CAP 3 - INDO AO TEU ENCONTRO

5000 Words
Gabriel liga em vídeo. Mel espera alguns segundos e atende. Gabriel: - Boa noite! - fala com o sorriso de sempre. Mel ao ver aquele sorriso que tanto a encantava, retribui com um sincero e largo sorriso também dizendo: - Boa noite. Gabriel: - Como foi seu dia? Mel: - Foi bom. Consegui um patrocinador e colaborador para a entidade. Gabriel: - Coisa boa. Vi todos os projetos da tua ONG. Está tudo bem no início, né? Mel: - Sim. Me preocupo a cada novo passo ter renda para mantê-lo. Não é só criar mais um projeto na ONG, é um projeto que se auto sustenta. Sustentabilidade é muito mais que meio ambiente. É um conceito de vida. Todo o organismo vivo, e a ONG, sendo uma entidade sem fins lucrativos, dedicada ao social, considero um organismo vivo, precisa se manter sem depender de ninguém. Gabriel: - Interessante você considerar sua ONG um organismo vivo. Até porque ela atua de vários pequenos organismos vivos que num todo geral um outro maior. Holismo, certo? Mel: - Sim. Vejo que também gosta de ler sobre os mesmos assuntos que eu. Gabriel: - Muito. São assuntos sempre atuais, sempre novos e vitais para o nosso planeta. Quando os seres humanos conseguirem entender todos esses conceitos, talvez a consciência muda e a responsabilidade social. Mel: - Exatamente isso, Gabriel. Como é fácil conversar com você. Gabriel: - Creio que temos os mesmos valores e princípios, e portanto olhamos sempre para a mesma direção, consequentemente assuntos. Mel: - Verdade... mas te falando sobre o meu colaborador, senhor Augusto. Conheci ele hoje. Tive alguns contatos com ele, mas muito superficiais. Ele sempre bem sério, objetivo, conciso, como um bom empresário. Algumas pessoas acham ele extremamente exigente e crítico. Eu já gosto de pessoas assim... nos fazem crescer. Gabriel: - Concordo. Mel: - Então...hoje ele veio nos conhecer. Adorou os projetos, as ideias, as pessoas, a forma como pensamos, enfim realmente decidiu fazer parte da ONG. Gabriel: - Como eu…. Mel: - Espero que sim. - fala sorrindo. Gabriel sorri achando bonitinho a dúvida dela com relação ao seu comprometimento, mas fica quieto ouvindo. Mel: - Em um dado momento, ele contou sobre a perda da sua companheira de quarenta anos. Sua amada esposa. No seu olhar tanta dor, mas tanta capacidade de compaixão...aquilo me emocionou...como você. Gabriel: - Obrigada pelas palavras. Creio que tem pessoas, que só acordam para o social, quando algo acontece em sua vida. Eu, por exemplo, estava sempre em função de ter uma boa vida, nunca quis muito luxo, mas uma vida confortável, sabe? Ajudava quem podia, mas dentro de um certo limite que não atrapalhasse minha vidinha perfeitinha. Não queria trazer nada para casa e só me envolvia. Essa é a questão: algumas pessoas ajudam uma causa, mas querem só se envolver e não comprometer. Quando passamos a nos comprometer não nos distanciamos mais, não conseguimos simplesmente fingir que aquele não é nosso problema. Entendemos que todo mundo tem uma parcela de culpa e a obrigação humana de contribuir, de alguma forma, para melhorar o mundo. Coisas como pensar só em consumo, em luxo, ou ter, ficam em segundo plano. Você entende que sua família não é só aquela do teu esposo e filhos. Temos uma família maior, uma sociedade em que seu filho vai atuar e viver. É uma outra visão de mundo. Eu sempre ajudei, mas fechava a porta de casa e tinha a sensação de dever cumprido. Hoje eu sei que tem muita coisa para fazer. Seguir um passo de vez é essencial, comemorar cada vitória também, mas nunca achar que fez o suficiente. Sempre saber que pode fazer muito mais, ser um ser humano melhor do que foi ontem… - ele então percebe que está falando bastante e para, olhando para Mel. Percebe que ela está com um olhar de admiração. Ele então a fita. Diante do olhar demorado de Gabriel, Mel percebe que está evidenciando sentimentos. Ela pela primeira vez na vida não se sentiu sozinha. Sem querer deixa escapar uma frase, que em um primeiro momento parecia estar pensando: - Onde você estava esse tempo todo? - ela então se assusta por ter falado e não pensado. Gabriel sorri com a alma. Sempre que ele sorria seu rosto se iluminava, mas quando ele sorriu com a alma, seus olhos brilharam junto com o sorriso. Ele estava realmente um verdadeiro sol. Então responde: - Procurando você… Mel então sorri, também com a alma. Dava para ouvir uma música entre os dois Forever and for Always - Shania Twain. “Doce Alívio É como se tivéssemos emergido para a vida, depois de anos imergidos na escuridão sem ar, luz, sentidos, calor, amor. Imagens suaves chegavam através de doação… A paisagem, o céu, as pessoas, a natureza que acompanham espinho a espinho. O inspirar trazendo gratidão e dor, ao ter que perder o que foi tudo durante o caos. Nesse mundo de aparência, para ganhar temos que perder. Olhando a magia da vida e o encanto do amor, percebemos que levaremos nos caminhos da eternidade, lembranças que nos farão crescer a cada reencarne, a cada passagem como uma flor a preencher nossos vazios interiores, aprendendo a chorar de alegria e solidão. A capacidade de olhar a presença divina, presente em gestos simples, olhares sinceros, sorrisos delicados, palavras amigas, toques puros, uma estrela brilhando em constelações dançando para todos da Terra… Presentes a despertar o que se encontra em estado latente em nosso íntimo ainda não despertado por toda a ignorância. Um doce anjo a nos guiar lembra o que é essencial, curando corações cercados de dor, culpa e necessidade de perdão. Aromas, sensações, emoções, paisagens, natureza, vida… Provas de que jamais estaremos sós. Doces alívios de força a nos guiar, até encontrarmos o que nos foi dado desde o primeiro instante, semente Divina pronta para germinar e espalhar-se.” Gabriel vê Mel sem graça, depois de se olharem em silêncio por longos segundos, então puxa assunto: - Com você não deve ter sido assim né? Mel: - O que? Gabriel: - Creio que você sempre pensou dessa forma no social. Não precisou passar por nada para acordar? Mel: - Na verdade precisei sim, só que muito cedo. Quando eu era criança, sempre me sentia muito sozinha. Família complicada, lembra? Eu lembro de brincar de boneca e nessa brincadeira eu tinha filhos bichinhos e bonecas. Todos meus filhos da mesma forma. Então eu queria adotar muitos que não tinham família como eu. Isso que era interessante... porque eu tinha uma, mas me sentia sozinha e sem amor. Eu não me sentia amada. Não vou entrar em detalhes, mas estava sempre pensando em pessoas como eu, que quando eu pudesse ser adulta, faria algo por crianças que se sentiam como eu...adotaria e faria de tudo para que não se sentisse sozinhas. Então fingia que meus brinquedos eram meus filhos e os abraçava dando todo o amor que eu queria ter tido. Eu era muito pequena, mas pensava e sentia isso tudo. Gabriel está visivelmente apaixonado. Ele tentando disfarçar e ir com calma diz: - E você era mãe sozinha dos teus brinquedos? Mel rindo, diz: - Não. Meu marido estava sempre viajando. Gabriel gargalha. Mel: - Sim. Na minha cabeça só existia uma mãe com um pai. Criança né? Então para eu ter minha família e filhos tinha que ter marido. Ai meu marido ficava sobrando e eu fazia de conta que ele sempre trabalhava e viajava. Nunca estava em casa. Gabriel sorri e brinca: - Aí não incomodava. Mel: - Né? - ela para um pouco e segue: - Mas sempre que eu me lembro penso em algo no social. Aos poucos, crescendo tudo foi ficando mais claro. Teve uma época de adulta que eu desisti e tentei pensar em uma vida casada e tendo filhos. Vivendo aquele mundinho eu e minha família, sabe? Só que parecia mais seguro, porém mais incompleto. Gabriel: - Uma coisa não anula a outra. Porque não se pode ter tudo. Mel sorri: - Então, outro conceito que fui reformulando. Sabe aquela frase que odeio, mas que todo mundo gosta de dizer: “você não pode abraçar o mundo.” Como se para focar no social, tivéssemos que ser um religioso, ou solteiro, para não ter uma vida sua e poder realizar mais? E como sendo casada e com filhos, você não poderia realizar mais nada em função deles? Conceitos, paradigmas que a sociedade incute na nossa cabeça e deixamos? Gabriel: - Sei, sim… - fala pouco querendo ouvi-la falar. Mel: - Então ... aos poucos fui acordando e percebendo que se temos um longo braço de amor, podemos sim abraçar o mundo. Gabriel então sorri novamente com a alma. Mel pensa: - Nossa que sol. Mais uma vez se fitam demoradamente e em silêncio. Aquele silêncio barulhento que diz muito mais que palavras. E como revelava coisas... era tão confortável feito um colo quente e repleto de amor. Mel então decide quebrá-lo antes de não conseguir mais esconder de si e dele o que estava sentindo: - O tempo foi passando, fui aquietando minha vontade de ser mãe, conhecendo pessoas erradas e me aposentando no amor. - Fala rindo e continua: - E hoje tenho minha família que é minha matilha...e sou feliz. Gabriel: - Acho que esse é outro conceito errado da sociedade… Mel olha atentamente e espera para ouvir o que ele tem a dizer. Gabriel: - Ela nos incute que devemos procurar alguém para ser feliz. Alguém que nos preencha o vazio, que nos tornem inteiros, como se só com aquela pessoa pudéssemos ser felizes. Quando na verdade nascemos inteiros. Precisamos ser felizes com nós mesmos. E só aí estaremos prontos para transbordar amor e felicidade. E somente nesse momento poderemos realmente amar alguém. Porque nos amamos. Ter a consciência de que somos o suficiente para nós mesmos, não é não precisar de alguém, é só saber que não dependemos de ninguém para sermos apenas felizes. Não precisamos estar com alguém para não nos sentirmos sozinhos. Basta estarmos com nós mesmos, mas inteiramente com nós mesmos, sem fuga. Nesse momento nos permitimos ser felizes lendo um livro, vendo uma televisão, estando com nossos filhotes, olhando um céu estrelado, enfim nos sentindo vivos. E quando conseguimos isso, está na hora de buscar alguém para somar com você. Nesse momento que você está pronto, que você precisa conhecer alguém na mesma situação de inteireza. Então o verdadeiro amor acontece. Mel mais uma vez está com cara de apaixonada e percebendo a pausa, tenta disfarçar. Ela se pergunta, dessa vez tendo certeza que está pensando e não falando: - Como ele pode ser tão parecido com meu Vitor? Vítor era um espírito que Mel enxergava quando criança. Mel então volta no tempo lembrando dele… Ela está brincando de boneca. Na sua memória era Vitor, seu marido que sempre estava viajando enquanto ela cuidava dos seus filhos. Ela sabia que ele era seu amor, mesmo sendo criança. Ele era um adulto, aparecia como um adulto, mas ela o reconhecia. Nesse reconhecimento não pensava como uma criança, como se houvesse uma mulher ali nos seus pensamentos coabitando. Naquele dia ele apareceu com um semblante triste. Mel criança pergunta: - O que está acontecendo? Você parece triste. Ele se abaixa e colocando a mão em seus ombros diz: - Terei que partir. Mel: - Com assim? Você vai embora? Vitor faz sim com a cabeça. Mel então diz angustiada: - Eu não vou mais te ver? Vitor colocando a mão em seu peito, lhe dando um passe, para acalmá-la diz: - Por um tempo não. Mel já está chorando e pergunta: - Muito tempo? Vitor tenta acalmá-la e lhe dá um sorriso doce: - Algum tempo. Vamos ficar algum tempo sem nos ver, mas depois ficaremos juntos. Prometo que um dia você será muito feliz. - Fala lhe dando um beijo na testa, e saindo de costas, vai sumindo aos poucos olhando para ela. Naquele momento Mel conheceu a perda. Ela havia perdido o seu amor. No seu coração a certeza de que nunca mais naquela vida o veria. Sabia que em sua vida estaria só. Sentiu que só seria feliz quando fosse a hora do desencarne. Abatida, deitou e dormiu. Gabriel vendo que Mel está longe, a chama. branca Mel desperta de suas lembranças pela voz dele, dizendo: - Desculpe, só estava perdida no meio de lembranças. Gabriel preocupado com o semblante carregado dela diz: - Quer conversar sobre elas? Mel responde, esboçando um triste sorriso: - Quem sabe um dia ...- ela olha para Gabriel que está visivelmente entristecido. Então sentindo seu coração pesar por ter apagado seu sorriso diz: - Sinto que vamos falar sobre isso, algum dia. De alguma forma confio em você como nunca confiei em ninguém. Não sei explicar, mas acho que posso te contar tudo de tudo… Gabriel volta a sorrir, mas com olhar ainda carregado de preocupação com ela. Ele então diz: - Pode confiar...totalmente. Também sinto que com você posso ser eu mesmo, sem reservas. Mel diz sorrindo docilmente: - Pode sim. Gabriel então fala em tom empolgado, tentando animá-la: - Tenho uma novidade para você. Mel: - Que bom! Diga! Gabriel: - Estarei chegando aí amanhã à noite. Mel fica em um misto de nervosa, empolgada, medrosa, assustada e surpresa. Seu coração sorri e pula alegre, sem que entendesse. Então diz: - Como assim, conseguiu resolver tudo? Gabriel sorrindo diz: - Sim. Um amigo meu de infância, que minha avó adorava, quis ficar com a casa e com tudo. Eu só tive que escolher o que queria levar, colocar no carro e resolvemos a negociação tudo hoje. Ele já me pagou e estou livre para voar. Quando é para ser tudo dá certo. - Ele nota um semblante confuso em Mel. Tinha um olhar sério, mas sorria com a boca. Ele então comenta sem entender, ficando sério: - Você parece não ter gostado muito da notícia. Mel tenta disfarçar o nervosismo. Ela então sorri, dizendo: - Estou sim, feliz. Precisamos dos teus serviços o quanto antes. Vai ser ótimo para a ONG. Gabriel sente um choque de informações. Os sinais rapidamente ficaram confusos. Ele então diz: - Meus serviços? Mel tentando ser profissional, muda um pouco o tom dizendo: - Sim, Gabriel, não foi assim que nos conhecemos? A vaga? Gabriel: - Sim, claro… - ele sabia que algo não estava bem. Sem entender nada, decide se calar e respeitar o momento. Iam se ver pessoalmente e tudo ficaria bem. Melhor mesmo serem amigos e deixar o amor acontecer, caso tivesse que ser. Um silêncio desconfortável ficou no ar. Mel então, um tanto arisca, decide encerrar a conversa: - Eu gostaria de ficar mais, mas amanhã a vida segue. E depois nos veremos em breve pessoalmente. Será meu vizinho de porta. Gabriel dá um sorriso gracioso, mas comedido: - Então, tá. Mel percebe o clima pesado e tenta disfarçar perguntando: - Você já tomou chimarrão? Gabriel: - Experimentei uma vez, na casa de um amigo… Mel: - Gostou? Gabriel fala em tom de brincadeira: - Não é um suco, mas é um chá. gosto de chá. Lembro que depois que tomei me senti bem. Gostei sim. Mel: - Que bom, agora tenho um vizinho para tomar comigo sempre. Gabriel volta a sorrir como antes dizendo: - Vou adorar e cobrar. Mel: - Então está combinado. Você sabe a hora que vai vir mais ou menos? Gabriel: - Vou sair umas quatro horas aqui de casa e devo estar chegando aí, se não parar muito lá pelas vinte horas. Mel: - Acho que nosso horário de encontro é vinte horas, né? - fala tentando soltar uma brincadeira, algo não muito característico dela. Gabriel: - Parece que sim…. Mel:- Então é bom você ir deitar também, já que vai dirigir amanhã o dia todo. Precisa descansar. Gabriel parece melhor com a preocupação dela, por ele. Ele então diz: - Você dorme com Deus. Mel: - Você também. Amanhã tenta avisar durante o dia que está tudo bem. Não gosto muito de viagem de carro… Gabriel se surpreende com a preocupação e diz: - Aviso sim. Mando mensagem… estou louco para estar em casa. - diz olhando nos olhos de Mel. Ela então diz sorrindo: - Será bom te ter em casa. Eles sorriem e Mel toma a iniciativa de desligar. Gabriel se ajeita para deitar. Ele vira de um lado e do outro sem conseguir dormir. Estava remoendo os momentos em que se perdera dela. O que de fato havia acontecido? Era como se uma sombra forte a envolvesse por uns segundos e ele não a conseguisse alcançar. Será que isso acontecia sempre? Será que ele fez algo ou disse algo? Não conseguia aquietar o coração para dormir. Mel, por sua vez, também não conseguia dormir. Estava confusa. Seu coração queria vê-lo, mas ao mesmo tempo seu peito apertava. O reconhecia, mas não poderia ser ele… E se tivesse de novo, pela falta que Vitor, querendo enxergá-lo em alguém? Já tinha feito isso antes. O procurava em tudo. Tentou ter outros relacionamentos, mas a comparação era inevitável. No final só machucou e foi machucada. Os dois estão ali, simplesmente dispersos. Pensando forte um no outro, sentindo falta um do outro...querendo estar um com o outro. Gabriel está se segurando. Por ele já se aproxima, fala o que está sentindo, a beija e abraça, se declara e se arrisca. Sente uma paixão enorme e uma grande vontade de fazer amor. Mel já está relutante. Ela era assexual. Normalmente o desejo vinha com o tempo, com uma amizade. Algo no olhar dele a chamava sem explicação. Não conseguia ainda se entregar ao desejo. Pensava nele mais do que gostaria, já sentia falta de vê-lo e ouvi-lo falar. Gostava mais de ouvi-lo falar do que de vê-lo. Era a primeira pessoa que sentia isso. A primeira vez que sentia algo, inexplicavelmente forte, por alguém. Jamais tinha acontecido antes. Era também a primeira vez que negava poder ser o Vitor, mas seu coração dizia ser. Geralmente era o contrário. Sua mente forçava as semelhanças e seu coração avisava ser ilusão. Era a primeira vez que não precisava ser amiga para confiar, sentir bem ao lado e sentir uma atração. Eram muitas primeiras vezes… E as visões? E o sonho? Nunca acontecera com ninguém... Mais uma vez Gabriel coloca uma música em seu celular, pensando nela…Listen to Your Heart - Roxette. “Descendente Quero ensinar-te tudo que vi e revivi, relatando presságios e testemunhos. Seguindo desejo deixar-te aqui, orando uma vida de paz e esplendor. Dor não é infinita como também não o são momentos de emoção, observa assim atentamente sábia natureza, nada abalando sua persistência e servidão, prossegue serena renascendo translúcida eterna. Erga-se diante da perfeição do universo, fitando estrelas a viverem infinitamente, sublime essência do que realmente existe, provando na harmonia o que reserva nosso futuro. Abraça teus ideais lutando e crendo, com a firmeza das raízes de velhas árvores, usa o céu, o mar a pulsação de cada ser vivo, como energia renovada de fontes persistindo. Na fé de que tudo está cuidado e protegido, firma teus pensamentos refletindo, equilibra-se rumo a chama do desconhecido, clama harmonia, luz e compaixão. Sabendo que águas mortas viram nascentes de outras vidas, renasce em paz diante da escuridão, e tenha em sua descendência a exata força de tua revelação.” Ele pensa nela tão forte que mais uma vez Mel sente sua presença ao seu lado. Seu braço arrepiava. Ela sabia no seu coração ser Gabriel chamando. Não conseguia explicar como sentia essa certeza… Então ela começa a pensar nele, dessa vez com paixão. Tentava bloquear os pensamentos, mas fechava os olhos e novamente pensava nele com desejo. Não podia, afinal trabalhariam juntos, e prometeu a si mesma que se aposentaria no amor. Já tinha machucado outras pessoas demais em busca do Vitor. Não ia cometer esse erro, não com alguém vital para a ONG. Seu forte e racional argumento surgiu como um gelo no seu coração. Conseguira novamente entorpecer sentimentos e se distanciar...estava fria… e conseguira enfim aquietar sentimentos e emoções, dormindo. Mais uma vez ela se sente flutuar ouvindo uma música que era a mesma que Gabriel ouvia, adormecendo. Ela então novamente sai pelo espiral de luzes lilases. Agora estava em uma noite na ONG, se via com Gabriel subindo as escadas de seu quarto. Eles estavam de mãos dadas e Coragem os seguiam junto com Vida. Ele estava bobo sem querer morder Gabriel. Mel acompanha tudo e vê que entram no quarto. Vida e Coragem em seu canto e ela e Gabriel deitam na cama como um casal. Ela fica ali parada olhando. Após algum tempo Gabriel e Ela em sua visão começam a fazer amor. Imediatamente o corpo daquela Mel da visão a puxa e ela entra nele, sentindo Gabriel perto. O espírito de Gabriel também está ali e eles se encontram. Mel mantinha sua consciência, mas Gabriel não. Naquele momento eles se reconhecem de outras vidas, outros lugares, outros corpos, mas o mesmo espírito. Era um encontro de almas e mais que isso de espíritos que se amavam a muito tempo e se procuravam a muito tempo... um tempo maior que o daquela vida. Sabia que seu corpo era vida no dele e o dele no dela. Não tinha pressa, só queria sentir cada segundo em contato com ele. Era corpo perispiritual, é claro, mas diante desse reencontro, sentiam-se. Ela percorria cada pedacinho dele, reconhecendo em seu tato como era a pele dele, mesmo naquele perispírito podia sentir…como se fosse um corpo de carne. Ele fazia o mesmo com ela. Na verdade eram suas energias que sentiam e reconheciam. Senti-lo nela e ele sentir-se nela, era como se estivessem chegando em casa, no lar. Sim a alma de um habitava o corpo do outro, mesmo que perispiritual. Naquela troca bendita, não havia limites, nem cansaço. Queriam mais um do outro sem que tivesse fim. Sentiam-se plenos. Não eram completos um com outro, eram inteiros, mas os dois se somavam, transbordando amor. “Eternidade Um dia pensei semear dor, num pranto ungido de desespero, no ardor da alma, queimando como brasa de desencanto. Cri romper a ordem universal, no abismo de minha culpa sem fim, julgando-me tornei-me próprio verdugo, sentenciando a tormentos profundos. Destilando um fel de amargas incertezas, abriu-se um inferno infinito, escuridão tornou-se companhia em desalento. Da aurora guardava lembrança pálida, como castigo do ódio por existir, certeza do branco da luz na minha essência, ainda buscava lembranças para me erguer. Realidade confundia persistência, cores chamavam o recomeço, despindo-me encontrei força, na perdição fui renascimento. Do alto do expendedor transmutei, apartei-me de conflitos inexistentes, despedindo-me de tola ignorância transcendi, rompendo se o silêncio lutei não finda mais eterna.” Se amavam e precisavam um do outro e não se precisavam e por isso se amavam. Quem ama necessita. Os dois se precisavam de uma forma totalmente etéria. Gabriel beija Mel e aquele beijo se torna cada vez mais intenso. Seus corpos se tocavam e suas mãos foram se acariciando. Em instantes estavam nus deitados na cama. Sem nem perceberem estavam um pertencendo ao outro, com seus corpos totalmente colados em uma espécie de mútuo desespero de fome e sede que tinham entre si. Era doce e selvagem ao mesmo tempo, suave e forte, sem medidas só um grande sentimento de serem um só. Em uma dança harmoniosa de quadris, ele estava dentro dela lhe fazendo sua. Ela segurava suas costas lhe apertando para si enquanto segurava seu quadril com suas coxas lhe abraçando com as mesmas. Ele beijava seus s***s e pescoço, segurando seu rosto com as mãos. Queria lhe segurar ali para sempre. Eram carícias e beijos fortes, era como se quisessem sugar cada gota de saliva um do outro. Precisavam um do outro naquele momento e não queriam que terminasse nunca. Não queriam se separar mais...nunca mais. Era como se chegassem em casa, se tocasse a luz, Deus, a vida. Ardiam em chama e fogo de imenso desejo e prazer. Ela cheirava-lhe o pescoço e mordia entre ele e os ombros tamanha sensação de prazer. O movimento entre seus quadris foi aumentando a ponto de se tornarem rápidos e fortes. Gemidos e respiração forte se misturavam com calor e uma agradável sensação de felicidade. Finalmente ....pensavam e sentiam com seus corações. Depois de se renderem ao orgasmo juntos, ele deitou-se sobre ela cheirando-lhe o pescoço e ela o abraçou não só com suas pernas, mas com seus braços para garantir que não saísse dali. Após algum tempo assim, ele olha para seus olhos e ela para os seus, ainda deitados. Era como se tudo fosse dito ali, sem nenhuma palavra. Nunca havia feito aquilo. Era simplesmente uma força maior que tudo. Repentinamente sorriem um para o outro, num largo sorriso de almas. Sim eram suas almas que sorriam...não aquele sutil corpo que as revestia. Ele a pega em seus braços e vira-se colocando-a sobre si. Era só o começo. Mel lhe cheira o nariz, beija seus olhos, um depois o outro, beija-lhe a testa, enquanto ele fecha seus olhos. Era doce aquele carinho. Ela escorrega em sua barba cheirando e beijando delicadamente. Para em seu queixo e lhe morde suavemente lhe dando um beijo em seguida. Era fácil se perder naquele corpo. Ele acariciava seu corpo todo com as mãos, enquanto ela estava deitada sobre ele, com suas pernas abertas e relaxadas ao lado de seu quadril. Ele percorria suas costas com toda a calma como que decorando cada detalhe e curva. Ela lhe beija o pescoço, cheirando e indo até seu peito. Era muito bom lhe dar todo carinho do mundo. Ela então desce lhe beijando o abdômen e depois volta cheirando seu corpo e beijando novamente. Ele estava apenas sentindo, lhe segurando os cabelos e esperando que voltasse para sua boca. Quando Mel lhe beija a boca, Gabriel lhe pega pelos cabelos delicadamente e firmemente lhe faz sentir-lhe dentro dela. Não esperava ser dominado, mas precisava dominar. E era exatamente isso que ela queria...sentir-se dele...só dele. E ele tinha a posse dela, sabendo que era dele, mesmo que também fosse dela, aquele sentimento lhe era mais forte que tudo. Mel não consegue conter seus movimentos de prazer enquanto ele não parava de possuí-la. Entre gemidos e sussurros de desejo, ele também novamente goza junto dela. Deitada em seu peito ela lhe olha e diz: - Sou tua. Corpo, alma e espírito. Ele lhe abraça com toda força querendo dizer o mesmo, mas não conseguindo. Queria se declarar, mas algo o impedia. Só precisava senti-la…sua. Os dois cochilam abraçados. Tudo em volta parecia perfeito. O calor de seus corpos espirituais lhe aqueciam a alma. Era perfeito apenas sendo eles. Depois do cochilo, ele lhe olha nos olhos e ela sorri. Sem nem pensar novamente ele lhe beija lhe sugando os lábios e língua no mesmo desespero que a primeira vez e ela o retribuiu. Era incontrolável aquele desejo que não passava. Eles se saciavam, mas a vontade voltava com a mesma força. Seriam a paixão dos primeiros momentos? Sabiam que não...era muito forte. Mel realmente vivenciava aquilo. Sentia o amor, a paixão, o medo de que fosse um sonho, a sensação de certeza de ser seu Vitor e Gabriel o mesmo espírito, e mesmo diante do medo de se perderem novamente, Mel sentiu a plenitude do reencontro. Gabriel também sentia, mas não lembraria ao despertar. Já Mel, talvez não de tudo, mas de muito… Às quatro horas da manhã, Gabriel acordara sorrindo. Parecia que tinha tido um lindo sonho e se sentia em paz. Ele se arruma e pega Doroteia, olha para tudo mais uma vez indo a casa do seu amigo entregar as chaves. Seu amigo atende conforme o combinado e segurando as chaves diz: - Sempre que quiser vir e matar a saudade… Gabriel sorri e o abraça dizendo: - Quem sabe um dia eu venha. Se que estará em boas mãos. As melhores. Eles se despedem e Gabriel entra no carro partindo. Às sete horas da manhã, Mel acorda e, ao despertar, sente no seu corpo a saudade dele. Sem entender se era de Gabriel ou de Vitor, sente novamente o peso da separação. Em seu peito a dor forte e a lembrança daquela noite. Sabia que tinha estado com ele. Sabia o cheiro, o gosto, a sensação da pele, cada segundo tinha sido verdadeiro e real. Ela se arruma e sabe que terá que passar mais um dia com essa sensação de perda… Tentava seguir, esquecer, mas cada dia Gabriel dava mais certeza de ser Vítor. Cada coisa que fazia, maneira de pensar, forma de lidar com ela, achava mesmo que até em uma briga ele seria igual. Sim, ele tinha coisas diferentes, que acreditava ser daquela alma, mas quase tudo era com ele…era incrível como podia sentir seu espírito por trás daqueles olhos…como uma força de origem conhecida, de energia reconhecida, de distantes origens que somente ela identificava em seu DNA espiritual. Era mais que uma lembrança, ou um espírito companheiro, familiar…era como se tivessem sido feitos da mesma coisa…na mesma hora, no mesmo lugar.. Mel sabia que su coração o reconhecia...podiam mentir para ele, para todos, mas não para si. Gabriel era o seu amor. “Girassol azul Já era hora da regeneração! Errei mais que qualquer um. Do arrependimento vinha certeza da esperança, e do perdão no coração, inspiração. Confiança em cada amanhecer me fez lutar! Sabia que estava ali, ao meu lado, que nunca tinha me abandonado… Não me deixaria desistir e sim transmutar. Sentia tua presença, ali vinculado… A distância não era real nem a dor… Enxerguei a luz dos teus olhos a me guiar, e teu sorriso me aquecia e me mantinha forte, imaculado. Era como se nunca tivéssemos nos separados… Éramos inteiros e não quebrados… Duas peças que se encaixam formando um todo, não existia final e sim um girassol azul ensolarado…”
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