limpasse a parede, arrependida por não ter feito isso antes que Moisés visse. Aquela menina era um problema e acabava fazendo com que elas também fossem. Demy, por estar ali a mais tempo, se julgava no direito de ser a preferida do rei com sua postura, mas não adiantou. A menina o tomou de todas elas. Demy sentia que estava perdendo espaço no coração de Moisés. Não que ele a tenha menosprezado, ou faltado de a procurar com a mesma frequência de antes, mas ela sentia a cada vez que se deitava com ele, que ele preferia estar ao lado de Afhany. Não sabia como as outras ainda não tinham reparado nisso. E não seria ela a lhes contar. Temia por seu destino. Porque sabia que a rainha não mandava nada ali, mas o que Afhany pedisse, disso ela não tinha dúvidas, ele concederia sem pensar duas vezes. Era melhor não colocar essa preocupação nas outras ou poderiam até se voltar contra Afhany, e ela, do jeito dela, amava Afhany como a uma irmã. E também no fundo, sabia que Afhany jamais faria m*l a elas. Quando Moisés desceu, com um sorriso satisfeito espelhando em seu rosto, o desenho já não estava mais lá. Nem mesmo as concubinas ele viu. E então percebeu que já era tarde. Tinha que voltar para seu dormitório como todas as noites, para que Elisa não desconfiasse que ele não passara a noite com ela.
E assim, se passaram três meses.
Uma sombra maligna parou no coração de Matheus quando, já desconfiado descobriu após meses, que sua amante não era Afhany, mas sim, uma criada do rei. Não fez m*l a criada por entender que ela agia conforme era ordenada, contudo a traição fez a fúria e o ressentimento crescer-lhe no coração e começar a tramar uma vingança e tomar o trono. Fez um escândalo no palácio e todos puderam saber das artimanhas que Moisés preparara para ele. Já não andava satisfeito com a forma que seu irmão reinava ha muito tempo. E odiava ser obrigado a viver de migalhas, enquanto Moisés tinha tudo. Precisava de uma forma de m***r o rei. Ainda queimava de amor por Afhany a quem também desejava roubar. Assim que veio e se rebelou contra o irmão pela traição, jurou-o de morte e Moisés o despachou do palácio. Mesmo tendo sido expulso do palácio, tinha deixado ali fiéis que á tudo lhe informava. Teve então a ideia de envenenamento, enquanto que o sogro de Moisés, que se tornou aliado de Matheus, preparava homens para uma guerra que travaria com o rei, caso os planos do irmão se mostrassem fracassados.
Matheus chamou seu fiel amigo Otávio, que á muito planejava ver morto o rei, e combinaram como seria o envenenamento. Tudo tinha que ser feito nos mínimos detalhes. Matheus não podia perder a oportunidade que surgiria dali ha alguns dias.
Otávio esperara o dia em que uma festa se faria no palácio, para saudar o também aliado de Matheus, o pai da rainha. Que vinha para ver sua filha e lhe informar que se casaria novamente. E esse momento chegou. Moisés sem saber que sua vida estava por um fio, planejara uma grande festa para dom João, seu sogro. E como era muito poderoso, vieram reis de todos os reinos celebrar a alegria de Moisés. Ele ainda não falara com ninguém do palácio sobre a gravidez de duas de suas concubinas, por querer evitar a ira de Elisa contra elas. Era uma forma de protege-las. As criadas que as serviam também ficaram proibidas de contar sobre as concubinas para qualquer um que fosse. E na verdade, era a isso que Moisés celebrava. E não a visita de um rei que ele m*l podia suportar no mesmo aposento que ele. Mas era um bom disfarce. Avisou as concubinas, para ficarem todas de roupas largas, para que ninguém percebesse suas barrigas, apesar que ainda não estavam muito salientes. Pois algum curioso poderia querer ir conhecê-las.
Otávio viu que a hora chegou quando Dom João, levantara ao rei um brinde pelo seu próspero reino. Otávio se aproximou e se imaginando não observado despejou na jarra de vinho o veneno em ** que Matheus lhe dera. Fizera rápido. Realmente ninguém ali por perto percebera. Estavam todos conversando animados e não imaginavam que alguém pudesse querer o m*l de tão bom aliado e anfitrião.
Porém, as concubinas, que estavam todas a bisbilhotar escondidas por trás de uma grande cortina, (Pois foram proibidas de se apresentarem, pelo rei, tomado de temores que seu sogro se ofendesse, e não queria afrontar a rainha),incentivadas por Afhany, cujo espirito era rebelde, e convenceu Liã e as outras dizendo para isso, que m*l algum faria se descem uma espiada.
No momento que Otávio despejava o **, somente Afhany e Liã observavam-no, já desconfiadas daquele sujeito sem caráter, pois Demy o vira de segredos com um guarda do rei que abrigava Matheus. As outras estavam entretidas com os vestidos das damas que acompanhavam seus maridos ou seus pais. Afhany voltou-se para Liã um olhar temeroso. Liã a tranquilizou com um sorriso, que dizia nada de m*l ia acontecer ao seu rei.
Moisés já ia levando o copo a boca, quando uma voz suave e conhecida se fez ouvir em sua mente com um grito de pavor, que ecoou em todo seu corpo.
_"Cuidado! É veneno!"
E sem nenhuma explicação o copo pulou de sua mão, como se uma força invisível o empurrasse. O copo espedaçou-se no chão e um cão que fora trazido por algum dos convidados correu a lamber o liquido entornado no chão. E sob o olhar petrificado de Moisés e seus convidados, o pobre animal começou a espumar pela boca e se contorcer. E com um espasmo agitado morreu.
Moisés de um pulo se levantou com espada a mão, o que chamou a atenção de seus guardas que também tiraram suas espadas.
_Há um covarde entre nós! Por acaso não seria uma punhalada pelas costas, uma morte mais descente á um rei? Apresente-se e morra como o verme que é! Filho de uma cobra!
Moisés fitava a todos. Tinham olhares incrédulos e assustados, somente quando fitou sua esposa, notou um olhar diferente. Um olhar apenas indagador. Guardou sua espada sem parar de fita-la, pois brotava em seu coração a desconfiança de saber o possível mandante daquele intento.
_A reunião acabou. Agradeço a presença de todos me desculpando pelo lamentável acontecido. Tenham por favor a bondade de se retirarem. – Moisés disse cansado fitando a mesa ao lado de sua esposa que em momento algum demonstrou surpresa ou dor com a morte do cão. Havia algo de muito errado com ela. Essa tranquilidade não era comum as mulheres. Aliás, todas as outras mulheres que testemunharam o ocorrido ficaram horrorizadas. E justo ela, que era cheia de frescuras, silenciara. Como se soubesse que seria envenenado. Ou ela o odiava, ou não tinha sensibilidade alguma quando o que ocorria não lhe dizia respeito. Ele estava confuso.
Moisés sentara novamente, e esperou calado e impaciente que todos se retirassem. Assim que se viu sozinho, levantou-se e resoluto subiu ao dormitório e entrou nos aposentos da rainha.
_Porque atenta contra a vida de seu rei, mulher?
A rainha o fitou surpresa.
_Como podes desconfiar de sua esposa? Que motivos teria para tal mau ato? Esqueceu-se das juras de amor que ontem fizemos? Foram as tuas palavras mentirosas? Ou acredita que menti?
A face da rainha corou e a do rei também. Sem dizer palavra, se retirou do quarto. Envergonhou-se ao pensar que enganava essa pobre criatura, que ainda acreditava estar se deitando com ele.
Talvez sua consciência não o incomodaria se visse o sorriso irônico em seu rosto, ou tivesse lido seus pensamentos. Elisa o fitava com desdém enquanto o observava se retirar.
_Homem t**o! Acredita que não descobri as artimanhas que usara contra minha honra... Ela pensou quando Moisés saíra dos aposentos. Ainda vai pagar caro por ter ousado tamanho ultraje contra minha honra.
Eliza, se tornou cúmplice de Matheus, quando descobrira a manobra de Moisés. Na ocasião se sentiu ultrajada, mas não revelou ao teu amante que sabia-lhe a identidade, pois amava-o e passava momentos prazerosos ao seu lado. E tinha medo de revelar-lhe que a tudo sabia e ele se negar a voltar ao seu leito. Aquele sim era um homem que a valorizava e a amava como se devia amar uma rainha. Não. Não tinha motivos para desfazer-se dele. E amou poder jogar na cara de Moisés sobre o que conversaram a noite. Assim que Matheus descobrira da trapaça de seu irmão, ela ficou desconfiada. E nessa noite não dormira. Ficara vigiando até que os vira trocar de lugar. Mesmo que Moisés não dormisse no mesmo quarto com ela, ele sempre dava um jeito de desperta-la para dizer boa noite e ia para seu próprio quarto. Ainda teria sua vingança. Mas seria paciente. Agora curtiria a presença de seu pai no palácio, e aproveitaria para dar-lhe todas as joias que juntara de Moisés. Queria vê-lo ao chão lhe implorando piedade. Assim que Moisés se retirou e ela ficou a pensar, decidiu que era hora de ver Matheus. Ele já devia estar impaciente. Colocou uma capa com capuz e desceu até as masmorras, lugar onde ninguém ia, e um ótimo esconderijo. Assim que Matheus a viu, se levantou do banco em que estava sentado e a esperou se aproximar.
_Otávio me disse que nosso plano não deu certo. – Ele disse com raiva. – Onde eu estava com a cabeça quando decidi deixar que você planejasse a morte dele? Por mim, uma adaga envenenada que apenas rasgasse sua carne já o teria matado.
_ Acha mesmo? A fera o protege. Meu plano teria dado certo se algo de muito inusitado não houvesse ocorrido. Alguém tirou o copo da mão dele. Converse com seu deus, e peça sucesso em sua jornada, porque ele mesmo que está protegendo seu irmão. Mas tu podes dar a ele tudo e muito mais que Moisés dá.
Matheus começou a andar de um lado para outro passando a mão em seus cabelos nervoso.
_ Mulher louca! Onde fui me envolver? Acha mesmo que meu deus prefere Moisés a mim? Isso não foi obra dele. Meu deus não faria nada para salvar Moisés. Tem alguém no palácio mexendo com magia. Se não for essa a explicação, você está louca e vendo coisas. Não sei mais o que fazer. Essa era uma oportunidade única. Se você pelo menos ficasse grávida, teríamos um trunfo na mão. Mas não passa de uma inútil.
Elisa o fitou penalizada. Sabia que ele estava morando numa barraca de campo cedida por Otávio e vivia do dinheiro que ela lhe dava. Isso devia fazer com que se sentisse humilhado. Ela se aproximou e sentou no banco.
_ Eu posso já estar esperando o herdeiro do trono. Mas isso não vai adiantar nada se tiver alguém com mais poderes o protegendo. Procurarei fazer amizade com as criadas. Elas gostam muito de contar as coisas que acontecem aqui no palácio, apesar de se calarem na minha presença, pois dei-lhes ordens de não falarem comigo além do estritamente necessário. Mas são tolas. Se eu pedir que me contem e demonstrar interesse, falarão tudo que precisamos saber. Quanto a ti, fique tranquilo. Essa situação vai mudar logo. Meu pai e eu temos planos também. Não foi nossa última chance, e sim a primeira das tentativas. Ainda podem acontecer variados acidentes com ele.
Matheus sentou-se ao seu lado.
_ Você está mesmo esperando um filho?
_ Não sei com certeza. Mas o Médico poderá dizer.
_ Isso seria maravilhoso. Espero que esteja. De qualquer forma, irei conversar com Théo. Talvez me diga quem está protegendo Moisés.
_ Ótimo. Faça sua parte que eu farei a minha. – Ela disse e se levantou. – Você deve abandonar a barraca onde vive e voltar com meu pai para seu castelo. Não é digno de um príncipe que se prive de luxos e criados. Amanhã eu falarei com meu pai sobre isso. Espero que seja sútil. – Ela disse e se retirou.
Matheus gostou da ideia. Pena que não poderia levar Afhany consigo. Mas ele a teria. Por mais que desejasse voltar a ter conforto, o castelo de dom João era muito distante. Não poderia vê-la. Se arrependia de não ter lhe atendido aos desejos quando ela tentou lhe seduzir. Se tivesse feito, uma hora dessas, ela já seria sua. Agora era viver pra se lamentar até o dia em que a teria em seus braços. Ele estendeu os braços e bocejou. Estava exausto só com a perspectiva de que teria o reino para si aquela mesma noite, o que infelizmente não aconteceu e o deixou mais desgastado ainda. Entrou em uma das celas e deitando, dormiu em seguida.
Matheus acordou e deu de frente com a fera a observar-lhe. Levou um susto, mas depois acalmou-se. Seu deus não perdia nenhum detalhe e já devia saber que ele desejava vê-lo.
_ Foi você quem salvou Moisés ontem? – Ele perguntou.
_ Não. Mas se fosse preciso eu teria intervindo.
Matheus o fitou indignado.
_ Porque o protege tanto? Eu posso lhe dar muito mais do ele. Você não é deus apenas dele, mas de meu também. Não deveria fazer diferenças entre nós.
_ Por acaso ele tentou mata-lo? – A fera disse sagaz. – Não deve se envolver em mais nada contra seu irmão. Pois ele não tem apenas a minha p******o. E eu posso desistir de você. Não abuse de
minha boa vontade.
_ Fique do meu lado e eu lhe darei o que pedir. – Matheus disse audacioso.
A fera o fitou longamente.
_ O que eu mais queria seu irmão já me deu. Por isso peço que não atente contra a vida dele novamente. Não o deixarei sem nada. Faremos um acordo em breve e você terá seu próprio reino para não precisar cobiçar o de seu irmão. Tudo lhe será permitido. Te darei belas mulheres e uma rainha a sua altura.
_ Eu quero Afhany também. – Matheus disse se tranquilizando.
_ Veremos... – Por enquanto, deve ir para o palácio de dom João, como a rainha disse. Mas logo voltarei a te procurar. Deve fingir que concorda com tudo que eles combinarem de fazer contra seu irmão, porém deve manter suas mãos limpas do sangue dele. Na hora certa, você terá seu próprio palácio, com quantas concubinas desejar e uma linda rainha. Tenha fé em mim. Agora deve partir para a cabana onde se esconde antes que o palácio acorde. Matheus levantou-se, fez uma reverencia para a fera e partiu contente com as promessas de seu deus.
Naquela mesma noite, Moisés desejou ir dormir com Afhany, mas a presença de seu sogro no palácio o fez desistir, não poderia desfazer assim de Eliza. No entanto precisava de ir até o castelo das concubinas. Depois voltaria para o palácio. Já estavam todos dormindo mesmo, então ninguém daria por sua falta.
Moisés foi até o alojamento das concubinas e seguiu direto para os aposentos de Liã. Assim que a viu, essa já se encontrava em trajes de dormir. Aproximou-se e abraçou-a forte.
_Diga-me Liã, o que posso dar-lhe em agradecimento?
Ela afastou-se surpresa e confusa.
_Agradecimento?
_Ouvi tua voz... De alguma maneira salvou minha vida. Como fez aquilo?
Liã sorriu. Deve ter sido Afhany, mas ela não ia corrigir o erro. Sentia que ele estava muito apaixonado por Afhany e a havia deixado de lado por esse amor. Precisava agir rápido, para que não o perdesse.
_Amo-o. E enquanto estiver por perto, nada de m*l lhe permitirei que aconteça é uma de minhas missões. Quanto a como fiz, esqueceu-se de minha origem?
_Porque diz que enquanto estiver por perto? Pensa em abandonar-me? Saiba que não permitirei.
_Jamais o abandonaria de livre vontade, mas sinto uma nuvem n***a se aproximando. O m*l se tornando maior e mais forte que as forças do bem, e se isso acontecer, serei a primeira a ser golpeada pela morte já que estarei enfraquecida. Meu pai tem me buscado em sonhos e me falado de dias difíceis que virão. Temo que logo deverei partir para onde nasci.- Ela disse e ficou pensativa. Não fazia muito sentido desejar Moisés para si, já que não poderia ficar com ele mesmo. Se seu pai estava a alertando, era porque os deuses já haviam decidido algo que queriam esconder dos humanos. Só que agora ela não podia pensar só em si. Tinha um filho a caminho. E já o amava desde o seu ventre. Como poderia separa-lo do pai? Eram muitas decisões que precisava tomar. Ficaria ali até onde fosse possível e protegeria Moisés, das forças menores que se juntavam contra ele. Ela podia sentir.
_De que m*l falas? – Ele perguntou preocupado. Será que teria mais tentativas para mata-lo? Mas é claro que sim. Quem quer que tenha envenenado o vinho, tentaria de novo. Não desistira tão fácil.
_Esse que lhe rodeia. – Ela respondeu, mas ele nem mesmo ouviu suas palavras.
_Preciso descobrir quem está por trás disso... Temo que seja Eliza. Ela está diferente... E agiu tão distante quando o cachorro morreu aos seus pés... – Ele disse, não querendo acreditar que fosse ela. Pois teria que manda-la para longe e ele sentia culpa por ter se negado a se deitar com ela e feito ela se deitar com o médico sem saber. Logo ela que dava valor ao sangue nobre... Isso pra ela seria como desonra-la. E não estaria longe da verdade.
_Ela é tua inimiga, mas a mão que colocou o veneno, foi a de Otávio. – Liã disse interrompendo seus pensamentos, no que ele se voltou para ela imediatamente.
_Otávio? Mas o que ele ganharia com minha morte? A não ser que...
_Fosse recompensado pelo mandante. – Ela completou. - Ele, que lhe odeia adoraria a oportunidade. Creio que faria apenas pelo prazer de vê-lo morto. – Ela terminou. Não podia deixar para Afhany essa tarefa. Seria mais um ponto para ela.
_Sabe quem é o mandante?
_Sim. Seu irmão. Matheus.
Moisés fechou os olhos e quando os abriu estavam marejados de lágrimas. Então a culpa de tudo era mais dele do que de qualquer outra pessoa. Enganou seu irmão e quando ele se rebelou por culpa sua, ainda o exilou.
_Posso m***r Otávio, mas jamais farei algo contra meu irmão, afinal fui eu a lhe trair a confiança. Dei-lhe motivos para desejar minha morte.
_É por ele que o m*l se aproximará de ti, apesar de ele não ter culpa...
_Então que posso fazer? – Ele perguntou se aconchegando mais a ela e dando lhe um beijo na cabeça. - Afinal, ele é meu irmão. Já o bani. Quando o maior errado sou eu. Fazer algo contra ele está fora de cogitação.
Liã o observou por um momento.
_Sinto muito por sua escolha. - Ela disse e desvencilhando dele foi deitar-se.
Moisés saiu dali e foi ao dormitório de Afhany, onde alinhou-se no aconchego de seus braços, que já adormecida, nem percebeu sua presença. Sabia que não devia passar a noite ali, mas os braços daquela menina tinham o poder de lhe acalmar. E assim adormeceu.
No outro dia, bem cedo, antes que Afhany acordasse, Moisés se vestiu e se retirou. Assim que se viu do lado de fora do alojamento, ficou cara a cara com a fera.
_O que quer agora?
A fera sorriu e se esticou.
_É chegado o momento de nos unirmos para que se torne um deus.
_Não quero saber dessa história.
_Mas é seu destino.
_Pois renego-o. Só o que desejo é paz.
_Do que tem medo? Terá muitas vantagens. Será imortal, poderá ler o coração de seus inimigos e se proteger e a quem ama do perigo.
Moisés o fitou desconfiado. E até mesmo tentado.
_E o que teria que fazer, caso aceite?
_Faremos um ritual hoje a noite com a presença de suas concubinas, na Mata do Redô, terra natal de Liã.
_Não chegaremos lá a tempo, nem que saíssemos agora levaria no mínimo três dias.
_Tenho meus poderes. Com ele chegaremos lá em alguns minutos.
_Porque tão longe?
_Porque é lá que vive a magia.
_Quando devemos partir?
_Hoje a noite. Mas que seja um segredo. Apenas tu e suas concubinas devem estar inteirados desse encontro.
Moisés concordou com um aceno.
_Assim será.
Eles se viraram e tomaram direção opostas. Moisés voltou ao palácio e foi direto para seu quarto. Ainda era cedo, e todos estavam dormindo, apesar disso, já se sentia o cheiro de café que vinha da cozinha. Por um momento até pensou em parar lá. Mas seria muito arriscado, por isso tirou isso da mente. Tirou suas roupas e tomou um banho demorado. Depois disso, se sentiu mais relaxado. Se vestiu e quando estava prestes a sair do quarto, ouviu batida na porta. Ele abriu e deu de cara com Alfredo. Deixou que ele entrasse e se sentasse para conversarem. Moisés sabia que devia isso a ele.