No caminho para a empresa, Rycon m*l conseguia se concentrar na estrada. A cada desvio de olhar, percebia Cara o observando, como se buscasse nele algo que ainda não compreendia. Aquilo lhe arrancava um incômodo prazer — porque, por mais que tentasse manter a máscara de frieza, algo nele se agitava sempre que ela o encarava.
Quem Cara queria enganar? Ela não precisava dizer a ele que o achava atraente, Rycon via isso na forma que ela o olhava nos últimos dias, e aquilo lhe dava um prazer imensurável.
— Por que está me olhando assim? — Perguntou, sem conseguir disfarçar a curiosidade. Era como se cada olhada que Cara lhe desse queimasse a sua pele.
Ela desviou os olhos rápido demais, como quem teme ser pega em flagrante.
— Nada, — disse. Mas Rycon conhecia mentiras. Reconhecia silêncios. Cara estava a um passo de invadir todas as suas defesas, e ele sabia disso.
Quando desceu do carro e abriu a porta para ela, sentiu a tensão crescente. Ela saiu seca, indiferente, quase como se quisesse reafirmar que não precisava dele. Mas Rycon sorriu. Porque, por mais que ela o repelisse, os seus olhos contavam uma história diferente.
E então, enquanto ela caminhava à frente, não pôde evitar. Os seus olhos a seguiram, absorvendo cada detalhe da saia cinza que moldava o seu corpo. Era um instinto bruto, incontrolável, e ele odiava — odiava — não conseguir lutar contra aquilo.
Luka apareceu, quebrando o feitiço. Mas, por dentro, Rycon ainda queimava com a imagem de Cara gravada em sua mente.
Horas mais tarde, quando a encontrou novamente, foi surpreendido. Ela estava afundada em pilhas de documentos, tão concentrada que nem sequer notou o tempo passar. Havia algo em Cara que sempre o desarmava: a dedicação, o silêncio, a forma como se esquecia de si mesma quando mergulhava no trabalho, e a cima de tudo a sua língua ferina que sempre o desafiava pela menor coisa.
Quando perguntou sobre o sanduíche em sua mesa, sentiu uma irritação infantil. Não era sobre o lanche. Era o incômodo de não conseguir decifrá-la, de não estar no centro da atenção dela como queria.
— Vamos ter uma reunião no último andar daqui a meia hora. Preciso que me acompanhe — disse, no tom mais neutro que conseguiu. Mas, por dentro, a sua mente fervia. Ele precisava dela perto, precisava testá-la, precisava entender até onde iria aquela conexão inexplicável.
O tempo se estendeu, e quando finalmente entrou na sala de espera, a cena o paralisou. Cara estava adormecida no sofá. Havia uma vulnerabilidade ali que nunca imaginara nela. Os cabelos caídos sobre os ombros, o corpo relaxado, o peito subindo e descendo suavemente.
Rycon se aproximou devagar, quase contra a própria vontade. Não deveria. Ele sabia que não deveria. Mas cada passo era como um mergulho num abismo inevitável.
Ela era como um ima poderoso o puxando para perto, e ver a forma que os seus lábios tentadores se destacavam era demais para seu autocontrole. Tudo nela o atraia de uma forma que ele não suportava mais, e continuar negando aquela atração já estava se tornando insuportável para ele. Ver a forma que os outros homens se aproximavam dela o deixava possesso, ela era sua, apenas sua.
O perfume dela o atingiu primeiro, e então a visão dos seus lábios entreabertos, frágeis e tentadores. A sua mente gritava para recuar, para não se permitir aquilo. Mas o corpo... o corpo não obedeceu.
Se inclinou. Tocou os seus lábios nos dela. Primeiro, como quem teme quebrar um cristal precioso. Depois, incapaz de se conter, deixou que a pressão aumentasse, um pedido silencioso que ela não rejeitou. O coração dele disparou.
Por um instante, Rycon sentiu paz. Algo que não experimentava há anos com a sua rotina agitada. Era como se todo o peso de suas escolhas, de sua reputação, de sua frieza cuidadosamente construída tivesse evaporado no toque suave daquele beijo.
Quando se afastou, encontrou os olhos dela. Perdidos. Confusos. Belos. O mundo pareceu suspenso entre eles, mas ele não podia se permitir fraquejar. Não ali. Não diante dela, e olhar para aqueles olhos só lhe dava a certeza do que ele queria, e Rycon queria Cara.
— A reunião vai começar — disse, a sua voz mais doce do que ele gostaria. Porque, naquele segundo, já não era o CEO implacável. Era apenas um homem. Um homem incapaz de resistir à mulher que, de alguma forma, conseguia penetrar as suas barreiras mais profundas.
E ao se afastar, deixou para trás não apenas Cara confusa, mas a si mesmo despido das suas defesas.
Rycon sabia: aquele beijo não tinha sido um deslize. Tinha sido o começo de algo que ele não poderia — nem queria — conter.
— Está tudo bem senhor? — Pergunta Geovani quando ele entra novamente na sala de reuniões.
— Por que a pergunta? — Diz ele de forma ríspida.
— Por nada, mas seu rosto está um pouco vermelho. O senhor está com febre? — Pergunta Geovani estendendo a mão para tocar a testa de Rycon em um ato reflexo.
— Se tocar em mim, quebro o seu braço. — Diz ele com um olhar de aço.
Geovani se encolhe em seu lugar puxando o braço rapidamente.
— Só estava preocupado. — Responde ele em voz baixa.
— Você é medico Geovani?
— Não. — Responde.
— Então não se meta!
Geovani treme diante do olhar do seu chefe e apenas se afasta para que ele seguisse o seu caminho, ninguém gostava de estar no caminho de Rycon quando ele estava m*l humorado.
A atenção de Geovani se volta para a porta quando Cara abre e entra lentamente, rapidamente os olhos dele se voltam para o seu chefe sentado no lugar principal a mesa de reuniões. Agora ele entendia o motivo de seu chefe estar tão estranho, ele tinha ido conversar com Cara o que explicava o seu rubor segundos atrás.
— Não fique ai parado como uma estátua Geovani! Traga as pastas. — Diz Rycon tirando Geovani dos seus devaneios.
— Sim senhor, — responde ele enquanto guardava um sorriso interno ao perceber o que estava acontecendo.