Mistério

1578 Words
2°Capítulo Kiara Badin  — Kiki...Kiki. _Gritou meu irmãozinho ao me ver passando pela porta. — Meu docinho de abóbora. _Com riso de orelha a orelha joguei minha bolsa no móvel no cantinho ao lado da porta e abri meus braços, me ajoelhando. Lorenzo e suas perninhas curtas, tortinhas e desastrosas junto ao seu sorriso banguelo, irradiante correu derramando salgadinhos por todo o chão. Sua alegria era incontida ao me ver. — Kiki... _Soltou um sorriso esganiçado quando ondulei minhas mãos em seu corpinho pequeno e o trouxe para aperta-lo com todo o amor do mundo no meu peito. — Aí... _Hesitei para suspirar e fechei os olhos enquanto o abraçava, inalando seu cheirinho de bebê. —Docinho meu. Você foi quem eu mais senti falta. _Contei ao lembrar de como foi triste morar na escuridão por mais de três cruéis e demorados meses. Foi tão... Agonizante. Doloroso. Desesperador. E solitário. O lugar mais medonho e assustador que vivi e não sinto falta nenhuma foi naquela sozinha e infinita escuridão. Muitos, quando está em coma alega ouvir vozes, sentir toques, ter sonhos e perceber está viva ao respirar mas, não poder se mexer por o corpo está preso a uma cama e eu não... Eu vi, senti e quase toquei nela... Na morte. Ela tem seu lado sombrio. É escura como o fechar dos olhos e atormentada como o mar exageradamente agitado, sentimos como se a correnteza da água nos puxasse com força para um buraco, um redemoinho no meio do violento mar. Era destruição, Desgraça e danos, uma calamidade sufocante. Lutar pela vida foi incansável eu só lembro que quando estive travando uma guerra com ela o meu propósito sempre foi voltar. A infeliz é traiçoeira e quando despertei meu primeiro pensamento foi sair em busca do miserável que me fez perder tantos dias da minha vida. Ele me tirou absolutamente tudo. Eu iria o encontrar onde quer que fosse. Ninguém volta dos mortos sem cicatrizes e a minha era uma .... Silenciosa Vingança. — Filha. Já chegou ? Amenizando o abraço me coloquei de pé, trazendo comigo o meu irmão para meus braços e enfiei a mão em seu salgadinhos, roubando uns para o meu paladar. — Mamma. _Lhe dei o melhor sorriso ao receber o dela. — Descobri que o homem com quem iria casar é um insano depravado e de um segundo ao outro virei com certeza motivo de chacota de toda a universidade. Minha mãe me olhou, piscou também algumas vezes desentendida. — Como é isso ? _Estava confusa. — Não sei, mas gravaram no meu cd de apresentação um vídeo daquele cachorro rabugento e três fêmea fazendo... _ Censurei-me por ter a presença do Lorenzo. — A senhora deve imaginar. — Dio mio. Isso é sério ? _Cobriu a boca, parecia incrédula. Assenti, positivamente. — Acredite. É sim. Ele é um ordinário sem escrúpulos. _Vaguei até o sofá e me sentei, começando a alisar os cabelos ruivos do meu pequeno que acabará de deitar em meu ombro. — E você ? _A encarei, semicerrando os olhos diante do seu olhar calmo e seu toque paciente em meu braço. — Como você está ? — Não sei se é livre a palavra, no entanto é como tirar um peso das costas. Ainda que eu sinta algo em meu coração por ele. Mamma nada nos prende mais, eu o perdoei duas vezes porque era prudente perdoar. Acabou, não quero um homem fraco do meu lado. O erro não é meu, a culpa sim é dele por não ter carácter nenhum. — Quer dizer que a apresentação que tanto se preparou não deu certo ? Neguei, preocupada. O que eu iria fazer para conseguir nota e fechar o semestre com azul ? essas horas é as que mais odeio porque para o meu azar nunca estivesse tão perdida. Misericordioso Deus... É o meu futuro! — Foi um desastre. Não vi as expressões de todos mas posso imaginar depois de acharem que eu fiz um vídeo sujo para apresentar. Eu saí correndo, envergonhada. _Respirei profundamente. — Nunca passei tamanha vergonha. Minha mãe esfregou sua mão em meu braço, um gesto visto como apoio. Eu já sabia que poderia contar com ela com o que fosse. Minha Mamma conseguiu nesse mundo gigante encontrar alguém que devolvesse minha vida. Ela não tem noção do quanto sou honrosamente grata, tanto a ela quanto para o dono do sangue que hoje circula em meu corpo. Antes de fazer o que tenho que fazer eu precisava procurá-lo para agradecer. Deus! Eu estou viva. — Deixa eu levá-lo para dormir. _Ela o tomou dos meus braços. — Não tem como mesmo Mamma saber o nome dele ? _Perguntei. Me encarou, sabendo perfeitamente a que eu referia. — Eu tentei minha filha. Eu mais do que você queria me ajoelhar para ele e se possível beijar os seus pés. _Falou, pousando um beijo nos cabelos do Lorenzo e saiu. Molhei meus lábios e joguei minhas mãos no rosto, fitando em seguida o teto. Minutos depois, levanto-me e sigo até a cozinha procurando uma vassoura e pá, voltando a sala, limpando a desordem que o pequeno fez. Chego no lixo, despejo e lavo minhas mãos, as secando. Vejo na pia o último potinho da cartela de danone do Lorenzo, pego. — Acabou. _Dou conta, vago até a latinha que minha mãe deixa uns trocados e a procuro no quarto. — Vou ao mercado. _Aviso. — Hoje terei que dormir no trabalho, a senhora que cuido ficou doente e precisa ser medicada de quatro em quatro hora. — Tudo bem. Eu fico com o pequeno. _Sorrio. — Não se preocupe Mamma, ficaremos bem. Aliás, a senhora é quem nos mantém é o mínimo que posso fazer para no futuro ser eu a cuidar de vocês. — Você é uma menina de ouro. _Riu. — Não é atoa que meu sangue é raro. _Pisquei para ela e encostei a porta, saindo de casa. Eu havia conseguido um estágio em uma empresa mais por ter sofrido um acidente perdi a vaga. Não iria me lamentar, as oportunidades vem e vão. Eu realmente queria tanto ajudar com as despesas, aluguel e as contas de casa ja que não precisava me preocupar com a universidade, estudava graças a uma bolsa o que é uma grande sorte ter a conseguido apesar dos dias sem dormir e o esforço prestado. Se Deus quiser eu vou terminar, trabalhar e colocar o Lorenzinho em uma boa escola e tirar minha Mamma do trabalho cansativo. Só quero o melhor para eles. É, 22 anos requer compromisso e responsabilidade. Eu estava ganhando as características de sobra. Rindo dos próprios pensamentos, sem prestar a devida atenção acabei esbarrando em alguém grande... Alto Forte Com uma aroma boa. — Mio Dio. _Peguei seu braço para me apoiar, percebendo que o café que ele havia comprado manchava sua camisa branca. — Aí meu pai. Senhor eu moro aqui pertinho eu posso dar um jeito nessa sua camisa. _ O soltei, recuando um passo, tampando a boca e ele de repente abriu os braços, observando o estrago na camisa. E só fiquei muitíssimo escandalizada quando o mesmo ergeu o rosto para me fitar, sua boca se moldava a um sorriso presunçoso e eu perdendo todas as estruturas e fôlego. — Você de novo ? — Te conheço ? _ Como um passe de mágica seu semblante ganhou seriedade. Juntei minhas sobrancelhas, engolindo em seco. — Você hoje mais cedo quase me atropelou de frente onde estudo. _Expliquei. — Eu ? — Sim. Você. Ele me olhou de cima abaixo. — Então, fico feliz que esteja bem. _Sem mais nem menos, me deu as costas entrando no mercado. Vendo que era o meu destino o segui, me colocando ao seu lado. — Você disse que eu ainda iria lhe agradecer por muito. Confesso não entendi a que se referia. Ele estreitou os olhos para mim antes de atirar o copo ao longe e acertar no lixo. — Moça, eu nem lembro de você e você ainda diz que trocamos palavras. _ Abria os botões da sua camisa, atraído olhares curiosos. Continuei a engolir saliva com um dificuldade tremenda, eu vislumbrava seu peito nú. — Se eu falei, apenas agradeça e não esqueça você poderia está em maus lençóis agora. _Tirou a camisa, a pousando nos ombros e passando por mim, deixando seu aroma alí para que eu trouxesse do nariz para dentro de mim e se embriaga-se. Novamente olhei para trás e de novo o segui. Balançando a cabeça ao ver como suas costas era linda. — Vai sair por aí assim ? _O parei, apertando seu braço direito. Seu olhar automaticamente se fechou e ele olhou minha mão e subiu levemente para a iris dos meus olhos. Eu sentia tudo em mim ter calafrios, meus pelos arrepiava dos pés a cabeça e fui obrigada a solta-lo. — Eu posso lavar sua camisa. Por favor, eu a sujei e quero fazer isso. Digo por mim, por que minha consciência iria me maltratar a noite inteira. Ele deu um passo a frente e eu outro para trás. — Saí da minha frente ou irei arremessa-la contra as prateleiras desse mercado imundo. _Indagou rudemente me deixando com medo ao ter seus olhos obscuros penetrando os meus. Completamente horrorizada e intimidada, o dei as costas e apressei os passos. — Que homem doente. _Olhando para trás pude respirar normalmente. Ele havia desaparecido.
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