O REI PARTE II O QUE ACONTECEU DEPOIS

O segredo de Maureen

_ Não tente nenhuma conexão com ele novamente. Logo Klainer vai liberá-los e então vocês poderão conversar. Pessoalmente. Nada de tentar manter contato com alguém a distancia.

_ Não se preocupe. Não sei se quero mais vê-lo de novo...

Lenda a fitou longamente.

_ Ele não tem culpa. Mas a escolha é sua. – Lenda disse e se retirou.

_ Desculpe por ter contado a ela sobre sua vida, mas eu estava atrás de socorro para você... Me assustou muito a maneira que se comportou na refeição. Ninguém mais quis continuar comendo. Sua explosão fez com que todo mundo perdesse o apetite. Não tinha mais a quem recorrer.

_ Tudo bem. Acha que ela vai contar para papai?

_ Não. Lenda não é assim... – Me lembrei de algo. Mais tarde volto. – Samy disse e saiu correndo para ver se alcançava Lenda, mas não a encontrou mais. Então usou o túnel e foi até o castelo e bateu em sua porta.

Ela não respondeu. Sabia que era Samy do outro lado, e ela estava cansada de responder as questões infinitas dessas meninas que não aceitavam apenas uma palavra como reposta, tinha sempre que discorrer sobre o porque de alguma coisa. E isso lhe causava enfado. Mas ela continuava batendo insistentemente e isso atrapalhava sua concentração para conversar com sua linhagem. Deixou ela bater por alguns minutos para ver se ela desistia, mas ela era realmente muito inoportuna. Então com um levantar de sua cabeça fez que a porta se abrisse e ela continuava sentada em seu trono.

_ O que quer?

_ Não sei se devia contar isso para você ou meu pai, mas como papai não me daria ouvidos, resolvi que você saberá melhor o que fazer com essa revelação.

Lenda não disse nada, mesmo sabendo que a jovem esperava uma confirmação de sua parte. Apenas a fitava a espera do que poderia ser tão grave que não podia ter sido deixado para o dia seguinte. Ela na verdade, não acreditava que o que a menina tinha a lhe dizer seria realmente importante, por tanto, nem tentou entrar em sua mente para saber do que se tratava. Fosse o que fosse, não devia ser do seu interesse.

_ Hoje Maureen falou comigo, assim que você me avisou que já estava pronta e me esperava no alto da escada. Ele me falou pela mente, como se fosse um adulto. E me disse para não ficar no caminho de meu inimigo, pois era perigoso e até fatal. Ele disse como se estivesse me ameaçando. Eu tive medo dele. Achei que como você é quem fica a maior parte do tempo com ele, devia saber. – Samy disse e ao ver a surpresa e o terror nos olhos da ceifeira, se retirou satisfeita.

Assim que ela saiu, Lenda começou a flutuar deitada e murmurava coisas que aos ouvidos leigos, pareceria apenas devaneios de uma mente perturbada, mas as criaturas que estavam a ouvindo, sabiam o que ela estava falando. Tornou-se mais urgente ainda trazer Mary de volta. Foi a resposta que obteve. No entanto ela retrucou que antes deles, ela não podia fazer nada. E também temia a criança. Mesmo assim, mesmo ela falando de seu terror ao saber o que a criança estava dizendo, eles a orientaram a tentar manter uma conversa mentalmente com ele, para ver se ele tinha alvos, e receio dela, ou se era apenas uma ameaça para sua própria família. Devia chama-lo quando estivesse desprevenido para ver se ele a respondia. Ela não gostou nem um pouco dessa missão, porém, mesmo com seu medo, ela era a única chance de p******o para aquela família contra os poderes daquela criança, que ela já havia presenciado várias vezes. Mas, ele nunca os usava para o m*l. Sempre era para coisas simples, como aquecer o ambiente com energia de conforto quando uma das crianças começavam a chorar, ou até mesmo quando sentia que algum adulto estava triste. Era uma criança sensitiva e muito carinhosa, pelo menos, fora o que pensara até ali. Não havia modos de dizer a seus pais que se livrassem dele enquanto fosse tempo. Eles nunca admitiriam que trouxeram ao mundo, uma criatura das trevas. Ela também o amava. Sabia que ele tinha sugado poderes de sua linhagem, mas acreditava que havia feito sem querer, mas agora suas dúvidas sobre sua inocência se tornaram muito relevantes. Tentaria de tudo para traze-lo de volta para o lado do bem, mas essa escolha era dele. Mostraria a ele todas as vantagens de ser uma pessoa de bem e as desvantagens de servir ao m*l. Talvez o inimigo que conversara com Liane, também conversou com ele. Achava bem provável que isso tivesse acontecido. Mas Liane ela pôde ver uma luz brilhar no alto de sua cabeça quando entrou na sala de estar e parou para dar o recado de Klainer. Fora aquilo um aviso que ela era um alvo? Porque ele era tão meigo com ela, tinha todas as virtudes de sua linhagem... E quando estavam a sós que ele abria suas asas, ela ficava tão maravilhada. Eram tão prateadas... Ele era um ser lindo. Não queria ter que destrui-lo. Ainda tinha algo que poderia fazer com ele, sem que seus pais percebessem. Poderia trocá-lo. Ninguém iria desconfiar... Mas ela só chegaria a esse extremo se realmente ele não lhe desse outra escolha. Lenda desceu suavemente e abriu a poltrona onde deitou-se e adormeceu, ouvindo todas as instruções que seus aliados lhe davam.

No outro dia, durante o desjejum, todos pareciam mais aliviados, por ver que Liane, parecia mais calma. Com sua personalidade de sempre de volta. Porém o assunto não ficara esquecido por seu pai. Ele esperara por Louise durante a noite para que ela lhe desse alguma satisfação do que estava acontecendo com sua filha. Pois ela precisava passar por seu aposento para chegar ao dela. Porém, quando ela finalmente apareceu, não quis comentar sobre o fato e pediu que conversassem no dia seguinte pois encontrava-se exausta. Então ele foi dormir, mas estava muito preocupado com sua filha que não conseguia dormir mais de quinze minutos seguidos. Sempre acordava sobressaltado como se uma grande ameaça estivesse bem debaixo de seu teto. Então, seu humor não era dos melhores. E agora, todos pareciam mais tranquilo. Não havia mais tensão no ar e ele ficou na duvida se devia ou não intervir naquela calmaria antes de terminarem o desjejum. Não sentia vontade de atrapalhar a refeição de todos...

_ Pai? – Tomás chamou interrompendo os pensamentos de Moisés.

_ Sim, Tomás. Diga. – Moisés disse deixando de lado seus problemas para dar total atenção ao seu filho.

_ Estive olhando nossos guardas e acho que precisamos urgente treinarmos novos soldados, aproveitando que sessenta por cento de todo seu reino se encontra nesse palácio e nos castelos ao redor. Precisamos nos proteger. E deixar todos preparados para um possível ataque. Temos singates nos cercando... Eu posso vê-los através da janela, mesmo em meio ao ar cinza e nocivo. Eles parecem esperar que algo aconteça para nos atacar. Devemos estar prontos para repeli-los.

_ Nosso exército é o maior de todos os reinos meu filho... Estamos protegidos com ele.

_ Não! Tomás tem razão Moisés. – Simas disse aproveitando a oportunidade, já que vinha pensando nisso há dias. – Nossos guerreiros estão ociosos. Se fossem enfrentar uma batalha hoje, seriam derrotados facilmente. Precisamos coloca-los em forma outra vez e a ideia de Tomás faz muito sentido. Há muitos rapazes aqui na idade certa de entrar para seu exército. Não devemos desperdiçar uma chance tão propícia como essa.

Moisés ficou olhando de Tomás para Simas, até que tomou a sua decisão, com um longo suspiro.

_ Está bem. Convoque os rapazes que tem idade para treinar com nossos guardas, mas não obrigue nenhum deles. Apenas os que quiserem mesmo fazer parte do meu exército. Tomás, já que deu a ideia primeiro, você gostaria de convocar os rapazes?

_ Sim, papai. Hoje mesmo. Porém antes gostaria de fazer uma breve visita ao meu avô... Pode abrir o portal para mim?

_ Claro que sim. Porém não quero que fique lá mais de uma hora.

_ Combinado. – Tomás disse satisfeito e terminou seu desjejum, mas não queria ser o primeiro a sair da mesa, pois achava essa atitude muito deselegante.

_ Liane, vejo que está melhor hoje. – Moisés comentou não resistindo e vendo que a maioria já havia terminado o desjejum. – O que aconteceu com você? Talvez queira falar a sós comigo...

Liane quase engasgou. Ela não esperava que seu pai se dirigisse a ela depois de ela ter feito a descortesia de gritar a mesa e depois sair sem dar explicações.

_ Está tudo bem papai. Foi apenas um m*l entendido... Eu não estava me alimentando direito e isso parece que mexeu com meu humor de forma negativa. Mas agora já está tudo bem. Espero que me perdoe pela cena de ontem... Espero que todos me perdoem por estragar a refeição de vocês. Não foi minha intenção. São coisas de mulheres. – Ela disse e olhou primeiro para Samy que fingia não estar ouvindo nada e depois para sua mãe que lhe deu uma piscada.

_ Você sabe que pode contar comigo sempre, não? Quero que você confie em mim como seu pai e seu protetor. Porque se alguém ousar fazer m*l a você ou a qualquer um de meus filhos, vai conhecer minha ira.

_ Obrigada pai, mas realmente, ninguém fez nada de m*l comigo, eu que não estava muito bem humorada. Ficar um dia sem falar com Mentor foi a gota d´agua para mim.

_ Prometo que em breve voltará a falar com ele.

Nesse momento, Leal se aproximou e falou ao ouvido de Moisés, quase no mesmo instante em que ele sentiu três presenças diferentes em seu palácio, mas não ficou muito alarmado, por causa do recado que Lenda enviara por Leal.

_ Obrigado Leal. – Moisés disse e se voltou para sua família. – Acho que temos visitas na sala de estar. Por favor, não fiquem alarmados. São nossos aliados.

Imediatamente todos começaram a se levantar ao mesmo tempo, curiosos para ver quem era a visita, o que causou um pequeno tumulto, com o arrastar das cadeiras e todos querendo sair ao mesmo tempo. Ao chegarem na sala de estar, lá estavam dois guardiões e Lenda a espera-los. Moisés reparou que Lenda era mais parecida com um deles do que com os ceifeiros. Afhany assim que viu lenda pensou em seu filho preocupada. Porém Lenda lhe falou na mente que Maureen estava sendo cuidado em seus aposentos por Faliel. Afhany abriu a boca espantada. E puxou Moisés pelo braço. Assim que ele lhe deu atenção, ela cochichou-lhe ao ouvido.

_ Faliel está aqui. Está cuidando de Maureen!

_ Por isso senti três presenças diferentes e só tem dois guardiões aqui... Agora está explicado.

_ Você não se preocupa? Ele nunca apareceu para nenhum de nós e deixa Maureen o ver? O que ele pode estar querendo com nosso filho?

_ Fique tranquila. Ele não fará m*l nenhum a Maureen. Confie em mim. – Moisés disse como se estivesse em transe.

Todos se sentaram em poltronas e almofadas espalhadas pelo chão, e Afhany seguiu Moisés até uma das almofadas e sentaram-se lado a lado. Assim que o silencio reinou Liane e Samy começaram uma conversa entre si mentalmente.

“_ Você lembra dele?”- Liane perguntou para Samy.

“_ Do que você está falando? Para mim são todos iguais.”

“_ Não são não. Olhe direito. Aquele que está do lado de Lenda é um dos cavaleiros que nos encontraram nadando naquele oásis que na verdade só existia em nossa imaginação!”

“_ Ah sim! Agora me lembro dele sim. Ele parecia o mais encantador deles, pois foi o único que falou conosco. Pena que tem o maior jeito de ser eunuco...”.

“_ Deixe de ser debochada! O que tem na aparência dele que faz você pensar isso dele?”

“_ Na verdade, nada de especial. Apenas que parece, não só ele, como todos iguais a ele, que eles não sabem como é bom... Se divertir...”.

“_ De repente ele é virgem...”.

“_Oh! Isso sim o faria interessante... Eu tiraria essa virtude dele com todo prazer...”.

“_ Ele é bem bonito, não?”

Samy a fitou surpreendida com o tamanho interesse de sua irmã pelo guardião. E o fitou. Ele imediatamente voltou seus olhos para ela, e a encarou.

“_ Você já está tentando arrumar outro namorado? Nunca vi ninguém superar tão rápido quanto você. E eu que me achava a irmã fria...”

“_ Não disse isso. Apenas queria que você o notasse... Geralmente você só presta atenção aos rapazes dos mundo onde visitamos com papai.”

“_ E você acha que não prestei atenção nos rapazes de nosso mundo primeiro? Só que não achei nenhum compatível comigo...”

“_ Nem nunca achará onde está buscando.” – Liane foi categórica.

“_ Ele está me encarando há vários minutos já. Parece até que podem ler nossas mentes e estão esperando fazermos silencio para começarem a falar...” – Samy disse e tampou a boca para esconder seu sorriso debochado.

“_ Não ria sua tola! – Liane disse brava. _ Ele está mesmo lendo nossa mente!”

Samy perdeu a graça e o encarou de boca aberta e viu quando ele abriu um sorriso branco de dentes mais perfeitos que os de seu pai. Então ele ouviu toda conversa delas. Samy estava envergonhada. Chegou a pensar em sair da sala. Para que ela foi dizer aquelas bobagens. Olhou para Liane e lançou lhe o olhar mais irado que já tivera na vida. Assim que demosntrou intenção de se levantar, voltou-se novamente, pois ele começara a falar.

_ Hoje viemos aqui, para cumprir o que prometemos há muitos anos atrás... Viemos para restaurar a memória de Samy, Liane e Tomás. E liberá-los para que possam conversar com Mentor. Depois que estiverem com as memórias restauradas, explicaremos alguns detalhes do que deve ser feito. Porque se dissermos agora os jovens não iriam entender. – Ele olhou diretamente para Samy e estendeu a mão. – Samy, por favor... – Ele disse chamando-a docemente. O outro ceifador chamou Liane. Samy se levantou com as pernas tremendo tanto que nem percebeu o ar de alegria que enchia a sala. Tirando ela, Liane, Tomás e Brian, todos os outros estavam com sorrisos abobados no rosto. Liane alcançou o guardião que a havia chamado, antes de Samy chegar até o guardião.

O guardião pegou na mão de Samy e mostrou um pouco de sua energia para ela. Samy sorriu, ainda um pouco constrangida pela conversa que ele provavelmente havia ouvido, mas feliz com o flerte dele. Ela se sentiu, como não se sentia há muito tempo. Desejada! E isso era tão gostoso. Teve vontade de convidá-lo para irem a outro mundo passear, mas o teor de sua conversa com sua irmã, não facilitava em nada que ela pudesse flertar com ele. Ele então a puxou um pouco mais para perto e com sua mão livre tocou em sua cabeça. Ela sentiu uma pequena vertigem e resolveu fechar os olhos para não ver a reação dele quando ela caísse. Porém, com tudo voltando, suas lágrimas molharam seu rosto e explodia dentro de si uma revolta misturada com saudade. E foi com muito esforço que se manteve sem expressão. O guardião tirou a mão de sua cabeça e continuou segurando sua mão.

“_ Meu nome é Avell. Agora você pode se lembrar de mim, daquele dia no deserto.”

“_ Você foi o guardião que permitiu que Mary montasse em seu cavalo e ele cavalgou com ela em direção ao céu!”

“_ Sim. Isso mesmo. Deixarei que você cavalgue também, em um momento mais oportuno. Hoje vocês vão ter muito o que pensar...”.

“_ Eu adoraria...” – Samy disse encantada enxugando suas lágrimas com as mãos e vendo a tempo o guardião tirar sua mão da cabeça de Tomás. E Tomás era puro assombro. Não lembrava de tê-lo visto com aquele semblante e aquele olhar mortal antes. Ela olhou procurando Liane e a viu nos braços da mãe, soluçando sem parar. Ela voltou ao seu lugar, assim que viu que Tomás voltava para o seu. Diferente. Parecia outro homem.

Olhou para Avell, e ele estava com a mão na cabeça de Briam. Fora rápido. Briam, parecia não entender nada e voltou para seu lugar. Assim que estavam todos em seus lugares e Liane já tinha se acalmado, Lenda deu um passo a frente e começou a falar.

_ Como todos se lembram agora, o próximo passo é buscar Mary. Mas cuidado com o que dizem, pois a memória dela fora totalmente apagada. Apenas a guardiã que tirou suas lembranças sabe qual será a chave para que ela se lembre. Então vocês devem deixar que ela vá lembrando das coisas devagar quando chegar aqui. Moisés deve levar Samy até a cidade do mundo em que ela está escondida e deixa-la a procurar. Você Moisés, não deve ficar lá ou nem mesmo dar alguma pista para Samy. Faz parte do processo que ela descubra sozinha. No momento certo, você voltará para busca-las. Assim que você encontra-la, Samy, Você deve inventar uma forma de traze-la de volta para cá sem que isso a assuste, sei que isso não vai ser um problema para você, pois podemos perceber hoje que sua mente é muito fértil – Lenda disse e só continuou depois de ver que Samy estava tão atenta que ficou vermelha na hora. - Vocês devem se lembrar que ela não tem memórias referentes a outros mundos e muito menos de que vocês são a família dela. Tenham paciência e vão apresentando tudo a ela com carinho. Porque ela vai precisar ser acolhida com carinho e sentir que aqui ela é amada, pois as experiências dela no outro mundo foram um pouco... Traumáticas. Ela também não sabe dos poderes que tem, pois foram selados pelo próprio Faliel dentro dela, Mas assim que ela entrar nesse mundo, os poderes dela serão liberados. E ela estará muito mais forte que qualquer um de vocês, pois a força dela foi se acumulando ao longo dos anos. O que nos leva a outra questão. Como vocês devem lembrar, precisamos de uma força ainda maior que a dela. Que pode nascer da união dela com Tomás. Sei que já discutiram isso com exaustão. Mas devem continuar pensando nessa hipótese.