Episódio 11

1306 Words
Eu estava terrivelmente atrasada. Eu sabia que Aline já estava me esperando na casa do Patrick, mas ao voltar para casa resolvi deitar um pouco... Por isso, esquecendo o despertador, acordei apenas meia hora antes da reunião marcada. Preparando-me rapidamente como um exército, saí correndo para o metrô e já estava me aproximando da entrada do restaurante, quando de repente um grandalhão milagrosamente não me derrubou. Levantando a minha cabeça, uma onda gelada de calafrios passou pelo meu corpo. Eu congelei em confusão com a boca ligeiramente aberta. A cara dele apareceu em meus pesadelos tantas vezes. Não não… Aproveitando o meu estado de choque, um não-humano apelidado de Smoke me empurrou para o banco de trás de um sedã preto estacionado ao lado dos Patricks, e entrou em seguida. O meu coração estava preso no fundo da garganta, batendo tão rápido que eu poderia ter tido um ataque cardíaco. Eu me enrolei como uma bola quando a mão de um homem pesado pousou levemente em meus ombros, me puxando para mais perto dele. — Você está entediada, coelhinho? O hálito esfumaçado do homem queimou a minha bochecha. Em vez de responder, caí na gargalhada histérica. Esta é uma reação absolutamente imprevisível do corpo ao estresse. Rir alto. É de partir o coração. A ponto de ficar rouca. Porque no fundo eu sabia que essas pessoas não me deixariam em paz. Então a palma pegajosa do ghoul apertou a minha garganta. Por um momento, pareceu que ele iria me mandar para junto dos meus pais. O medo era tão palpável... a minha cabeça já estava confusa. — Melhor calar a boca! Smoke latiu: — Não quero quebrar um pescoço tão lindo... Balancei a cabeça nervosamente, tentando descobrir o que fazer. O meu cérebro estava funcionando loucamente, mas nada que valesse a pena me veio à mente, talvez porque o coldre da pistola estivesse pressionado na minha lateral. — O que você quer? Olhei para ele com ódio. — É hora de pagar as contas. O contador está correndo. Tique-taque. Tique-taque. Ele cantou em meu ouvido. De repente, fui dominada por uma raiva incontrolável. — Por que outras contas??? Você já tirou tudo de mim! Eu não finjo nada... só quero viver a minha vida chata... — Você não entende, linda? Foi uma pausa. Seu pai pecou por muitas gerações à frente. Você terá que trabalhar muito para limpar o seu nome. Ele me entregou um pedaço de papel engordurado. — Aqui está o valor que você terá que pagar até o final da semana. O número de zeros ficou borrado, acumulando umidade salgada nos cantos dos meus olhos. — Você está... você está brincando comigo? Sim, não vou ganhar tanto em toda a minha vida... — Há outra maneira. Smoke sorriu, revelando os seus dentes amarelos e esfumaçados. — Você pode resolvê-los. Definitivamente haverá demanda por tal empréstimo em meu estabelecimento. Você quer? — Eu... eu... Eu ofeguei por ar, apertando os dedos médio e indicador até ficar azul, m*al movendo a língua dormente. — Estarei de volta em alguns dias. Se você não conseguir o dinheiro, eu te levo embora. Não adianta fugir, vou revirar o chão até achar você de novo. Com essas palavras ele abriu a porta bruscamente, empurrando-me para fora do carro. M*al conseguindo ficar de pé com as pernas fracas, observei o m*aldito sedã decolar, deixando para trás uma nuvem de gases de escapamento. Naquele momento, o meu olhar instintivamente encontrou as suas janelas no terceiro andar do centro de negócios. Enquanto eu estava caindo mentalmente de um penhasco no abismo do horror, havia uma luz acesa ali. Claro, eu não poderia ir a uma reunião com Aline neste estado. Depois de mancar até a casa do Patrick, caí no banco, rabiscando algumas bobagens para a minha amiga sobre o fato de que pouco antes de sair de casa eu havia torcido a perna e não poderia ir. Desculpe querida. Depois de ficar sentada por cerca de uma hora, olhando indiferentemente para os meus pés, cheguei à conclusão de que não tinha outra opção. Depois tirei do bolso secreto da bolsa um cartão de visita preto e lacônico, que ao longo desses meses nunca tive a oportunidade de jogar fora. Com dedos trêmulos, disquei o número fatal. — Boa noite. Sobre que questão quer falar? Depois de alguns segundos eles responderam com uma voz feminina alegre. — Olá. Arte... pediu para mandar um carro para mim... Dizendo isso, a minha língua quase murchou. — Qual o seu nome? O meu interlocutor invisível perguntou ocupado. — Sarah Alexandra. Eu sussurrei com a respiração suspensa. O que se seguiu foi um silêncio mortal. Essa era a minha única chance... E se ele não quiser me aceitar... — Você deve estar pronta hoje às vinte e três horas. Responda a mensagem, e envie o endereço. Ela disse apenas isso e desligou. Olhando para a mansão sombria com uma torre de ferro forjado no topo, localizada no final de uma torre, senti que não estava longe de um ataque de pânico. Em geral, o ano da minha maioridade, acabou sendo rico em desastres. Com tal série de eventos, talvez eu não chegasse aos dezenove... ..... Endireitando freneticamente as dobras do meu moletom, olhei ao redor do impenetrável portão cor de grafite, tentando encontrar algo que lembrasse remotamente um sino. — Entre. Arte está esperando por você! Uma voz feminina amigável veio atrás de mim. Virando-me, notei uma senhora idosa que, aparentemente, acabara de sair de um portão aberto e discreto. Assentindo com incerteza, eu a segui. Nosso caminho passou pelo jardim, porém, por falta de iluminação, não consegui ver nada. Depois de cruzar a soleira de uma casa de dois andares construída em estilo gótico, logo paramos perto de uma enorme porta de madeira com símbolos desconhecidos. Meu guia bateu com cuidado. — Entre! Trovejou a voz autoritária de Arte Apostolov. Girei a maçaneta e, hipnotizando as pontas dos meus tênis rosa com o olhar, cruzei hesitantemente a soleira, encontrando-me dentro de uma sala espaçosa e m*al iluminada. O dono da casa, vestindo uma camisa branca como a neve desabotoada até o meio do peito, estava sentado à sua mesa, bebendo uísque em um copo baixo de marca com uma expressão impassível no rosto. E, a julgar pela garrafa meio vazia de bebida de elite, ele conseguiu muito bem. Parte do rosto de Arte permaneceu na sombra, mas posso apostar que, escondido na pose de um predador, ele olhou para mim com atenção. — Bem, olá, Sarah. A sua voz aveludada e puro-sangue se espalhou pela sala, depositando-se como suor pegajoso entre as minhas omoplatas. De repente, senti os meus joelhos cederem. — Olá, Arte. Ela sussurrou de volta com os lábios secos de excitação. — Sa-rah. Ele repetiu com uma entonação enganosamente suave, olhando para mim tão atentamente como se estivesse me vendo pela primeira vez. — Você não pode beber tanto. Olhei de soslaio para o copo em sua mão, insinuando que na noite passada no clube ele também tinha uma garrafa com ele. — Você veio me falar sobre isso? Com um movimento confiante, o homem arregaçou os punhos da camisa, expondo o pulso nu e bronzeado, no qual o relógio pendia casualmente em uma pulseira marrom. Notei um par de anéis de aparência assustadora, mais parecidos com soqueiras. Eles coroavam as falanges tatuadas de seus longos dedos masculinos e bonitos. — Não só por isso. Cruzei os braços sobre o peito. — Então sente-se. Ele acenou para a cadeira vazia colocada do outro lado da enorme mesa de madeira. — Diga-me, o que o trouxe ao covil do Minotauro? Sentada em frente a Apostolov, de cabeça baixa, organizei um pouco os pensamentos, reproduzindo na memória o discurso que havia preparado antecipadamente. Devo dizer que foi muito mais fácil fazer isso sozinha.
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