A verdade por trás das vozes

3238 Words
_ Não? _ Não posso leva-la até o reino de Klainer. Sinto muito por sua irmã. _ Mas, pode trazer esse ceifeiro aqui então? _ Não é possível. _ Não é possível ou não é de seu interesse ajudar? – Samy perguntou começando a ficar furiosa. Lenda a fitou séria, mas depois abriu um sorriso tranquilo. _ Samy... Quando digo que não posso porque é impossível, é porque não existe uma forma de entrar ou sair do reino de Klainer. Ele o selou assim que todos os ceifeiros estavam lá dentro. _ Mas... Então, pelo menos me ajude a conversar com esse ceifeiro mentalmente... _ Não é possível também. Ninguém que está lá dentro pode falar com outra pessoa que está em outro reino ou outro mundo. Eles estão totalmente isolados de todos os outros reinos e de todos os outros mundos. Agora preciso ir. _ Isso não é verdade! Liane está descontrolada dessa forma por causa de uma conversa que teve com um ceifeiro que está lá no reino de Klainer. – Samy disse rápido pois ela já tinha se virado para sair. Mas se voltou e fitou Samy com interesse depois de ouvir suas palavras. _ Não sei com quem ela conversou, mas não pode ter sido com ninguém de lá. – Lenda disse e levantou o rosto como se procurasse ajuda. – Onde está sua irmã? Preciso falar com ela. _ Não sei onde ela está, mas provavelmente está com a mãe dela. Quer dizer que não foi... Quem faria uma maldade dessa? _ Vocês tem inimigos. Pensei que teria mais tempo, mas percebo que essa criatura começou a agir... E eu deixei isso passar... _ Venha comigo. Levarei você até ela. Ela precisa saber que foi enganada. Está sofrendo demais porque acredita que foi rejeitada. _ A chamarei na sala de estar. Não quero que sua família saiba disso agora. Não podemos criar pânico neles, sem antes termos certeza do que aconteceu. Vou até meu aposento e voltarei dentro de alguns minutos. – Lenda disse e se retirou descendo para o túnel, flutuando como era seu costume. Samy voltou intrigada para a sala de estar e mais estava feliz porque tudo seria esclarecido para Liane, e ela se sentiria infinitamente melhor. Afinal era amor o que causava m*l a ela. Samy não entendia como Liane podia ser tão sensível. Ao longo dos anos aprendera a amar Tomás, mas nunca se sentiu dependente desse amor para ser feliz. Ainda mais que já fora apaixonada por Mentor também. Ela até achava que era melhor não se casar com uma pessoa a que se tinha tanto amor, para que sua cegueira pela paixão, não viesse a tornar o relacionamento um fracasso, mais tarde, quando a pessoas que se idealizou, acabasse decepcionando. Ela já tentou dizer isso tudo para Liane, mas ela sempre respondia que não conseguia evitar, e acreditava que conhecia todos os defeitos de Thelis, mas quando Samy lhe perguntou quais eram, ela simplesmente se calou. Sua volta a sala de estar atraiu o olhar de Tomás e de seu pai. Afhany ainda conversava com ele como se fosse uma criança, mas ele parecia não ouvi-la. Por um segundo teve vontade de dizer a todos o que havia causado aquele arroubo de raiva em Liane, mas se refreou ao saber que sua irmã não a perdoaria por isso. Ela se sentou ao lado de Tomás e ele lhe perguntou mentalmente o que havia acontecido. Ela então contou-lhe tudo. Tomás fechou a mão como fosse socar alguém, mas não conhecia o inimigo que fez Liane tão infeliz. Mas deixou claro para Samy que o mataria antes que causasse maior dano a sua família. _ Como pode mata-lo se nem sabe de quem se trata? – Samy perguntou achando divertido ver seu irmão agindo como Moisés. _ Ele logo dará as caras. Se já começou a atacar mentalmente é porque está bem próximo. Mas você reparou que esse inimigo só começou a agir agora, depois que os ceifeiros despertaram? _ Sim... Ele pode estar querendo chamar a atenção de Klainer... Mas acho que estamos preparados. Você conseguiu transformar os reis em deuses, não? Assim cada um poderá proteger seu reino. _ Sim. Estão todos protegidos. Mas acho que papai relaxou nos cuidados. O exército dele não fora renovado e não estou vendo movimentação de treinamento em combate. Isso nos seria muito útil. _ Você devia dizer isso a ele. Enquanto há tempo. _ Eu direi. Mas enquanto isso, enquanto não descobrirmos quem é nosso inimigo e come ele age, será melhor que não nos chamemos a distancia para conversarmos mentalmente. Faremos isso, apenas quando estivermos nos olhando cara a cara. _ Você tem toda razão. Nesse instante, você acha possível que o inimigo esteja ouvindo nossa conversa? Tomás pensou um pouco. _ Creio que não. Esse inimigo apenas atacou Liane, porque ela está muito frágil. E depois ela estava tentando manter contato com alguém que estava impossibilitado de escuta-la. Sinceramente acredito que o inimigo ouviu seu clamor por Thelis, porque não existia uma conexão a ser estabelecida. Ai ele aproveitou. Amanhã irei para o palácio de meu avô tentar descobrir alguma coisa sobre esse inimigo. Talvez dê para ficarmos preparados e prevenidos sobre seu ataque... – Tomas disse na mente de Samy e se calou por um tempo, pensando em sua mãe. A última vez que a viu estava muito estranha. Tranquila demais, não fez nenhum pedido estranho e nem mesmo perguntou sobre o palácio. Ele desconfiava que havia um traidor entre eles. Talvez algum dos criados, porque daqueles da família e dos guardas reais, eram muito unidos. Sentia que ela estava tramando algo e pelos olhos dela, estava tudo caminhando como esperava. _ Devo ir. – A vos de Samy em seus pensamentos interrompeu o fluxo de seus pensamentos. – Lenda está me chamando. Mais tarde lhe falarei sobre tudo. – Samy disse e se levantou para sair, no entanto Maureen estava parado bem na porta e a olhava intensamente. Samy passou a mão em sua cabeça. – Me dê licença sim? – ela disse gentilmente. _ Cuidado com o que você está fazendo! Não entre no caminho de alguém que tenha mais poder que você. Seria uma tolice... E pode ser fatal! – Maureen falou em sua mente e saiu de sua frente, indo brincar com as outras crianças como se nada houvesse acontecido. Samy saiu mais apressada. Aquele menino começava a deixa-la com medo. Não era próprio de uma criança falar daquela forma ameaçadora. E ainda lhe falou na mente, provavelmente ele não queria que soubessem do que ele era capaz. Ela encontrou-se com Lenda no topo da escada e juntas foram em direção ao aposento das meninas. Assim que Louise saiu da mesa, seu pranto veio num jorro forte. Nunca pensou que o sofrimento de sua filha poderia transformar sua personalidade. Agora restava saber o motivo de seu sofrimento para que ela tentasse elimina-lo. Estava realmente com o coração apertado por sua menina. Ela já devia ter tido a conversa que ia ter agora com ela há muito tempo, anos atrás, quando ela começou a se alimentar m*l e parou de sorrir. Era culpa sua que tivesse chegado aquele ponto. Ela tentaria corrigir seu erro agora, pensando positivamente que não era tarde demais. Quando chegou na sala de aulas, ela estava vazia, então foi para o aposento das meninas. Liane estava lá. Soluçando em seu travesseiro. Louise sentou-se ao seu lado e a puxou para seu colo, onde deixou em silencio, que Liane chorasse tudo que havia dentro dela. Chorou por vários minutos. Esperava que depois daquele pranto todo, ela estivesse disposta a desabafar. Aos poucos seu pranto foi diminuindo até se transformar em soluços. Então achou que era hora de terem uma conversa. Ainda nos braços de sua mãe, Liane sentia um conforto que já não sentia há anos. O colo de sua mãe também lhe fez falta... _ Liane, meu amor, você confia em sua mãe? _ Claro que sim. – Ela disse e Louise sentiu que ela estava bem mais calma. _ Então diga para mim, o que aconteceu anos atrás que a transformou desse jeito? _ Não posso lhe contar mamãe. Papai iria ficar furioso e não quero que nada de m*l aconteça com alguém por minha causa. Lamento muito ter ficado diferente. Não consegui agir de outro modo. Eu... Estava muito abalada. Nada conseguia trazer alegria para meu coração. Não via uma forma de ser feliz de novo... Me perdoa tá? _ Não há nada a perdoar. Mas quero que me diga o que aconteceu para que você desistisse de ser feliz. Seu pai não ficará sabendo. Essa é uma conversa entre nós, e jamais saíra desse aposento, qualquer coisa que vier a me contar. Confie em mim. Talvez eu possa te ajudar. _ Infelizmente ninguém além do tempo pode me ajudar. Com o tempo eu vou ficar melhor. Esquecer tudo que vivi... E buscar a felicidade em outro lugar. _ Não me enrole mocinha! Quero que me conte o que está acontecendo. Você se apaixonou? Liane levantou a cabeça e encarou a mãe. Havia muita inteligência e perspicácia naquela mente, quando todos a viam apenas como uma pessoa de personalidade dócil e fácil de se manipular. _ Sim, mamãe. Me apaixonei. _ E não deu certo? _ Mamãe... Até que deu por um tempo, mas tivemos que nos separar e quando tive a chance de falar com ele de novo, simplesmente terminou comigo, me dizendo práticamente que eu sou fraca e não tenho personalidade própria. _ Ele é um i*****l. Quer que eu mande o enforcar por tal audácia? – Louise disse séria, mas Liane riu. _ Pare mãe! Uma forca não o mataria. E também não desejo que nada de m*l aconteça com ele. Louise ficou calada um tempo. Estava processando o que sua filha acabou de deixar escapar. Talvez fosse mais grave do que ela imaginava. _ Você se apaixonou por um imortal? _ Sim. Com todas as minhas forças e com todo meu coração. _ Quem é ele, Liane? _ O nome dele é Thelis... _ O filho de Théo e Calisto? – Louise estava realmente surpresa. _ Sim. Ele mesmo. _ Como vocês se conheceram? Me conte tudo que aconteceu com vocês... Durante quanto tempo ficaram juntos? Liane então se abriu com sua mãe e lhe contou tudo. E voltou a chorar enquanto relatava todo amor que haviam divido e todos os planos que fizeram, sobre tudo que conversavam, sobre suas duvidas de que em qual mundo deveriam viver depois que se casassem, e finalizou contando sobre a despedida deles e tudo que ele lhe disse quando o contatou pela mente. _ Minha filha... Eu sei que quando amamos alguém dessa forma que você ama ele, é impossível esquecer. Você vai carregar isso por toda sua vida. Contudo, isso não significa que você não vai amar de verdade outra pessoa. Porque com o tempo, esse amor ai vai adormecer. Ele vai parar de lhe causar dor e você vai sempre ter as lembranças da parte boa desse relacionamento, mas ele vai deixar de ser prioridade em sua vida. E quando você amar de novo, vai saber que deve agir com cuidado, para não se machucar novamente, porque desse amor que ficou para trás, você vai levar as cicatrizes, mesmo que a dor não caminha mais junto com seus sentimentos. E quando você encontrar a pessoa certa, você vai se entregar sem temor novamente. Porque você vai encontrar a pessoa certa. E ele vai te fazer mais feliz do que você acreditava que aquela pessoa do passado que tanto almejou, poderia faze-la... Até lá, faça como Samy. Viva. Se divirta. Namore. Não há nada de errado nisso. _ Você se sentiu assim, como eu, quando papai parou de procurar você? _ Senti muita dor sim. Mas me controlei. Guardei para mim. E a infelicidade tomou conta de todo meu ser. Mas diferente de você, eu não demonstrava... O que foi um erro meu. Eu devia ter me consolado com minhas amigas. Mas não queria que elas tivessem mais esse peso para carregar. Mas eu acho, hoje, que se eu tivesse contado para elas, eu teria tido o consolo que precisava. Porém minha dor diminuiu quando Moisés nos libertou. Já não pensava mais nele o tempo todo... Ai surgiu Matheus. Sempre gentil. E eu fui me apaixonando por ele, porque ele fazia tanta questão de minha presença, que me fez sentir especial, de uma forma que seu pai nunca fez. _ Mas então você ainda ama papai? _ Amo. Mas não como antes. Ainda existe a lembrança dos momentos bons vividos e alegrias que ele nos proporcionava, contudo se ele me pedisse para abandonar Matheus e voltar para ele, eu jamais aceitaria. Porque a mágoa estaria sempre presente nesse relacionamento que foi rachado. Não seria feliz como fui um dia ao lado dele. _ Você demorou para esquece-lo? _ Um pouco. Mas depois que ele nos libertou, eu me distraia com outras coisas, com conversas com minhas amigas, cavalgando sem rumo, com cuidados com você, com livros que eu nunca havia pensado em pegar para ler. Isso me deu mais forças, pois eu passei a ter conhecimento de vários assuntos. Com você pode ser mais fácil, porque além de você ter ao seu alcance tudo que eu tive, você ainda pode viajar pelos mundos e ver diversificadas civilizações. _ Eu devia ter seguido todos os conselhos de Samy... _ Filha, sei que isso é muito pessoal, mas preciso perguntar... Você e Thelis chegaram a se deitar juntos? _ Não mãe. Thelis sempre me respeitou além do necessário... Eu gostaria que tivéssemos nos deitado quando me despedi dele, e ter engravidado. Pelo menos eu teria uma parte dele para sempre junto comigo. _ Talvez tenha sido melhor da forma que foi. Assim você está totalmente livre. Não terá que ficar pensando em como outro homem trataria seu filho. _ Você ficava preocupada com isso? _ Era meu primeiro critério para ver se alguém servia ou não para mim. _ Você teve outros pretendentes além do tio Matheus? – Liane perguntou sorrindo. _ Claro que tive. Até alguns príncipes vieram nos visitar para me conhecer... _ E porque escolheu o tio Matheus? _ Porque de todas as companhias que eu tive, só ao lado dele, me sentia verdadeiramente feliz. E eu sabia que ele jamais maltrataria você. Ele é o homem perfeito para mim. _ Mas o que ele fez com Liã não foi muito certo... _ Não. Realmente não foi. Mas ele era jovem e quis se divertir. _ É. E o efeito dessa diversão se chama Briam. As duas riram divertidas. Nesse momento Samy entrou no aposento, acompanhada de Lenda e Liane e Louise se entreolharam cúmplices. _ Se vieram me consolar, chegaram tarde. Minha mãe fez esse trabalho todo sozinha. – Disse Liane nem uma sombra de tristeza mais em seu semblante. Parece que aquela explosão que teve na mesa de refeições e sua conversa com sua mãe, lavaram sua alma, levando toda mágoa embora. Samy pensou em pedir a Lenda que não dissesse mais nada, mas assim que olhou para Lenda, viu em seu semblante que algo de muito grave acontecera e se calou ficando séria também. _ Na verdade, Lenda tem algo para lhe dizer. Sinto muito se isso reavivar sua dor, mas é necessário... Lenda se aproximou flutuando de Liane e a encarou nos olhos. _ Está enganada Samy. A dor dela ainda está presente. Só diminuiu de força. – Lenda disse pousando suavemente no chão e depois se sentou ao lado de Louise e Liane. – Então, Liane, alguém se passou por seu namorado e conversou com você? _ Não sei do que está falando... – Liane disse confusa, e olhou irada para Samy por ter contado seu segredo para aquela ceifeira. Por enquanto considerava todos iguais. Mentirosos e aproveitadores. Criaturas que só pensavam nelas mesmas e incapazes de sentir empatia. _ A voz que você ouviu era a mesma de seu namorado? – Lenda continuou sabendo bem o que Liane estava pensando, mas sem vontade alguma de retrucá-la. Suas ordens era de descobrir se o inimigo tinha poder de se fazer passar por outra pessoa fisicamente. Mas também era importantíssimo que soubesse se ele enganava bem também na reprodução da fala. _ Bem... Eu chamei por ele. Me concentrei nele, só ele poderia me responder, não? _ Não. Agora tenho certeza que outra pessoa pode entrar em contato com vocês usando suas tentativas para falar com alguém que esteja bloqueado. Ou seja, mesmo que ele não tivesse bloqueado, recomendo que não tente mais chamar ninguém a distancia pela mente. Continue conversando pela mente, mas somente quando a pessoa estiver bem visível para seus próprios olhos. Ainda não sei como descobrir se o inimigo pode se infiltrar se fazendo passar por algum de nós, ou algum de vocês... – Disse Lenda pensativa, mais para si mesma do que para as demais presente. – Então? Tente se lembrar da voz. Voc~e não teve duvida alguma de que estava conversando com seu namorado? _ Como assim? Não era Thelis falando comigo? _ Isso não é mais importante. – Lenda disse sem perder a suavidade na voz e Liane a fitou como se fosse ela fosse uma louca. _ Claro que isso é importante! Eu preciso saber. Lenda então se voltou para Samy e a fitou profundamente. Samy imediatamente entendeu que ela desejava que ela explicasse. Acabava de descobrir que Lenda não tinha paciência para pormenores. Então se aproximou delas devagar. _ Liane, sei que já estava aceitando que Thelis era... – Ela parou assustada olhando para Louise que a fitava tranquilamente. Sabia que havia se descuidado. Não sabia o quanto sua mãe sabia. E Lenda também a olhou surpresa. Parece que para ela também era novidade que Thelis era a paixão de Liane. _ Pode dizer Samy. Mamãe já sabe de tudo. _ Bem, se é assim... A verdade é que thelis se encontra impedido de sair de do reino de Klainer e também está bloqueado para conversar mentalmente com alguém que não esteja selado junto com ele no reino deles... _ Então... Como alguém poderia saber que eu estava o chamando? Não estou entendendo. _ Você pensou nele para criar uma conexão entre vocês e esse inimigo pode ter tido a consciência de seu chamado, pois na verdade, ele foi para o vazio, pois não tinha como você ultrapassar a barreira que impede Thelis de conversar com você... E esse inimigo pode ter encontrado ai uma chance para explorar suas fraquezas. – Samy disse insegura. _ Então não era ele... – Liane tomava consciência agora que se atormentara por causa de uma mentira. – Porque esse inimigo quis me atacar dessa forma? Eu não sou ameaça para ninguém... _ É sim. Desde que tenha poderes para se defender e destruir um singate sozinha, você tem sim, uma grande ameaça dentro de você. – Lenda disse parecendo um pouco ansiosa. – Então? Pense bem e lembre-se se a voz era a mesma de Thelis... _ Não sei dizer... Tem quase quatro anos que não ouço a voz dele, mas me parecia ele. Apenas com um leve tom de sonolência e enfado na fala... Lenda se levantou e saiu flutuando até a porta do aposento, mas antes de se retirar se voltou para elas.
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