Eu não sabia se estava fazendo a coisa certa em vir com Giovanni a um restaurante tão chique como esse. Saí do carro sentindo um arrepio estranho. O arrogante era até educado, quando queria, abrindo a porta e me conduzindo para dentro do lugar.
Estranho e me deixou ainda mais atraída por ele. m***a! Os Hormônios estão me sabotando.
Assim que pus os pés no restaurante, fui observada por muitas pessoas, tanto por quem trabalhava lá quanto por alguns clientes.
Eu quis me enfiar em um buraco. Não sabia o que fazer, o que dizer, nem como resolveria essa situação.
Ao chegar à mesa, ele me ajudou a sentar, afastando a cadeira. Meu coração ficou pequeno. Jamais pensei que algo assim pudesse acontecer.
Meu plano era me formar, pagar a faculdade, arranjar um emprego e os filhos ficariam para um futuro bem distante, contudo, uma ida à clínica e um bebê apareceu. Eu nem aproveitei a parte boa do s**o.
Eu vivia uma vida tão boa. Sai de casa sem preocupação, não tinha hora para voltar, mas claro, tinha que avisar a minha mãe. Eu podia crescer na minha carreira, contudo, com a chegada de um filho isso mudaria tudo.
— Bem — Ele começou, cruzando as mãos em cima da mesa. O loiro estava tão nervoso quanto eu. — Nenhum de nós dois imaginou que isso poderia acontecer.
— Quem em sã consciência sonharia com isso?
Provocá-lo era um instinto. Eu nem media as palavras. Parecia que o filtro do meu cérebro sumia toda vez que o encontrava.
— Que tal deixarmos de lado todo o ódio que nutrimos um pelo outro?
Não sei se isso é possível.
— Estou tentando, mas não consigo. — Era verdade. Eu não conseguia e isso era r**m. Significava que nós dois nos odiaríamos para sempre.
— Vamos com calma. — O encarei e fiquei surpresa com o controle, e mudança, dele. — Bea... Beatriz...
— Porque toda vez que fala o meu nome, você fica assim? — Cerrei os olhos, com raiva.
— Sabe porque o médico confundiu e inseminou você?
Por que ele era um louco. Um i****a que deve ser processado.
Tentei lembrar, mas no momento eu estava tão furiosa e desesperada que pouco pude ouvir.
— Porque... — Balbuciei.
— Porque minha ex se chama Beatriz. Usou-se do meu sobrenome e nosso casamente já acabado, para me dar um golpe, só que ela não achava que algo assim pudesse acontecer. — Claro, é até compreensível. Mas não justifica. Eu não queria ser inseminada. — Essa mulher me machucou de muitas formas. E o pior de tudo foi usar meu sêmen sem meu consentimento. Já tínhamos nos separado, ela achou que isso me faria mudar de ideia. Perdi tudo o que tinha, todas as chances de ter um filho, até você aparecer. — Certo, ele tinha um bom ponto. Será que ele sempre é um b****a ou só quando fica irritado? Não! Óbvio que ele é sempre o b****a. Tem uma história triste, mas não justifica o modo de agir e falar com as pessoas. — Olha, eu sei que fui grosso com você.
— Olha, ele admite. — Ironizei.
Vi que o tirei do sério outra vez. Acho que já virou costume. E é bom vê-lo com o cenho franzido, me olhando f**o, como se fosse me comer viva. E o pior? Mesmo achando ele um i****a, eu até gostaria disso.
— Sou muito exigente, gosto de controlar...
— Pontos ruins. – Já bastava a minha mãe me controlando, vou ter que suportar um qualquer, só porque será pai do meu filho?
— Você quer parar de me interromper? — Ficou irritado.
— Olha, não sou como as mulheres que vivem ao seu redor.
— Percebi. — Zombou.
— Não fico calada, não levo desaforo para casa, sou irônica a maioria do tempo, odeia ser comandada...
— Ou seja, o destino uniu, para sempre, duas pessoas que são quase tão iguais, que se repelem e não aguentam estar no mesmo lugar que o outro.
Perceber isso me deixou quente de novo, trazendo a garota chorona de volta.
— Deus só pode estar me punindo. — Me abanei.
— Você quer fazer o favor de parar de chorar e se abanar? — Giovanni olhou para os lados, com medo de que as pessoas nos ouvissem.
— Como não vou me desesperar, se você e eu nos odiamos?
— Temos que achar uma alternativa, pois não vou abrir mão de estar com meu filho.
— Vou acabar maluca.
— Sou eu quem vai enlouquecer. Você é impossível de tolerar. — Levantei uma das sobrancelhas e o encarei com ódio. Poderia pular no pescoço do i****a e enfiar o garfo em sua garganta.
— Eu sou insuportável? — Giovanni notou que as palavras não ficaram apenas na sua cabeça, então deu um sorriso falso.
— Assim como você, às vezes não filtro minhas palavras.
— Então comece a tomar cuidado, ou meu bebê vai nascer sem um pai.
— Bea... triz.
— Me chame de Triz, se for melhor para você. — Cerrei os olhos.
— Obrigado. — Revirei os olhos, cruzando os braços, encostando na cadeira, pedindo a Deus que tudo isso seja um pesadelo. — Triz, podemos fazer um acordo.
— Que tipo de acordo? — Franzi o cenho.
Giovanni pensou, pigarreou e se aprumou. — Você é jovem, inteligente e não planejou esse bebê.
— Humm...
Continuei esperando o que mais ele diria. Com certeza vou desejar m***r ele no final da frase.
— No meu caso, é a única vez que posso ter um filho. Penso que possamos achar uma saída para não precisarmos conviver constantemente um com o outro. Pois será r**m, uma criança crescer em um ambiente no qual os pais se odeiam. — Apoiei na mesa, ficando mais perto dele. Óbvio que não sou de ferro. Esse homem é tudo de r**m, no qual eu poderia imaginar, mas o desgraçado é lindo. Tem um olhar que me faz estremecer. A voz grave é excitante e o corpo todo malhado. Como um homem tão b****a pode residir em um frasco tão bonito? — Não se irrite, apenas me ouça.
— Me diz uma coisa — me estiquei para chegar mais perto e sussurrei: — No final dessa frase, vou desejar m***r você? — Pela expressão dele, notei que sim. — Antes que comece a dizer algo que me faça pular no seu pescoço, vou dizer uma coisa. — Giovanni me encarou sério, com o olhar intenso que quase me desmontou. — Você pode ter rios de dinheiro, ter uma boa justificativa triste, parecer um ator de cinema, mas vou passar o resto da minha vida na cadeia, deixando nosso filho aos cuidados da minha mãe, caso você seja i****a o suficiente para propor algo absurdo como comprar meu filho.
— Não seria isso. — Continuei o encarando de perto.
— Ok.
— Acho que teremos que achar uma forma de nós darmos bem. — Óbvio que ele iria propor algo absurdo como comprar meu bebê.
— Vamos fazer o seguinte: volto para a minha casa, tomo um bom banho, me enrolo no meu colchão macio, choro desesperadamente e resolvemos depois, quando eu encontrar uma forma de aceitar que estou grávida de um b****a estranho que me irrita até quando respira.
— Você tem um dia.
— Um dia? — Repeti.
— Sim, você terá um dia para si, depois, vai ter que me suportar até esse menino, ou menina, completar sua maioridade e assumir o meu lugar.
Sem pensar, o puxei pela gravata, aproximando nossos rostos. Não sei o porquê, mas meu coração foi à boca, não parei de encará-lo enquanto ele sorria. Um belo sorriso sexy que me desmoronou.
— Odeio quando as pessoas comandam a minha vida.
— Odeio quando uma mulher não faz o que mando.
— Tome cuidado ou vou m***r você.
— Sinceramente, estou começando a gostar disso.
— A é?
Giovanni se aproximou. Ficou tão perto da minha boca que pensei que me beijaria, mas o b****a só estava me provocando.
— Agora, bem agora, com você tão perto, senti um desejo fora do comum.
— O quê? — Me assustei, voltando para o meu lugar.
— No final das contas, podemos nos dar bem.
— Fiquei bem longe de mim.
— Muito pelo contrário, eu estou em todos os lugares. — Não sei se isso é uma provocação ou era seu lado dominante falando. — No seu trabalho, casa, quarto, banheiro. Quero estar a todo momento com você, enquanto meu filho estiver na sua barriga.
— Vou pedir uma medida protetiva, você não me provoca.
— Não ouse me afastar do meu bebê.
— Meu bebê!
— Nosso bebê! — A curva em seus lábios me irritou.
— Vou embora, já que não temos mais nada para falar.
Levantei-me, tentando ignorá-lo.
— Levo você para a sua... casa.
— Vou de táxi.
— Vai comigo. — Também levantou, fechando o botão do terno.
— Prefiro ir andando.
— Você vai comigo.
— Quem pensa que é?
Giovanni afastou a cadeira, veio até mim, sem medo de que eu o chutasse novamente.
— O pai do seu filho. — Disse olhando no fundo dos meus olhos. — Infelizmente.