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Sofia
Cheguei ao clube, um lugar que antes era uma casa noturna elegante, com bebidas caras e shows sofisticados, mas que agora, sob nova direção, havia se transformado em um antro de prazeres noturnos, frequentado por homens ricos e poderosos, com segundas intenções. A música alta e pulsante, a fumaça de cigarro e o cheiro doce e enjoativo de perfume barato me atingiram como um soco, um prenúncio do que me esperava naquela noite.
Vou até o camarim, segurando a bolsa com força, desconfiada de todos ao meu redor. "Sofia!!!", ouvi Marina me chamar, com a voz carregada de animação, tentando me contagiar com sua energia. Ela era mais nova do que eu, havia largado a escola, fugido de casa e agora sustentava o namorado com o trabalho no clube. Eu procurava não tocar no assunto, mas sabia que ela tinha noção da situação, embora não compreendesse completamente as consequências.
"Como está sua mãe?", perguntou ela, calçando uma meia-calça rendada, a pele bronzeada brilhando sob as luzes coloridas do camarim.
Sempre levava meus amigos em casa, era algo que deixava minha mãe feliz, um breve momento de normalidade em meio ao caos. Marina não era nem um pouco tímida, se despindo enquanto conversava normalmente, algo esperado de quem trabalhava ali. Ela colocava adesivos de silicone nos m*****s, ajustava a lingerie com desenvoltura e retocava a maquiagem com movimentos rápidos e precisos.
"Está bem, ela gostou muito da sua visita," sorri, lembrando do quão feliz minha mãe havia ficado com a presença de Marina. O brilho nos olhos dela, a alegria genuína em meio à névoa da demência, era um presente raro e precioso, um momento de luz em nossa rotina sombria.
"Irei levar um purê de abóbora na próxima visita...", Marina murmurou, distraída, enquanto vasculhava a penteadeira em busca do seu vício.
"Não entendo por que faz isso consigo mesma," comentei, a voz carregada de tristeza. Era doloroso ver alguém tão jovem se afogando em vícios, buscando uma fuga ilusória da realidade, perdendo-se em um labirinto de autodestruição.
Marina pegou um pequeno frasco de vidro, cheirou o conteúdo com um sorriso amargo e guardou-o na bolsa, os olhos vidrados e distantes. "Acredite, se eu não fizer isso, não vou suportar os clientes... Ajuda a esquecer um pouco das minhas inibições... dos problemas...", disse, levando um copo de bebida aos lábios, o olhar perdido em algum ponto distante, como se estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia escapar. "Mamis disse que o seu uniforme chegou... Bom, já vou arrancar dinheiro daqueles pobres homens infiéis."
"Não vai dançar hoje?", perguntei, já que ela sempre estava no mastro, rodando como um peão, abrindo o saco do uniforme, um pressentimento r**m me invadindo, a sensação de que algo muito errado estava prestes a acontecer.
"Não! Me querem na pista hoje...", ela sussurrou, mandando um beijo no ar antes de sair do camarim, o corpo esguio e sensual balançando o corpo.
"Mas que merda... é... essa...", murmurei, encarando o pedaço de tecido que havia sido designado como meu uniforme. Uma meia calça arrastão, um body preto completamente rendado de manga longa, revelando mais pele do que cobria, as tiras finas e provocantes desenhando meu corpo como uma armadura frágil.
"Eu vou ficar atrás do balcão! Eu vou ficar atrás do balcão!", repeti para mim mesma, tentando me convencer de que estaria segura ali, longe dos olhares famintos e das mãos atrevidas, buscando uma falsa sensação de proteção em meio àquele ambiente hostil.
Já no salão, Mamis, como gostava de ser chamada, a organizadora de tudo, nos passava as instruções da noite. O ambiente pulsava com a música alta e sensual, as batidas graves vibrando no meu corpo, as luzes coloridas piscando freneticamente, criando uma atmosfera de luxúria e perdição, onde os desejos mais obscuros se manifestavam.
"Sofia, você vai cuidar do balcão, ok?", disse ela, e eu senti um alívio momentâneo, como se tivesse encontrado um refúgio em meio ao caos. Pelo menos ali, teria o mínimo de contato possível com os clientes. "Lembrando, meninas, suas máscaras, por favor! Nada de remover, ok? Agora, se divirtam!"
Gozado, não? Ela, no seu pedestal, supervisionando tudo, enquanto nós, as engrenagens daquela máquina de prazeres, éramos expostas à humilhação, aos xingamentos, aos gestos obscenos, vendendo nossos corpos e almas em troca de algumas notas. Divertido para ela, com certeza.
"Nossa, miau, que gatinha ela está...", Marina comentou, aproximando-se com um sorriso malicioso, os olhos brilhando sob a influência da droga, a língua úmida lambendo os lábios pintados de vermelho.
"Eu tô torcendo para estar invisível, acredite!", respondi, sentindo o corpo todo tenso, a pele arrepiada sob o olhar predador dos homens que já começavam a ocupar o salão.
Marina logo se misturou à multidão, o corpo sinuoso serpenteando entre os homens, o sorriso provocador nos lábios pintados de vermelho. Sentada no colo de um homem de meia idade, com as mãos atrevidas deslizando por suas curvas, ela dava atenção a outro, com o rosto afundado em seu colo em um dos sofás de veludo vermelho do salão. A cena me deu calafrios, um presságio do que me esperava, um vislumbre do inferno que se desenrolaria naquela noite.
"Meu bem, por que não me mostra o que sabe fazer com essa boca tão chamativa e apetitosa, hum?", um homem disse, colocando uma nota alta no balcão, os olhos fixos em meus lábios, a voz carregada de lascívia.
"O que vai querer do cardápio?", perguntei, ignorando sua fala, tentando manter a compostura, a voz trêmula.
"Nada, você não está... vamos, me diga o seu preço... posso reservar até um quarto, mesmo com o preço tão alto, vale a pena a experiência!", ele disse, o olhar descendo para o decote revelador do meu uniforme, a luxúria estampada no rosto.
"Experiência?", estreitei os olhos, a raiva começando a borbulhar dentro de mim, uma mistura de nojo e indignação.
"Claro, já estive com brancas, mexicanas, asiáticas, mas uma n***a, não tive esse prazer", ele completou, e eu senti um misto de repulsa e humilhação, como se fosse um animal exótico em um zoológico humano.
Antes que eu pudesse responder à altura, Mamis apareceu, arrastando Zoe, que mancava e parecia dopada, os olhos semicerrados e a fala arrastada.
"Preciso de você lá em cima!", disse Mamis, sentando Zoe em um dos sofás de veludo puído, o corpo da garota tombando para o lado, os olhos quase fechados. "Por que me dá esse trabalho hoje, menina!" Questionava, enfurecida com Zoe por seu comportamento apático e inconveniente.
"Nos quartos?", o medo me paralisou, a garganta seca, o coração acelerado. Eu havia ouvido histórias sobre o que acontecia naqueles quartos, e nem mesmo as garçonetes escapavam dos abusos, das mãos que apalpavam, das bocas que mordiam, dos gritos abafados pela música alta e pelas paredes finas. Quantas vezes Marina precisou da minha ajuda para se levantar da cama, os olhos vermelhos e a pele marcada, depois de uma noite com um cliente particularmente agressivo? A ideia de estar a sós com aqueles homens me causava náuseas, um terror visceral que me enrijecia os músculos.
"Não, no último andar, nas salas VIP. Preciso que sirva o pessoal e lembre-se: nada que se faz ou se diz lá pode, de alguma forma, sair!", ela disse, a voz fria e autoritária, sem espaço para questionamentos. "Pra que aquele seu namorado franzino foi terminar logo hoje..... isso que dá dar chance a um feio, ele começa se achar bonito e pronto, acaba com vocês em dois tempos! Eu disse a você, Zoe, pra deixar aquele orelhudo!" Dizia, sua irritação com a situação de Zoe transbordando em comentários ácidos e desnecessários. "Logo quando o chefe tá na casa...." Eu m*l conseguia prestar atenção em suas palavras, meu foco estava no medo que me consumia.
Engoli seco, sentindo um calafrio percorrer minha espinha. A atmosfera do clube se adensou, o ar carregado de fumaça, álcool e uma tensão palpável. Eu me senti como uma presa indefesa, cercada por predadores invisíveis, prestes a ser levada para um lugar sombrio e desconhecido.