bc

Cartas engarrafadas (Vol.2)

book_age18+
291
FOLLOW
1.6K
READ
sex
fated
goodgirl
heir/heiress
drama
gxg
city
coming of age
friendship
seductive
like
intro-logo
Blurb

Após sucessivos fracassos Joana Blanc está mergulhada em um profundo sofrimento e se condena ao exílio. Longe da família e dos amigos, ela busca o recomeço vivendo sem os privilégios do seu sobrenome. Na Itália, a jovem está em busca de oportunidades e autoconhecimento e por isso o seu legado familiar não lhe importa mais.

chap-preview
Free preview
Benvenuto
Deixar o Brasil pensando em começar uma nova jornada na Itália foi à decisão mais audaciosa que eu tomei na minha vida. Ainda que eu soubesse que existia uma maneira mais madura de lidar com os problemas que estavam me afundando em um grande poço de fracassos, preferi fugir no calor do momento e me libertar de tudo que estava me sufocando, principalmente em relação ao constante controle dos meus pais e a pressão do meu legado familiar, que em pouco tempo deixou de ser o meu sonho e passou a ser o meu pesadelo. Cheguei a Nápoles e ainda no aeroporto liguei para a Lauren, que ficou surpresa ao saber que eu queria vê-la e convidou-me para ir ao seu encontro em Salerno, cidade onde morava a família dela. Como estava me sentindo perdida preferi seguir viagem para encontrá-la e após alguns minutos de estrada desci do ônibus congelando, era a semana de ápice no inverno da Itália e mesmo usando um bom agasalho o frio estava me castigando. - Bem vinda à Itália Joana! Não esperava vê-la assim de repente. A Lauren me recebeu com um abraço caloroso como se nos conhecêssemos há muito tempo. - Decidi viajar de última hora. Só não esperava enfrentar um inverno desses. Declarei sorrindo. - Os dias estão frios de verdade. - Estou sentindo. Afirmei rindo. - Preciso de um lugar para me hospedar. Conhece algum nessa cidade? - Você vai ficar comigo na casa dos meus pais. - Eu agradeço, mas não quero incomodar ninguém. - Não será incomodo. A minha família é muito receptiva. - Prefiro me hospedar em alguma pousada. - Vamos comer e depois você decide onde ficar. Não há como pensar direito de barriga vazia. Sugeriu com simpatia e só em ouvir falar de comida meu estômago doeu. Segui-la por algumas ruas até uma espécie de vila com vários casarões coloridos. O lugar tinha uma energia agradável e um cheiro familiar de comida italiana que me fez sentir em casa. Com um sorriso nos lábios a Lauren me apresentou a sua avó materna, uma senhora muito gentil; ao irmão mais novo, um menino de sete anos; e por fim a sua mãe, uma mulher com uma aparência jovem e um sorriso carismático como o da filha. - Seja bem vinda a Itália e a essa casa Joana. Você pode deixar as suas coisas no quarto da Laura e tomar um banho para vir comer. Orientou-me a senhora Martina Bianchi. - Seu nome é Laura? Perguntei sorrindo. - Lauren é o meu nome artístico. - Devo chamar você de Laura ou Lauren? - Prefiro Lauren. - Entendi. Onde posso tomar banho? Perguntei sorrindo. - Nessa porta. Você só tem que esperar a água ficar quente. Se resolver lavar os cabelos, sugiro que use o secador pra não congelar os fios. Quando terminar pode ir até a cozinha. Sorri agradecendo sua atenção e me desafiei a tomar um banho de cabeça mesmo estando com muito frio. Para minha felicidade cabelos curtos eram fáceis de secar. Depois do banho vesti uma camisa de manga, além de um moletom e casaco com forro duplo e ainda fiquei com frio. Não estava pronta para tanto gelo embora sentisse que o meu coração estava frio antes mesmo de fugir do Brasil. Segui para a cozinha e depois de me sentar ao lado da Lauren a senhora Bianchi me serviu um prato generoso de tagliatelle à bolonhesa. A massa e o molho estavam incríveis assim como os da minha mãe e eu repeti o prato sem fazer a menor cerimônia.  Após a refeição comecei a sentir um sono difícil de controlar e até cochilei sentada. - Você precisa dormir um pouco. Vou preparar a cama ao lado da Laura. Disse a senhora Bianchi e eu agradeci sua atenção. Estava quase tombando de cansaço e ainda sim demorei a relaxar. Era estranho dormir em uma cama que não era a minha, em uma casa com pessoas que eu não conhecia e para piorar sentindo um frio que me fazia tremer por fora e por dentro. ... Saí do meu quarto até a cozinha. Ao deparar-me com a minha mãe levei um susto. - Onde estava Joana? O que está fazendo filha? Ela parecia muito assustada. - Não estou fazendo nada demais mãe. Comecei a sentir uma dor forte na barriga. - Filha você não pode mais continuar desse jeito. A voz da minha mãe ficou distante e eu comecei a vomitar sangue. Muito sangue. E para piorar eu não conseguia pedir ajuda. Quando parei de vomitar comecei a cuspir meus dentes. Fiz de tudo para colocá-los de volta enquanto uma angústia sem explicação me tomava com uma força avassaladora. E diante do desespero eu comecei a chorar e me debater. ... - Joana! Ouvi a voz da Fernanda. - Desculpa acordar você assim. Mas era a Lauren. - Ainda bem que me acordou. - Você estava chorando. - Foi só um pesadelo. - Quer voltar a dormir ou ir tomar um café comigo? - Eu não tomo café. Deixa a minha cabeça muito agitada. - Bebemos uma taça de vinho do porto. Sugeriu e eu fiquei quieta. - Você não parece muito bem. Estava com problemas quando nos despedimos no Recife. Conseguiu resolvê-los ou está na Itália tirando férias deles? Ela questionou olhando nos meus olhos. - Vamos tomar o café que sugeriu e podemos conversar. Afirmei chamando a atenção dela que começou a mexer no guarda-roupa procurando algo. - Usa isso pra não congelar na rua. Disse rindo e me entregando uma touca de algodão e cachecol cinza. - Obrigada. Não trouxe agasalho suficiente. Esqueci que o frio aqui é doloroso. Admiti sorrindo. - Você quer me contar do seu pesadelo ou prefere não falar? - Sonhei que os meus dentes estavam caindo. Foi angustiante. Revelei terminando de me agasalhar e logo nós duas saímos. - Assim que você desceu no ônibus eu fiquei com a impressão de que estava angustiada. - Foram as horas de voo. Respondi sorrindo. - A Alice me contou que você estava saindo com duas garotas ao mesmo tempo. Ela me olhou estranho. - Por favor, não me julgue por isso. Pedi envergonhada. - Não vou julgar. Decidiu sair de férias repentinas por esse motivo? Insistiu na pergunta e eu preferi falar a verdade. - Eu me envolvi em vários problemas nos últimos meses e por isso decidi me afastar de tudo para respirar um pouco. Só não contei que iria respirar um ar tão gelado. Brinquei e ela sorriu. - Quero apresentar você a uma pessoa. - Pode me apresentar a quem quiser. Tenho certeza que seus amigos são legais como você. - Não costumo decepcionar minhas amizades, mas senti que decepcionei sua amiga. - Quem a Alice? Estranhei. - Sim. Notei que ela ficou diferente quando mencionei que namorei a Emanuele. - A Emanuele prima dela? Olhei-a segurando a vontade de rir. - Sim. Inclusive conheci a Alice na casa dela. Contou inocente. - É possível que ela tenha ficado com ciúme por saber que vocês foram namoradas. Falei por saber que a Ali sempre teve uma paixão pela prima. - Pensei que a Alice não fosse ciumenta. - Ela não é. Porém com a prima é diferente. Você namorou a Emanuele por quanto tempo? - Uns oito meses. Infelizmente ela não gostou do jeito com que me relaciono com as pessoas. - Fiquei curiosa. Pode me falar que jeito é esse? - Vai saber quando lhe apresentar a Cilene. - Essa Cilene é sua namorada? Você e a Alice não estão mais juntas? Estranhei. - A Cilene não é minha namorada e a sua amiga também não. Apenas nos divertimos juntas. - Você é bem prática. Comentei rindo e gostando cada vez mais do jeito dela. - Gostaria de dizer o mesmo de você, mas namorar duas garotas ao mesmo tempo, sem que uma saiba da outra não é nada prático e muito menos justo com as meninas. - Você disse que não me julgaria. Olhei para ela. - Não estou julgando, apenas sendo sincera. Parece que estava procurando por confusão. - Eu realmente perdi a compostura, como disse a minha mãe. O ano passado foi atípico. Ela deu risada. - A Alice disse que uma das garotas que você ficava é o amor da sua vida. - Podemos mudar de assunto? Pedi desconfortável. - Desculpa. Não vamos mais falar nisso a menos que você queira. - Agora você vai me dizer quem é Cilene? Questionei rápido para o clima não ficar estranho. - Entra, você vai conhecê-la. Gosta de café com baunilha? - Eu bebo o que você pedir. Falei parando ao lado dela na fila do caixa. - Dois cafés com baunilha e dois zeppole. Onde está a Cilene? Ela perguntou a moça do caixa após fazer o pedido. - Conversando com um fornecedor. Logo ela volta ao salão. - Joana você conhece esse doce? - A minha família é de origem italiana. - Entendi porque fala italiano com tanta familiaridade. Rimos juntas. - Qual é mesmo seu sobrenome? Ela perguntou quando nos sentamos. - No momento não tenho sobrenome. Falei rindo e ela pensou que eu estava brincando. - Quanto tempo pretende ficar no país e quais lugares você quer visitar? - Eu pretendo aproveitar a minha dupla cidadania e viver aqui. - Por isso eu não esperava. E em que cidade está pensando em morar? - Qualquer uma onde eu consiga um trabalho. - E quais são suas habilidades? Continuou me questionando. - Sei falar italiano, inglês, espanhol e português. E isso é tudo. Declarei rindo. - Durante o verão você pode trabalhar em muitos lugares, principalmente com o número de turistas que circulam por essa região. No inverno, sugiro que trabalhe no verão. Demos risadas juntas. - Lauren, namorada nova? Uma moça alta, magra e dos cabelos pretos mais curtos que o meu se aproximou da mesa. - É uma amiga nova. Cilene, essa é a Joana! Ela estendeu a mão para me cumprimentar. - Joana essa é a Cilene namorada da minha mãe. Fiquei surpresa com a informação. - Muito prazer Cilene! - O prazer é meu. De onde você é? Perguntou curiosa. - Do Brasil. - Espero que goste da Itália e do meu café! Uma moça nos serviu e eu agradeci. - Tenho certeza que vou gostar. Declarei ainda um pouco surpresa. - Esse doce é especial. Como ela estava me olhando tratei de provar o doce. - É muito gostoso. Adorei. Afirmei me deliciando e a Lauren riu de mim. - Falei alguma coisa que não devia? Perguntei preocupada e ela continuou rindo. - Você se sujou toda com o açúcar. Dei risada e me limpei um pouco sem jeito. - Se você se lambuzou é porque gostou! Disse a Cilene. - Vou deixá-las conversando e voltar ao trabalho. Bem vinda à Itália Joana! Ela se despediu com simpatia. - Linda ela não? Questionou a Lauren. - Sua mãe tem bom gosto. Declarei e nós duas rimos. - Os meus pais são adeptos do poliamor. Os dois namoraram uma moça por anos, a Anna, que é a mãe biológica do Pietro. - Seu irmão não é filho da sua mãe? - É sim, só não biológico. Ele nasceu do relacionamento dos meus pais com a Anna. Só que há dois anos ela foi estudar e trabalhar em Roma e todos eles seguiram caminhos diferentes. Agora minha mãe namora a Cilene e o meu pai tem outra namorada, a Giane. - Seus pais se separaram porque a Anna foi embora? - Não, eles não separaram, mas cada um tem uma namorada. Os dois são casados e se amam muito. Os meus pais enxergam a monogamia como uma limitação da evolução humana. - Estou tentando entender. Admiti interessada. - É diferente quando os envolvidos concordam. Ela me cutucou com sutileza. - Você pensa como seus pais? Questionei curiosa. - Sim, totalmente. Porque se limitar a amar e compartilhar a vida com apenas uma pessoa? - Não posso opinar. Cheguei à conclusão que não consigo me comprometer com ninguém sem decepcionar a pessoa ou magoá-la. Sou uma destruidora e não construtora de relações. - Está pegando pesado consigo mesma. Bebe o café que o seu humor melhora. Ela sugeriu com leveza e eu dei risada. Permanecemos no café mais um tempo e depois voltamos para a casa dela onde fizemos uma refeição mais simples antes de nos recolhermos. - Eu acordo bem cedo e vou pedalar. Deixo você dormindo ou quer sair comigo? Ela perguntou depois que eu me deitei confortavelmente debaixo das cobertas. - Dependendo do meu cansaço eu vou com você. Declarei sem me comprometer e ela sorriu. - Boa noite Joana! - Boa noite Laura! Rimos juntas e eu me virei para dormir, mas não consegui relaxar. Estava frio demais e mesmo com o aquecedor ligado eu senti que estava congelando. - Posso deitar com você? Vai ficar mais confortável. Ela propôs e eu fiquei receosa. - Você precisa de um corpo quente ao seu lado. Disse se enfiando por baixo das minhas cobertas e me abraçando por trás. - O seu cheiro é muito gostoso. Sussurrou agarrando meu corpo. - Obrigada, mas não fica falando assim perto do meu ouvido não que é... s*******m. Falei em português. - Conheço essa palavra, s*******m. Ela me fez rir. - Vamos dormir abraçadas como amigas, pode ser? Pedi rindo e ela concordou. Finalmente consegui relaxar com o calor do corpo dela e dormir de verdade. E a noite de sono me fez muito bem, tanto que acordei disposta e decidi sair para pedalar com a Lauren. Seguimos por uma faixa exclusiva para ciclistas até um píer e na volta paramos para tomar um café com baunilha, que no frio do inverno era muito bem vindo. Depois voltamos para a casa dos pais dela e eu me ofereci para ajudar à senhora Bianchi na cozinha e ao fazer isso foi impossível não pensar na minha mãe. Imediatamente tentei imaginar como ela recebeu a carta que pedi para a Alice entregar, que não era apenas um aviso da minha fuga, mas também um comunicado de que eu estava abrindo mão dos “benefícios” de ser uma Blanc. - Está com saudade de casa? Perguntou a Martina. - Eu costumava ajudar a minha mãe quando ela cozinhava. Até tudo começar a mudar. - O que mudou? - Eu me ocupei com outras coisas. - Entendo. A Laura costumava vir a Salerno com frequência. Agora ela tem muitas ocupações. - A vida dela parece ser bem agitada. - É muito. Ela sempre viaja de um lugar para o outro quando não está comprometida com projetos na gravadora. A Laura é muito enérgica desde pequenininha. Ela não para por nada. Declarou mostrando-se orgulhosa da filha. - Desculpa não ter ficado pra ajudar mãe. Precisava resolver um assunto do trabalho. Disse a Lauren ao entrar na cozinha. - Sem problema. A Joana está me ajudando e o almoço vai ficar pronto em alguns minutos. - Tenho uma festa pra ir hoje e eu quero saber se você quer ser minha companhia? Convidou-me sorrindo e eu respondi animada. - Será um prazer. - Espero que goste de dançar. - Gosto muito. Afirmei sorrindo. Precisava de uma festa para livrar-me do trauma da última que participei. Depois do almoço a Lauren sugeriu que descansássemos para sair à noite, mas nós duas ficamos distraídas ajudando à senhora Bianchi com uns artesanatos que ela fazia para vender durante o verão, na temporada em que chegavam os navios que era o momento em que a cidade recebia muitos turistas. No início da noite quando começamos a nos arrumar tomamos algumas taças de vinho com a Martina só para esquentar e depois de prontas seguimos para o local da festa pedalando. - Vocês fazem tudo de bicicleta por aqui? Perguntei brincando com a Lauren. - Temos um elo familiar com as bicicletas. Meu avô paterno fabricava e chegou a ser sócio de uma empresa, mas foi roubado e acabou adoecendo depois disso. Anos depois o meu pai conseguiu provar que ele foi enganado e agora ele é sócio da empresa e trabalha nela. - Que história. - Eu cresci indo para todos os lugares de bicicleta. Em Nápoles não uso porque o lugar que eu passo mais tempo é no trabalho e eu moro no mesmo prédio da gravadora. - Você mora no trabalho? - Meu apartamento fica dois andares acima do meu trabalho. - Imagino que você nunca se atrase. Brinquei com ela. - Sou pontual em todos os meus compromissos. Chegando ao local do evento ela me apresentou a todos os seus amigos e conhecidos e imediatamente eu me senti acolhida por eles. Os italianos e brasileiros não são diferentes em termos de intensidade, são animados, falantes e amigáveis em sua maioria. Andei com a Lauren por todos os lugares da casa noturna que parecia ter ocupado o galpão de alguma fábrica antiga e que teve o ambiente modernizado pelas cores, pinturas e artes nas paredes. - Quero apresentar você a uma pessoa. O pai dela é um dos empresários mais conhecidos na Itália. Ele é dono de uma rede de hotéis e trabalha com navios. Quem sabe ela não pode indicar um trabalho pra você. Só de ouvir falar em hotéis e navios eu pensei no meu pai e fiquei com uma dor no estômago. - Essa é uma área que eu não quero trabalhar. Declarei em tom incisivo e ela me olhou como se tentasse me entender. - Apresento você em outro momento se preferir. - Eu prefiro. - Entendi. Vamos dançar? Sugeriu me puxando pela mão e eu a segui até a pista de dança. Estava determinada a ficar longe de qualquer coisa que lembrasse minha família. A Lauren não me permitiu desanimar e nós duas dançamos juntas até o dia amanhecer. Em muitos momentos estávamos coladas e quase nos beijamos, mas nada aconteceu. Diverti-me bem acompanhada e sem beber nada alcoólico. Quando a música parou de tocar nós duas nos preparamos para voltar para casa de bicicleta, mas dessa vez com o desafio de pedalar na chuva e na lama. Tentei me segurar para não escorregar, mas acabei perdendo o equilíbrio e levando uma queda considerável. - Você está bem? Ela perguntou rindo de mim. - Estou ótima, mas vou andando daqui em diante. Afirmei rindo. - Você é desastrada. Ela disparou ainda rindo de mim. - Vamos caminhando juntas. Disse descendo da bicicleta e alguns metros a frente ela escorregou na lama e caiu sentada. - Você foi rir de mim. Vem cá que eu te ajudo! Estendi a mão para ajudá-la e a puxei para perto de mim. Sorrindo ela me abraçou e colocou os braços ao redor do meu pescoço. - Você é linda Joana! Elogiou me olhando nos olhos. - Obrigada. Eu digo o mesmo de você! Sorri pra ela. - Passei as últimas horas desejando um beijo seu. Confessou me fitando. - Fico lisonjeada, mas é melhor sermos apenas amigas. Sorri sem tirar os olhos dos dela. - Um beijo não vai fazer com que não sejamos mais amigas. Considerou ainda me olhando fixamente. - Estou sozinha nesse país e preciso de uma amiga. Podemos continuar apenas assim? - Está tudo bem. Eu consigo lidar com a sua rejeição. Ela disse rindo e dando um passo atrás. Seguimos caminhando até a casa dos pais dela e ao entrarmos e tirarmos os casacos sujos de lama um homem alto, forte e calvo veio em nossa direção. Sorrindo ela se atirou nos braços dele e eu deduzi que fosse o senhor Bianchi. - Joana, esse é o meu pai, Leonel Bianchi. Pai essa é a Joana, a amiga brasileira que lhe falei. - Está gostando da Itália e de Salerno? Ele me cumprimentou puxando para um abraço. - Estou gostando sim. As pessoas são acolhedoras, em especial sua família. - Nossa casa está sempre aberta a pessoas do bem. A Laura disse que você tem bom coração. Fiquei sem jeito. - Ela quem tem um coração lindo senhor Bianchi. - A isso com certeza. É uma filha de ouro. Além de muito bela, não é verdade? A Lauren deu risada e eu respondi sem hesitar. - É uma italiana belíssima! Declarei sorrindo. Muito simpático o Leonel começou a me perguntar coisas sobre o Brasil e depois a senhora Bianchi se juntou a conversa e os dois se mostraram interessados em saber mais ao meu respeito, me fazendo perguntas que eu não esperava responder tão cedo. - Pai, mãe, por favor, não cansem a Joana com tantos questionamentos. Pediu a Lauren e eles riram. - Quero conhecê-la. Espero que não se importe Joana. Disse o Leonel. - Tudo bem. O meu pai sempre disse que devíamos ouvir as pessoas para conhecê-las. Respondi por hábito.  - Aqui fazemos perguntas quando temos interesse na pessoa. A Lauren não costuma trazer as amigas a nossa casa desde que se mudou para Nápoles. Imagino que você seja especial. Fiquei sem graça por saber que nós duas m*l nos conhecíamos. - Vocês estão sempre na expectativa de que eu apresente uma namorada. A Lauren disse rindo e eu novamente pensei nos meus pais. - Você é livre para namorar ou se relacionar do jeito que bem entender filha. Disse a Sra. Bianchi. - Você está na Itália passeando? Perguntou o senhor Bianchi. - Estou aqui pra ficar. - Legalmente? Ele questionou. - Sim, eu tenho dupla cidadania. Minha família é de origem italiana. - Está de volta a sua origem, que ótimo! E os seus pais pretendem voltar a viver na Itália? - É pouco provável. Minha família tem uma vida bem estruturada no Brasil. Sou apenas eu aqui na Itália. Estou traçando um caminho diferente e independente dos meus pais. Tentei não mostrar minha mágoa ao falar. - Está realmente sozinha na Itália? A senhora Bianchi mostrou-se preocupada. - Sim, eu só conheço a Lauren e agora vocês. Sorri sem jeito. - Joana quantos anos você tem? Ela estranhou. - Completo dezenove em algumas semanas. - Seus pais estão apoiando sua decisão de vir morar na Itália? Perguntou o senhor Bianchi e eu senti que não podia mentir. - Eu me desentendi com a minha família e o meu pai propôs que eu me separasse deles. - Seu pai expulsou você de casa? Estranhou a Martina. - Diria que ele me expulsou da família, porém a decisão de vir morar na Itália foi toda minha. - Uma decisão motivada pelo que você ouviu do seu pai? Ela continuou perguntando. - Ouvi coisas difíceis do meu pai por ter me envolvido em situações que respingaram na imagem da minha família. Tenho consciência dos limites que ultrapassei nos últimos meses e por isso decidi me afastar de tudo e de todos que envolvi nas situações que me coloquei. Os Bianchi se entreolharam. - A Lauren não mora em nossa casa desde os dezesseis anos quando a emancipamos. Ela vive a própria vida, viaja, faz as turnês dela e isso a tornou muito responsável. Você tem dezoito, quase dezenove parece uma moça inteligente, que sabe o que quer. Se der atenção ao que é verdadeiramente importante, certamente irá trilhar um caminho de sucesso na vida. Declarou o senhor Bianchi e as palavras dele me fortaleceram. - Considere que tem uma família na Itália Joana, como está longe da sua mãe pode correr para esta casa quando precisar de um afago maternal. Ofereceu à senhora Bianchi. - Agradeço o carinho e o acolhimento de vocês. Confesso que cheguei aqui muito abatida, mas sinto que agora vou seguir meu caminho de cabeça erguida. Declarei sentindo-me confiante. - Está dando um grande passo na sua vida. Todos nós saímos do ninho algum dia. Disse a Lauren pegando na minha mão. - Eu vou usar você como exemplo e inspiração. Afirmei olhando nos olhos dela e sorrindo. Poucos dias ao lado dos Bianchi me fizeram enxergar a diferença entre uma família que acolhe e incentiva em comparação a uma que controla e faz inúmeras cobranças. Fiquei me perguntando que tipo de pessoa eu seria se tivesse a compreensão dos meus pais? Eu poderia ter cometido erros, mas também poderia ter os encarado de outra forma se tivesse recebido mais atenção do que pressão. 

editor-pick
Dreame-Editor's pick

bc

FETISH WITH THE BOSS

read
2.8K
bc

Bad Luck

read
1K
bc

A Marrenta e a Dona do Morro

read
30.2K
bc

Golden Boy

read
1.2K
bc

Apenas Amigos

read
6.5K
bc

Pacifier Boy

read
1K
bc

Meu Coração é Arco-Íris

read
1K

Scan code to download app

download_iosApp Store
google icon
Google Play
Facebook