A estrada ainda estava molhada quando peguei o carro pra levar o Theo de volta pra casa. O céu tinha aquela cor acinzentada de depois da tempestade — o tipo de cor que deixa o dia sem emoção, nem alegre, nem triste, só pesado. O menino estava quieto no banco do passageiro, mexendo no cordão do moletom que eu tinha emprestado pra ele. O rosto ainda tinha vestígios de cansaço e os olhos fundos de quem passou uma noite longa demais pra alguém da idade dele. — Tá tudo bem? — perguntei, quebrando o silêncio. Ele deu de ombros. — Mais ou menos. Você acha que a mamãe vai brigar comigo? Suspirei. — Acho que ela vai ficar aliviada por te ver. — Mas o Daniel vai estar lá. — disse, baixo. — Eu sei, campeão. Mas deixa comigo, tá? — prometi. Ele assentiu, mas não respondeu. O resto do caminho

