Capítulo 3

1518 Words
Eu não estava preparada pra isso! Depois de alguns minutos decidindo se atendia ou não finalmente atendo e digo: -Alô, Davi, sou eu Amanda! Minha mãe me passou o seu número. Droga, que voz é essa? Sou um esquilo agora? Falei tão rápido que nem sei se ele entendeu. - Oi Amanda. Ela me disse que você ligaria. - A voz dele está diferente agora, mas também, ele era um adolescente naquela época. Mas pela entonação eu posso dizer que ele continua metido e eu ainda continuo odiando o jeito que ele fala o meu nome. - Estou incomodando? - Pergunto envergonhada. - Não, tenho alguns minutos. Ele parece meu chefe e não um primo. - Minha mãe disse que você irá ao casamento da Olívia e que poderia me dar uma carona. Acho que estou ficando vermelha, ainda bem que ele não pode me ver. - Claro, irei no outro final de semana. Tudo bem pra você? - Sim, já estarei de férias até lá. - Onde você está estudando? - Na Federal. - digo orgulhosa da minha única grande conquista na vida. - Sério? Vou estar lá em um evento na reitoria  às 9:30, passa lá e combinamos os detalhes da viagem. - Ele diz sem muita emoção. Oh, não! - Oh, claro! - ai meu Deus, eu continuo uma cagona perto desse homem! - Então, até amanhã, Amanda. - Até! - Meu Deus, como ele é formal! Burra, burra, burra. Quando desligo ouço a porta bater e vou ao encontro da minha amiga Beca que acaba de chegar em casa. Ótimo, uma distração! - Achei que não fosse voltar pra casa hoje! - digo. - Tive que ficar no trabalho até mais tarde pra compensar meu furo na sexta. Nunca mais falto trabalho por causa de homem! - ela diz. - Você diz isso agora. - eu brinco. - Não, essa vai ser uma lei pra mim a partir de hoje! - ela diz determinada - e você? Parece bem melhor! - E estou! Lucas é passado. - Você contou pra sua mãe? - Ainda não, sei que isso vai virar assunto na cidade. Ainda não estou preparada pra lidar com isso. - É, sua mãe estava realmente empolgada em unir as duas famílias. Bom, a mãe dele preferia a insuportável da Carolina, então não sei o que ela vai achar disso. Eu me lembro da vaca da mãe dele. Parece ser uma obrigação se casar com quem tem mais dinheiro que você, e a famí­lia da Carolina Tomazelli tinha uma fortuna. - Que se dane todos eles. Quando você vai voltar pra casa? - pergunto. - Só daqui um mês, nas vésperas do casamento da sua prima. Tenho muito trabalho a fazer e o chefe não vai me dar férias. - Que droga! - E você? - No outro final de semana, um primo meu está aqui e vai me dar uma carona. - Que primo? O Satã. - Acho que você não o conheceu, ele chama Davi e saiu da cidade ainda muito cedo. - Davi Cestari? Aquele lindo? - É - digo espantada por ela o conhecer - como você sabe quem é? - Como assim? A cidade inteira era apaixonada por ele! Bom, a cidade inteira eu não sei, mas eu era uma i****a apaixonada por aquele infeliz. Mas minha amiga não precisa saber desse meu passado constrangedor agora. - Ele está aqui? - Sim, parece que a negócios. Amanhã ele estará na faculdade, inclusive. - eu conto. - Na UFMG? - ela diz surpresa. - Aham, em algum evento na reitoria. - Eu vou! - ela diz determinada. - Sério? - pergunto surpresa da minha amiga ser mais corajosa do que eu em rever meu primo. - Claro! Que horas vai ser? - As 09h30min. - Vocé vai? - Ele pediu pra que eu fosse pra acertar os detalhes da viagem. - Meu Deus, vocé vai viajar no mesmo carro que ele! Não posso acreditar no quão azarada eu sou por não poder ir! Dou um sorriso sem empolgação. Parece que agora sou eu a ví­tima de feitiçaria. *** Depois dessa conversa voltei para o meu quarto pra terminar alguns trabalhos finais que ainda tinha que fazer antes do fim do semestre e estudar para as provas finais. No dia seguinte levantei antes do meu despertador tocar e fui correndo tomar meu banho, duas coisas raras de acontecerem. Me arrumei um pouco melhor hoje, porque não, depois de tantos anos não quero parecer um bagaço. Não na frente daquele ser do m*l. Escolhi um vestido azul marinho de alcinha com um decote coração que valorizava meu colo e fazia parecer que eu tinha mais peito do que realmente tinha. O vestido marca bem a cintura e a saia godê valorizava meu quadril e minhas coxas. O comprimento da saia é bem comportado indo até um pouco acima do meu joelho e nos pés uma rasteirinha com uma amarração até o meu tornozelo. Fiz uma maquiagem leve, carreguei só um pouco na máscara, porque cí­lios bem marcados é vida! Usei um batom nude que realçava minha boca carnuda de forma discreta. No meu cabelo fiz umas trancinhas nas laterais e prendi no topo da minha cabeça e deixei alguns cachos soltos, queria que parecesse bem despojado e bagunçado, mas meu cabelo tinha as manhas de sempre me deixar sexy e hoje ele estava arrasando! Durante a aula acho que olhei para o relógio de cinco em cinco minutos esperando pelo horário do intervalo. Saí­ um pouco antes da aula terminar e fui em direção à  Reitoria, combinei de encontrar a Beca no gramado em frente ao prédio. Beca faz nutrição e o prédio em que ela estuda fica longe do meu. - Nossa, que produção é essa? - Ela diz apontando para as minhas roupas, saí­ de casa mais cedo e ela não me viu arrumando. - Anda logo, vamos chegar atrasadas. - Corto o assunto, não quero que ela saiba o verdadeiro motivo da minha produção. Chegamos ao prédio e subimos pela escada que fica no meio do saguão, no segundo andar um rapaz nos informa que o evento está acontecendo no auditório à  esquerda. Quando entramos percebo que o evento já começou, o lugar não era muito grande cabem umas duzentas pessoas no máximo e estava lotado hoje, algumas pessoas viram o rosto pra nos olhar o que me faz corar de vergonha. Olho em direção ao palco e o vejo ali me encarando. Merda! Merda! Merda! Mesmo depois desses anos todos meu primo continua lindo! Ele logo desvia o olhar e não sei dizer se ele me reconheceu. Espero que não. Não, espero que sim! - ... e é por todos esses motivos que tenho orgulho de apresentar nosso convidado e homenageado de hoje Davi. Oi? Só pode ser o fim dos tempos. E esse é o anti cristo. Beca me olha com uma expressão que provavelmente deve ser igual a minha, nunca iria imaginar que o evento era em homenagem a ele e como não ouvi nada do que aquele homem falou não faço ideia do porque disso. Ele logo assume o lugar do homem que falava antes e eu não posso deixar de reparar nele em um terno cinza chumbo perfeitamente cortado, a pele morena dele continua a mesma e o cabelo preto agora em um corte um pouco mais curto, ele parece ter 1,80 de músculo. Meu Deus, ele parece um deus grego!! Olho rapidamente pra minha amiga e percebo que ela deve estar pensando o mesmo que eu, o queixo dela caiu e parece que ela vai começar a babar a qualquer minuto. Ele passa os próximos vinte minutos falando sobre novas tecnologias, energias renováveis e internet das coisas e eu faço o meu melhor pra prestar atenção em tudo o que ele fala. Assim que termina seu discurso todo o auditório se levanta e aplaude, logo que ele se afasta do microfone vários fotógrafos e dezenas de pessoas se aproximam para cumprimentá-lo. Essas pessoas podem se enganar por esse rostinho bonito e esse corpo sarado, mas eu te conheço Davi Cestari! Você é o m*l que voltou do lago das sombras para me assombrar. Mas esses olhos do pecado não tem mais o mesmo efeito em mim. - Eu vou até lá. - diz a Beca pra mim. - Tem um monte de gente em volta dele! Sem chance que você consegue chegar perto! - eu exclamo. - Duvida? Só preciso de uma selfie pra mostrar pra todas aquelas garotas da nossa cidade. - ela diz empolgada. - Boa sorte, então! - digo um pouco frustrada por não ter a mesma coragem em falar com ele. Depois que a Beca se afasta eu saio do auditório procurando por um banheiro, ainda é cedo e vou ter bastante tempo para almoçar antes de ir para o estágio. Encontro o banheiro depois de alguns minutos, parece lotado, mas decido esperar pela minha vez. Saio do banheiro ajeitando minha bolsa e os cadernos na minha mão e vou em direção à  escada que me leva a saí­da do prédio, quando desço o último degrau e me viro rapidamente para a porta acabo tropeçando em alguém que faz com que meus cadernos caiam todos no chão. Me agacho rapidamente tentando juntar todos aqueles papéis que significavam minha vida durante esse semestre sem notar no homem em que eu havia tropeçado e se abaixava pra pegar um dos meus cadernos, quando levanto meu olhar vejo o mesmo terno cinza que tinha visto lá dentro, me levanto do chão e vejo os mesmos olhos que me olharam há anos atrás. - Oi Amanda. Merda é ele!
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