Henrique
Meu nome é Henrique de Alencar, tenho 30 anos, sou o proprietário das terras que cercam toda esta região. Um metro e noventa de altura, olhos castanhos, cabelos negros e um temperamento difícil de lidar — não sou um homem de meias palavras, nem de paciência. Desde os vinte, assumi a fazenda após a morte do meu pai. Transformei tudo com trabalho duro. Não sou conhecido por ser gentil.
Minha mãe foi embora para a cidade assim que casei com Letícia. As duas não se suportavam. E, no fundo, nem eu suportava Letícia mais. Ela não queria filhos. Para mim, isso era inaceitável. Queria um herdeiro. Queria alguém para continuar meu legado. Apesar de apaixonado, acabamos nos separando. Ela foi morar fora do país. Não olhei para trás.
Desde então, me tornei um homem duro, frio. As mulheres que passaram pela minha cama não duraram mais do que uma noite. Não repito. Nunca dou chance de se apegarem. Minha mãe continua tentando me arrumar pretendentes — e eu sigo quebrando os corações que ela envia.
Acordo cedo todos os dias. Depois do café, monto meu cavalo e percorro a fazenda. Uma das minhas éguas premiadas está prestes a parir. Vou vê-la, depois passo pelos currais, converso com os peões. Quando volto para casa, Cidinha, minha empregada mais antiga, já está terminando o almoço. José, seu marido, é meu administrador de confiança.
Naquele dia, ao descer do cavalo, percebo José tenso, me esperando.
— Que cara é essa, homem? — pergunto, tirando as luvas.
— A sobrinha da Cidinha... vai vir ficar com a gente um tempo. A vó dela morreu, a menina ficou sozinha... — ele fala amassando o chapéu nas mãos, como se esperasse uma bronca.
Dou uma risada baixa.
— Ela pode ficar o tempo que quiser. Se quiser trabalhar aqui, arrumamos algo pra ela.
José abre um sorriso de alívio e corre pra contar a novidade à esposa. Eles são bons. Fiéis. Gente difícil de encontrar hoje em dia.
Mais tarde, volto ao estábulo. Converso com João, meu amigo e veterinário. Ele acha que o parto da égua só deve acontecer no fim de semana. Conversamos um pouco. Ele vai embora quando o céu escurece de repente. Chuva forte vindo.
Subo no cavalo e vou até a entrada da fazenda procurar um bezerro que havia fugido. Mas a chuva desaba com tudo. Me abrigo em uma cabana simples perto do portão. De repente, vejo um farol na estrada de terra. Um carro... atolado.
Quando me aproximo, vejo ela.
Uma garota linda, molhada da cabeça aos pés, tentando empurrar um carro velho na lama. Usava shorts curtos e uma camisa grudada no corpo pela chuva. Reclamava e xingava alto. Ri sem conseguir evitar. Ela se vira para me xingar, mas para no meio da frase.
Nossos olhos se encontram.
Ela era... linda. Com curvas marcantes, lábios carnudos, olhos expressivos. Um anjo perdido. Um anjo sensual.
— Não adianta, moça. Só com trator pra tirar esse carro daí — falei, desmontando do cavalo.
Ela suspira, vencida, mas ainda desconfiada.
— Estou indo pra Fazenda São Arcanjo... — diz, envergonhada.
— Você já está nela — respondo. — A casa da Cidinha é uns vinte minutos a pé. A chuva vai apertar de novo. Tem uma cabana aqui perto. Podemos esperar passar.
Ela hesita. Mas concorda.
Entramos na cabana. Era simples, mas acolhedora. Um fogão a lenha, uma cama, banheiro. Tirei a camisa molhada, peguei uma calça seca no armário. Ela me olhou, envergonhada.
— Pode trocar no banheiro. Deve ter algo meu que sirva pra você.
— Deixei minhas roupas no carro... — ela fala, tímida.
Pego uma camiseta minha e entrego. Ela some no banheiro. Quando volta, vestindo minha camisa grande demais, meu corpo reage antes da razão.
Mas controlei.
— Meu nome é Henrique.
— Isabela... Mas pode me chamar de Bela.
— Combina contigo — disse, sorrindo.
Ela parecia nervosa, mas havia algo nos olhos dela. Curiosidade? Desejo? A tensão entre nós preenchia o ar.
— Tem alguma coisa pra comer?
— Infelizmente não. Mas tem isso aqui — disse, pegando uma garrafa de vodka no armário.
— Cerveja teria sido melhor — ela brinca, bebendo direto da garrafa.
Um trovão estoura no céu. Ela se assusta e, instintivamente, se agarra ao meu braço. Sua mão toca meu peito. O contato é elétrico.
Ela me olha. E naquele olhar, havia um pedido silencioso. Uma permissão.
Toquei seu rosto com cuidado. E então a beijei.
Seus lábios eram quentes e doces. Ela retribuiu com fome, com entrega. Nossas línguas se entrelaçaram. Meus dedos deslizaram por sua cintura. Seu corpo se moldava ao meu.
A leveza virou intensidade. A intensidade, fogo.
Fomos parar na cama. Tirei a camiseta que ela vestia com delicadeza. Seu corpo nu era uma obra de arte. Ela tentou se cobrir, envergonhada, mas segurei suas mãos.
— Você é linda... — sussurrei, beijando seu pescoço, descendo até seus s***s.
Ela gemeu. Suave, nervosa.
Desci até suas coxas. Ela tremeu. Sua pele arrepiava com meus toques. Quando percebi que era sua primeira vez, parei.
— Você tem certeza?
Ela assentiu. Os olhos brilhando, confiando em mim.
Entrei devagar. Com calma. Ela gemeu, apertando minha mão. A dor deu lugar ao prazer. Seus quadris começaram a se mover com os meus. Era como se ela estivesse renascendo em meus braços.
Fizemos amor. Com desejo, com intensidade. E quando acabamos, ficamos ali. Nossos corpos entrelaçados. Exaustos. Ofegantes.
Ela adormeceu no meu peito.
E eu... me peguei sorrindo. Sem entender.
A cidade me tirou tudo. Mas talvez, naquela garota perdida, a vida estivesse me devolvendo o que tinha perdido.