O refeitório ficou em completo silêncio pelo que pareceu uma eternidade. Então todas as cadeiras se arrastaram juntas, e as pessoas começaram a se levantar e correr para fora, à procura da origem do grito.
- O que foi isso? – Bruna olhava com um olhar assombrado – Ai meu Deus! – ela choramingou, desesperada. Eu sabia que ela estava pensando que podia ser algo com a garota que ela estava procurando.
- Calma, Bruna – Sophie se levantou – Vamos até lá para você ver que não é nada demais.
Bruna se levantou e foi rapidamente atrás dela. Levantei logo em seguida, minha bandeja na mão. Antes de sair do refeitório, deixei ela em cima do balcão junto com as outras bandejas.
Olhei ao redor. Não havia mais nenhum aluno ali, a não ser três garotos vestidos de preto em uma das mesas no fundo. Encarei eles por alguns segundos.
O garoto loiro comia seu misto quente animadamente enquanto ria, como se nada tivesse acontecido. Ele tinha a postura relaxada enquanto o de olhos escuros dizia algo a ele com a fisionomia séria, como se estivesse o repreendendo por alguma coisa para a qual ele não dava a mínima. E então encontrei os olhos pretos do outro garoto. Ele me encarava com um sorriso macabro no rosto.
Desviei o olhar rapidamente enquanto um arrepio subia pela minha espinha. De repente me senti vulnerável e saí o mais rápido possível, sabendo, de alguma forma, que ele ainda me observava pelas costas. Lembrei da noite passada, quando eu estava olhando pela janela e tive a mesma sensação.
Segui o tumulto de pessoas até o lado de fora. Todos estavam parados perto da entrada da floresta olhando alguma coisa. Ouvi um choro por cima do barulho de vozes e me aproximei para ver o que estava acontecendo.
Bem ali, na frente deles, havia um garoto abraçando uma garota em prantos, chorando e tremendo convulsivamente.
- O que ela viu?! – alguém gritou do meio da multidão.
Era Bruna. Ela estava na frente junto com Sophie e começava a tremer em ansiedade e desespero.
- Era ela, cara! – o garoto que abraçava a menina gritou, parecendo tão desesperado quanto Bruna – Vanessa. Era ela lá atrás!
- O que? – Bruna pareceu perder a voz – Do que você está falando?
- Com licença – alguém disse atrás de mim enquanto abria caminho entre a multidão. Era a diretora – O que está acontecendo aqui? – ela perguntou quando se aproximou do casal rodeado por pessoas.
A garota nem levantou a cabeça para tentar falar alguma coisa. O garoto, tremendo dos pés à cabeça, apenas levantou o braço e apontou para a floresta. A diretora olhou naquela direção sem entender nada.
- A uns trezentos metros daqui – ele disse – Você vai encontrar o corpo dela lá.
Um grito estridente soou da garganta de Bruna quando ela ouviu aquilo. Ela se atirou no chão e começou a chorar convulsivamente. Sophie se ajoelhou ao seu lado. O tumulto aumentou ao redor. Todos falavam ao mesmo tempo, querendo saber o que havia acontecido. Mas eu já tinha entendido.
Um arrepio percorreu todo meu corpo, e meu estômago se contorceu violentamente. A garota, Vanessa, estava lá dentro em algum lugar, morta. Por isso o grito, por isso o choro e por isso toda aquela comoção. Alguém tinha, de algum modo, sido morta bem ali, há apenas alguns quilômetros de onde dormíamos.
- Silêncio! – a diretora gritou para os alunos – Eu quero ordem aqui! – ela voltou a olhar para o garoto – Do que você está falando?
- Eu e Jéssica estávamos lá... – ele olhou de relance para a floresta – Já estávamos voltando quando a gente viu.
- Viram o que? – a diretora incentivou quando ele fez menção de que não falaria mais.
- Vanessa... Ela está lá. Morta.
...
Estava sentada na minha cama, encolhida e pensando nos últimos acontecimentos.
As aulas tinham sido suspensas durante todo aquele dia, e a notícia havia se espalhado rapidamente. Não se falava em outra coisa na televisão. Todos os noticiários estavam reportando a mesma coisa. Nesse momento, o lugar estava cheio de repórteres e câmeras. Nada que eu gostaria de ver.
Haviam encontrado o corpo da garota, que descobri ser irmã de Bruna, no meio da floresta. Ela estava aberta ao meio, os seus órgãos internos quase todos faltando. Havia arranhões por toda a sua pele, como se algo realmente afiado tivesse feito aquilo com ela. O seu corpo estava desfigurado, mas de alguma forma, o rosto havia ficado intacto.
A perícia chegou e logo concluíram que ela havia sido atacada por algum animal. Só não sabiam responder qual. As especulações giravam em torno de todos. Mas aquele tipo de coisa podia acontecer. Animais que pudessem fazer aquilo nem deveriam existir por aqui.
- Bom, mas existem! – Sophie gritou com o pessoal responsável pela investigação quando estes deram a notícia do ataque – Caso contrário minha amiga não estaria daquele jeito!
Ela foi retirada do refeitório e, apesar de mais ninguém ter aberto a boca, eu sabia que todos estavam pensando a mesma coisa.
Naquela tarde a escola não parou de receber telefonemas de pais, todos querendo informações, alguns até querendo tirar os filhos de lá imediatamente. Ouvi a diretora assegurando a eles, e a nós, de que um grupo de caça já havia sido posto lá dentro e não parariam até encontrar o animal. Também ficamos proibidos de entrar na floresta qualquer que fosse a hora do dia.
Tudo ficou extremamente agitado por lá. Vi alguns alunos descendo com as malas prontas e indo embora. Os pais da Bruna e da Vanessa chorando desesperadamente, curvados sobre o corpo coberto por um pano que não nos deixaram ver, o que eu considerei o melhor. Apesar da minha curiosidade, a minha imaginação já me assombrava o suficiente. Não precisava ver aquilo.
- Ela está indo embora – Sophie disse enquanto entrava no quarto, acabada – Bruna está deixando a escola junto com mais alguns alunos – ela se jogou em sua cama.
- E você não vai? – perguntei.
- Não – ela me olhou – Você vai?
Não tinha falado com a minha mãe ainda desde que tudo tinha acontecido. Havia tentado ligar no celular dela, mas caiu na caixa postal todas às vezes. Eu sabia que era porque estava em reunião e não poderia atender, ela havia me avisado antes. Muito provavelmente ela não sabia de nada também, caso contrário já teria retornado minhas ligações desesperadamente.
- Não sei... – eu disse – Isso depende da minha mãe.
- A escola já assegurou que há um grupo de caça atrás do animal e temos bombeiros para todos os lados – ela suspirou – Eles estão falando que a culpa foi dela. Porque ela entrou à noite na floresta.
- Isso não é verdade – tentei amenizar as coisas – Como ela iria saber?
Ela não respondeu, apenas continuou ali, olhando para o nada, perdida em pensamentos.
Meu celular tocou em cima da cama. A foto da minha mãe apareceu no visor.
Peguei o celular e saí do quarto, fechando a porta atrás de mim delicadamente. Eu tanto queria privacidade quanto não queria aborrecer Sophie mais do que ela já estava. Isso tudo deveria estar sendo muito difícil para ela. Perder uma amiga assim era barra pesada.
- Oi, mãe – atendi o telefone e fui direto ao assunto – Você ouviu os noticiários?
- É, eu ouvi – ela suspirou do outro lado – Está tudo bem com você? Foi alguém que você conhecia?
- Não, não conhecia – fiz uma pausa – E nem vou conhecer.
- Eu fiquei chocada quando soube. Que coisa mais h******l! Eu nem sabia que havia animais perigosos por aí.
- Supostamente, não era para haver – troquei o celular de orelha e me dirigi até a janela no final do corredor, observando o movimento lá embaixo – Mas acho que esqueceram de avisar para o animal.
- Ágata! Isso não é hora para fazer piadinhas.
Ela tinha toda a razão. Suspirei.
- Eu sei, você tem razão. Desculpa – suspirei – Você vai me tirar daqui agora?
- Não acredito que você me ligou tantas vezes seguidas só para me perguntar isso.
- Mãe! Tem um animal selvagem escondido em algum lugar a alguns metros de mim. Você não acha que é um bom motivo para ligar mais de cinco vezes para você?
- Você só está querendo tirar proveito disso para poder sair daí.
- Mãe! – agora eu estava indignada – Uma garota morreu aqui! Ela foi morta violentamente. Eu não quero tirar proveito, eu só não quero ser a próxima!
- Para de falar besteira! – ela me repreendeu – Eu já ouvi sobre o grupo de caça que está atrás do animal, e tenho certeza que vão achá-lo logo, logo.
- Mãe...
- Não vou me precipitar e te tirar daí agora, Ágata – ela me cortou – Sejamos racionais. Eu sei que uma pessoa morreu e sei que foi h******l, mas a gente tem que seguir em frente. A escola não vai fechar, e eu não vou te tirar daí quando o problema já está praticamente resolvido.
Suspirei de frustração.
- E se houver outro ataque? – perguntei.
- Não vai haver outro ataque, meu amor. Uma vida já foi perdida, não vão deixar que aconteça isso de novo.
- Mas...
- Ágata! – ouvi ela suspirar – Eu quero que você me obedeça e não toque mais nesse assunto. Você deveria estar de luto pela colega que perdeu, não tentando me convencer a te tirar daí.
- Eu não...
- Eu tenho que desligar agora – ela me cortou novamente – Fique dentro dos limites da escola e tudo vai ficar bem. E eu te amo, nunca se esqueça disso.
Suspirei.
- Tudo bem, mãe. Tchau.
Desliguei o telefone e voltei para o meu quarto. Eu sabia que discutir não levaria a nada. E ela tinha um ponto.
...
Durante a noite daquele mesmo dia, houve uma homenagem prestada à Vanessa. Todos nós nos reunimos de preto do lado de fora e fizemos algumas preces. Haviam construído um memorial para ela perto da mesa de piquenique. Vários alunos depositaram flores e algumas cartinhas com mensagens bonitas.
Procurei pelos três garotos intrigantes no meio da multidão. Só vi dois deles. O garoto loiro e o de olhos escuros. O garoto dos olhos pretos, o que mais me intrigava, não estava em lugar algum, o que só despertou ainda mais minha curiosidade.
A diretora anunciou que no dia seguinte haveria aula normalmente, então caí cedo na cama. De manhã, acordei com o despertador de Sophie novamente. Vesti minha roupa rapidamente e desci ao lado dela até o refeitório.
- Pedro disse que poucas pessoas saíram da escola – ela dizia enquanto colocava uma maçã em sua bandeja – A garota que achou ela, Bruna, o namorado dela e outros dois alunos.
- Tem notícias sobre o grupo de caça? – perguntei.
- Não fiquei sabendo de nada até agora.
- Tomara que encontrem isso logo.
- Tomara mesmo – ela olhou por cima do meu ombro – O trio parada dura chegou.
Nem precisava olhar para saber de quem ela estava falando, mas olhei do mesmo jeito. O garoto de cabelos loiros entrou na frente, todo sorridente, e se dirigiu rapidamente a uma mesa cheia de garotas. Diferente dos outros, esse estava sempre sorrindo por aí. O de olhos escuros vinha logo atrás, com a cara séria de sempre, se dirigindo ao fundo do refeitório sem olhar para a cara de ninguém. E então veio ele.
Com as roupas pretas típicas de sempre, ele entrou com a cara fechada, irradiando aquela áurea maligna que agora eu sabia que não era a única que sentia. As pessoas ao redor se afastavam quando ele passava, como se não quisessem ficar muito perto. Suas posturas sempre mudavam, ficando rígidas e alertas, como se sua presença incomodasse e causasse desconforto.
Ele realmente tinha uma energia r**m. Ficava me perguntando o porquê.
- Eu já disse que esse garoto me causa arrepios? – Sophie disse enquanto observava ele passar por nós – É quase como se tivesse uma placa na testa dele dizendo: perigo, afaste-se.
Concordei com a cabeça, ainda observando as costas dele enquanto se afastava e se sentava na mesma mesa que o outro.
- Você acha que eles têm alguma relação de sangue? – Sophie perguntou, ainda os observando de longe – Como irmãos?
- Não sei – dei de ombros e segui até a mesa mais próxima. Sophie veio logo atrás de mim.
Nos sentamos em uma mesa vazia, uma de frente para a outra. Dei uma olhada na bandeja de Sophie. Havia apenas uma maçã e nada mais. Eu não ia perguntar nada em voz alta, mas acho que ela notou meu olhar e acabou respondendo à minha pergunta silenciosa.
- Estou sem muito apetite desde ontem – ela desviou o olhar e depois encarou a maçã – Acho que ainda não caiu a ficha direito, sabe? Parece que tudo foi só um sonho r**m.
Eu nunca tinha perdido uma amiga, mas eu podia imaginar a dor que era perder alguém importante para você.
- Vocês eram muito próximas? – perguntei enquanto comia.
- Sim – ela deu um sorriso fraco e encarou o vazio por algum tempo em silêncio – Agora tudo acabou.
Engoli em seco, sem saber o que falar. Os olhos dela estavam molhados, como se fosse chorar a qualquer momento, mas eu podia ver que estava se segurando para que isso não acontecesse.
- Eu sinto muito – foi tudo que eu consegui pensar em dizer.
Ela não disse nada, apenas deu um sorriso e engoliu em seco, dando uma mordida na maçã.
O sinal anunciando o início das aulas bateu mais rápido do que eu esperava. Eu nem tinha comido todo meu café da manhã quando levantei e deixei a bandeja junto com as outras em cima do balcão.
- Precisa de mim para achar sua sala? – Sophie perguntou enquanto saíamos do refeitório, seguindo o fluxo de alunos.
- Não, você já me mostrou onde fica – disse.
- Tem certeza que não vai se perder? – ela deu um sorriso para mim. Sabia que estava fazendo de tudo para se manter forte.
- Absoluta – retribui o sorriso e segui na direção oposta à dela.
Apesar do corredor lotado atrapalhar na tarefa de achar minha sala, consegui chegar lá sã e salva, com apenas alguns empurrões e encontrões. Escolhi uma cadeira no fundo e me sentei lá, esperando todo mundo chegar. Não havia nenhum rosto conhecido por ali.
Três garotas entraram na sala e se sentaram duas fileiras à direita de onde eu estava. Elas estavam rindo e conversando animadamente.
- Ele é uma gracinha, não é? – uma delas dizia.
- Pena que é do segundo ano – outra delas disse.
- Isso não importa – a terceira falou – Ele é muito fofo, totalmente diferente do outro garoto.
- É verdade – as outras duas concordaram com a cabeça – O outro é bonito, mas muito estranho.
Eu não precisava ser nenhum gênio para saber de quem elas estavam falando. E também não precisava ser nenhuma advinha para saber que, pelo fato delas terem ficado rígidas e vermelhas, havia sido ele quem tinha acabado de entrar na sala de aula.
Ele sentou na fileira ao lado delas e as encarou com aqueles olhos de gelo, como se soubesse exatamente sobre o que elas estavam falando. As meninas desviaram o olhar e se sentaram lentamente em suas cadeiras, arrastando elas um pouco para o lado, tentando ficar o mais longe possível dele.
Estava encarando descaradamente quando ele virou o rosto na minha direção, como se sentisse meu olhar em cima dele. Virei o rosto para frente rapidamente, não querendo fitar aqueles olhos frios.
O professor entrou na sala logo em seguida. A primeira aula era de história, e ele já entrou falando sobre Hitler.
- Alguns religiosos acreditam que tudo o que aconteceu aos judeus foi um castigo pelo que eles fizeram a Jesus – uma aluna disse – Você acredita nisso?
- Bom, o que eu acredito ou deixo de acreditar não tem importância nessa aula – ele disse – Na verdade, nada que envolva crenças tem a ver com história. Na história nós só analisamos fatos.
Alguém soltou um risinho cínico ao meu lado.
- Discordo – todos se viraram procurando de quem era a voz grave e rouca que havia acabado de confrontar o professor. Não fiquei nem um pouco surpresa ao descobrir de quem era.
- Desculpe... – o professor encarou o garoto de olhos pretos – O que você acabou de falar?
- Que eu discordo do que você disse – o garoto repetiu com uma voz quase assassina.
Todos estavam olhando de um para o outro. A tensão era quase palpável. Eu não conhecia o professor de história, mas podia chutar que ele era daqueles que não aceitava esse tipo de comportamento de seus alunos. E eu muito menos conhecia o garoto estranho, mas já tinha visto o suficiente para saber que a coisa não ficaria bonita se dependesse de sua boa vontade.
- Qual é o seu nome? – o professor perguntou.
- Dorian – o garoto respondeu.
- Dorian? – o professor enrugou a testa.
- É inglês - ele falou.
O professor encarou o garoto em silêncio por algum tempo. Por um momento, não era possível ouvir nem a respiração das pessoas. Fiquei observando a cena: o professor encarando ele, ele encarando o professor, e todos os alunos com a atenção focada neles. Ninguém ousou mexer um músculo sequer.
- Eu não gosto do seu comportamento, Dorian – o professor disse finalmente.
- E eu não gosto do jeito como você ensina – o garoto rebateu.
Um burburinho de conversa rondou a sala rapidamente antes de o professor responder.
- O que? – ele encarou Dorian perplexo, assim como todos os outros alunos – Eu vou te dizer uma coisa, garoto. Aqui nessa sala eu sou o...
- Você diz que crenças não importam... – ele se curvou sobre a sua mesa e encarou profundamente o professor – Mas nada seria do jeito que é se não fosse pelas crenças.
- Do que você... – o professor começou a falar, mas Dorian voltou a interrompê-lo.
- Por que não começamos analisando Hitler? – ele encostou as costas na cadeira e cruzou os braços sobre o peito – Ele fez tudo o que fez, desencadeando uma Guerra Mundial, porque acreditava que a raça ariana era superior. Você reparou que eu disse acreditava?
Eu podia ver o rosto do professor ficar vermelho e sua face se contorcer em uma mistura de vergonha e raiva.
- Saia já da minha sala – ele apontou para a porta.
- Me corrija se eu estiver errado – ele continuou – Mas o fato de você acreditar em uma coisa não muda, de fato, o curso da história? Quer dizer, e se Hitler não acreditasse na superioridade da Alemanha? E se os criadores do Titanic não acreditassem que era impossível afundá-lo?
- Fora da minha sala agora mesmo! – o professor gritou.
O garoto parou de falar, apenas encarando o professor com aqueles olhos penetrantes. E então, quando eu achava que ele não faria mais nada, ele deu um sorriso macabro que fez um calafrio percorrer todo o meu corpo.
- Ainda me intriga saber que algumas pessoas simplesmente não conseguem admitir que estão erradas – e com isso ele se levantou e saiu da sala.
Ficamos todos em silêncio pelos longos minutos seguintes, cada um olhando para o outro, sem entender o que havia acabado de acontecer. O professor continuava no meio da sala, com uma cara não muito boa. A raiva era visível em seu rosto, mas em seus olhos, escondido pela humilhação, havia uma pitada de algo quase imperceptível.
Era medo.