PRÓLOGO
Do outro lado da sala o professor continuava a ensinar a tabuada. Mas tudo o que a jovem de vestido com mangas bufantes pensava, era no pedido de noivado que havia recebido na noite anterior. Não fora capaz de contar para nem uma de suas amigas. Nem mesmo Isabela que segurava a sua mão desde o início da manhã, a amiga sabia que algo estava acontecendo e mesmo Maria não contando ela se manteve fiel a jovem e não a questionou como outras garotas fez ao presenciar seu silêncio tão incômodo e estranho.
O que mais poderia fazer? Tudo estava mudando e não fora ela que decidiu, nem mesmo foi ela que disse sim quando a proposta de casamento veio. Fora seus pais que decidiu tudo e ela teve que aceitar calada. Ela mau sabia o que teria que fazer, nunca estivera em uma sala sozinha com seu noivo, achava que nem mesmo reconheceria a sua voz, ela só falara com ele duas vez e dançou uma, mas nós poucos minutos que teve, não se lembrará de falar nada, tinha medo de parecer uma tola e tinha a certeza que era isso que Nicolau pensava dela. Sabia que nunca um garoto tão bonito e popular a pediria em casamento, ela não era a garota mais bonita e sabia disso, nem mesmo tinha os atrativos que as outras garotas já possuía. Não era segredo para ela o quanto os negócios dos pais de ambos era importante e juntos os dois faria de tudo para continuar lucrando.
— Não precisa chorar, Mar. Eu estou aqui.
Ela olhou para amiga, Isa era a garota mais gentil e atenciosa que já conheceu. Nunca viu amiga ser maldosa e nem muito menos sentir inveja de alguém. Era doce e bonita, qualidades que quase nunca se encontra em uma única pessoa.
— Estou com tanto medo, Isa.
Foi tudo o que ela conseguiu dizer e então o professor a fez ir até o quadro e multiplicar três filheiras da tabuada. Isso porque segundo ele, eu nunca me calava e aquilo ainda seria um castigo pequeno. Enquanto a jovem multiplicava, as lágrimas lhe cai dos olhos, agradeceu a Deus por esta de costas para a turma e ninguém a ver ser tão patética e chorona. Até porque não havia um motivo para todas aquelas lágrimas. Era só um casamento. Mas em seu coração ela sabia que nada de bom poderia vir daquela união.
Mas tarde naquele dia enquanto caminhava pela propriedade da casa que viria a ser do casal, Maria criou a fantasia em seu coração, que sim seu casamento poderia da certo. O imenso sorriso já fazia suas bochechas ficarem dormentes, seu braço está entrelaçado com o de Nicolau. O jovem contava histórias engraçadas de sua aventuras com seus amigos, em sua outra mão segura a pequena flor de ipê que o ele a presenteará.
— Casaremos no início de maio, prometo ser um bom marido e nunca a magoar. Sei que está com medo, mas asseguro que nada mudará em nossas vidas, você continuará a ver suas amigas e até mesmo ir a escola se desejar.
O coração da mocinha quase que explodiu ao ouvir as palavras dele, era tudo o que queria. Uma certeza que ele também estava de acordo e que queria aquilo, a verdade é que Nicolau é a paixão de todas as suas amigas. Ele é charmoso e mais velho, muito educado e sempre gentil. Não é como os colegas da escola que ainda puxava seus cabelos e lhe colocava apelidos. Ele fazia com que ela se senti-se adulta, mesmo ela tendo apenas 14 anos e ele 19.
— Eu prometo ser uma boa esposa e ter da muito filhos também. Vou cuidar da casa e ser sempre feliz, nunca vou chorar como a mãe das minhas amigas e também não vou lhe importunar se quiser sair a noite para se divertir com os seus amigos como minha mãe faz.
Nicolau sentiu uma pontada no estômago ao ouvir a inocência com que sua futura esposa falava, a verdade que ela era tudo o que ele detestava. Não queria um casamento e ter que se casar com uma menina que nem ao menos deixou de molhar a cama o incomodava mais do que achou ser possível. Tentou ao máximo não ser rude com a jovem, ela não tinha culpa. Na última visita que fizera com os pais a casa dos Xavier, para os acertos dos casamento vira a jovem do lado de fora brincando com amiga de boneca e imaginou como ele faria aquilo funcionar, ao seus olhos o pecado que os pais o obrigava a cometer não levaria apenas ele ao inferno. Todos o envolvidos desceria com ele.
— Acredito que será uma boa esposa.
Sem esperar que ela disse mais alguma coisa, já que aquele passeio nada mais era que um prestesto que o pai o obrigar para fazer com que a jovem não recusasse e estivesse realmente domada. Ela a beijou, foi apenas um tocar de lábios que fez o estômago do jovem revirar e aquele se tornar o melhor dia de sua vida.
Alguns meses depois Maria viu que todo o medo que sentiu naquele dia na escola tinha sim um fundamento. No seu segundo dia de casamento o seu marido partiu, não sou indo embora como também destruindo seu coração.
