sol:
Acordo com alguém me tocando o braço, olho com os olhos meio fechados e sorrio.
-lipe: Esse sorriso teu toma o coração do bandido de assalto.
Fala sorrindo de canto.
-eu olho pra ele e pisco um olho, porém lembro que devo estar só o bagulho e me recomponho. Não era momento de eu me fazer de gata.
Acordo a lua que começa a xingar.
-acorda, garota, bora! Falo seca, ainda olhando pro vapor.
-lua: Não quero fala, se virando, e quando ela se dá conta do vapor, toma um susto.
-lua: c*****o, sol! Nem pra me avisar que tem alguém aqui! Que susto!
-lipe: Sou o lipe pra vocês e aqui fora tem um banho. Podem se arrumar, O patrão vai sacar vocês daqui.
-bo primeira, me levanto correndo, quase caindo e rindo da cara da lua.
-lua: Não demora, estrupício! Tô me mijando e tu fez trapassa! Tu já tava acordada, eu tô drogui ainda, falo me sentando e encarando o tal lipe que me olha com cara de mau. Também olho torto, pede leva, tá pensando o quê?
-tá pronto Falo.
E ela sai correndo sem freio.
Começo a juntar as minhas coisas, cantarolando.
Eu nem percebi que a lua já estava arrumada. Eu tinha ficado de costas, depois de arrumar as mochilas, olhando o movimento dos meninos, todos armados. Eu cantarolava uma música em espanhol, uma mais velha que as pedras que minha mãe gostava. Quando sinto passos atrás de mim, a primeira coisa que eu raciocinei fazer foi me virar e dar um chute com os olhos fechados. Abri-os devagarinho e tinha acertado no tal Lipe, a lua lá atrás segurando o riso, e eu não sabia se ria ou chorava.
- Lipe: c*****o, que é isso? Tem amores que matam! Mesmo.
- Pô, gatinho, desculpa. Eu falo manhosa, pensei que tu ia fazer algo, nem vi que era tu. Tu é amigo, né?
Eu, nesse ponto, estava querendo correr.
- Lipe: É amigo? Se fosse inimigo, tava morto!
- Pois, em tom tá doendo?
- Lua: Ah, jura que tu fez essa pergunta? Depois eu falo que tu é sonsa e eu sou r**m. Ela fala, vindo mais para perto.
- Olha o pai, falou, apontando pro grego que olha sério.
- Grego: Que chute, hein? Tá bem, Lipe? Pode ir, eu cuido das feras.
- Valeu, aí, falou, e ele m*l me olha
"Você nem se despediu, falou fazendo bico.
Grego: Também o chute que você deu no moleque, né, Sol?
Lua: Você não é mais sonsa por falta de tempo, né?!
— Ah, deu! Já estou triste e aí já sabe que é nosso pai?
— Grego: Sim, por isso vamos à padaria conversar e depois vamos pra casa. Temos muito que alinhar.
Saímos caminhando rumo à padaria. As pessoas cumprimentavam ele, parecia ser bem querido. Chegamos e nos sentamos em uma mesinha que tinha. Veio uma moça toda sorridente que nem olhou pra nós, só pro meu pai.
—xx: Bom dia, chefe! O que vai pedir hoje?
— Grego: Eu, um café e dois mistos.
— Lua: Eu, já que não pergunto, vou querer dois salgados: duas coxinhas, dois pão com mortadela e uma coca.
— O mesmo pra mim, a coca pode ser só uma mesmo e uma fatia de bolo de chocolate. Sorri pra mulher que estava de boca aberta anotando tudo, e ela se retira.
— Grego: Vocês comem em?
— Lua: Na verdade, nunca pudemos comer salgados, só o pão com mortadela, por isso pedi pra experimentar. Ela fala com cara de coitada e Já vi tudo!
Se ele se bobear, a Lua consegue sacar até as cuecas. Penso, mas decido só observar.
- Grego: Então, meninas, sua avó se chama Vera, mora perto de onde eu moro, e a minha fiel se chama Bibi.
- Lua: Que legal! Vamos ter vó? E a tua mulher, como é?
- Lua! eu reprendo ela como ela é. A gente tem que se dar bem. A gente tem que ficar aqui até a mãe sair do chilindro.
Falo com o sorriso mais cínico do mundo, enquanto a Lua me olhava, e eu podia jurar que ela estava praguejando a tal Bibi sem conhecer, porque ela já não foi com a cara do nome dela. Já vi tudo.
- Grego: Meninas, o respeito é em primeiro lugar, e das duas partes tem que ter. Depois, se vocês se dão bem, pra mim é só lucro. Eu perdi muito de vocês, não vou perder mais nada, entenderam?
- Lua: Sim.
- Sim, papis! Falo, e a Lua me olha e n**a.
O café rolou solto, comemos até estourar quase falamos de tudo um pouco. Confesso que é legal ter pai, porém sempre com um pé atrás.
Pagamos a conta e fomos primeiro na casa da vovó. A velha não teve um infarto por pouco, mas nos recebeu de braços abertos. Gostei da energia dela. Ela chorou muito por nossa história. Também soubemos o porquê do meu pai sumir na época e que o pai dele era um merda. Passamos cerca de 3 horas com a vovozinha, como eu a apelidei.
Mas o que é bom dura pouco. Teríamos que enfrentar a famosa Bibi, famosa porque é claro que ela vai nos chutar. A gente caiu de paraquedas e ela vai passar raiva, só que não temos culpa, né? A gente estava na vida dele antes, ele não sabia, mas agora sabe. E ela nos atura, o surto! A vovó fez cara feia quando falamos dela. Já vi que a velha não gosta da mulher, já não é um bom sinal.