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3683 Words
— Você pode, por favor, me relembrar por que não conseguiu vir comigo? — sussurrei para Lucy no telefone conforme pressionava a testa na parede no canto da sala de espera branca onde estava sentada, esperando para ser chamada. — Querida, acalme-se. Se não fosse pela aula da vaca, você sabe que eu estaria aí segurando sua mão a cada passo. A mulher já não gosta de mim; não posso dar mais motivo para ela. Quando você chegar em casa, vou estar com os shots de tequila prontos para comemorar. Foque nisso. Vai ajudar. Fechei os olhos. Eu estava a segundos de vomitar. Para me acalmar e me concentrar em outra coisa, comecei a andar para um lado e para o outro no meu cantinho. Pensamentos felizes, me encorajei. Pensamentos bem felizes. Havia uma loira sentada na poltrona em forma de U. Ela estava ocupada mandando mensagem para alguém e, depois, tirando selfies inúteis nos últimos dez minutos. Ela estava toda embonecada e tinha um bronzeamento artificial muito óbvio que já estava ficando manchado. Ela não tinha largado aquela coisa ― o celular com orelhas de Mickey ― nem por um segundo desde que entrara ali. Quer dizer, pelo amor de Deus, quantas malditas fotos se pode tirar enquanto se está sentado no mesmo lugar, dando o mesmo sorriso falso? Eu tinha parado de contar depois da trigésima. Observando-a fazer outra cara com biquinho enquanto amassava os s***s com os braços, eu gemi. — Acho que vou vomitar — sussurrei no celular. — Ah, cale a boca. Seja madura e os maravilhe com seu lindo sorrisinho. — Já que você está fazendo um trabalho bem r**m tentando alegrar sua amiga, pelo menos me lembre por que Char não pôde vir comigo. Lucy soltou um longo suspiro. — Charlotte estaria tremendo ao seu lado se você a levasse junto. É por isso que não contamos a ela aonde você iria, lembra? Eu lembrava. Ela tinha razão. Se Charlotte estivesse lá, eles se lembrariam de nós como a dupla trêmula; não era a melhor primeira impressão que você iria querer passar para alguém, que dirá para as pessoas do estúdio que tinham interesse em adaptar seu livro para uma p***a de um filme. — Eu te odeio. — Também te amo, minha linda ansiosa. — Lucy — comecei de novo em um tom miserável. — A reunião era às duas e meia, já são quase três. Talvez eu devesse ir embora. Talvez tenham cometido um engano marcando isso. Quer dizer, a quem estou enganando, certo? Claramente, isso não vai acontecer. Não quero ficar esperando para ver alguém pular e gritar “Pegadinha, otária!”; só quero ir para casa. Posso ir para casa, por favor? — Não, você não pode voltar para casa. Eu te proíbo de voltar para casa antes de ir a essa reunião e voltar com boas notícias e bastante dinheiro. Agora, feche os olhos. — Por quê? — Faça isso, Olive. — Certo. Meus olhos estão fechados. Você pode aparecer e abri-los se quiser ganhar o prêmio de melhor amiga do ano. — Eu já tenho a merda desse prêmio, amor, então é uma ameaça inútil. Seus olhos estão fechados? — Sim — bufei. — Ok. Agora, imagine que você é um rio. — Ahhh — resmunguei. Essa merda de novo não. — O que vai fazer? — Te acalmar, caramba. — Me dizendo que sou um rio? — É. Agora, cale a boca e imagine que você é um rio. Você está se movendo; ninguém e nada podem te impedir. Você sente a luz do sol na sua… que seja, e fica feliz. Você é uma centelha de risada no ar. Então, vira uma pequena cachoeira, não, vira uma cachoeira majestosa e depois voc… — Ok, ok, Lucy — cortei antes que ela possa falar mais besteira. — Estou calma. Você me acalmou. Sou um rio gelado que escuta centelhas de risada no ar e, depois, se transforma em uma cachoeira majestosa. — Ótimo, bom para você. Agora, acabei de ver a b***a gostosa do Jameson passar por mim, então preciso ir e dar uma mordida nela. — Tentei interromper, mas ela me mandou ficar quieta. — Me deixe orgulhosa e te encontro em casa. Tchaaaau! Abri a boca, mas ela já tinha desligado na minha cara. Baixei o celular e sorri para mim mesma. Ela não tinha chegado nem perto de me acalmar, mas sempre dava um jeito de me fazer sorrir. Olhei em volta pelo escritório preto e branco. Tudo parecia tão caro: a arte nas paredes, a mobília, o tapete, até as malditas janelas pareciam caras e brilhantes. Me sentindo nua, nervosa, assustada, empolgada ― eu mencionei nua? ―, dei um passo à frente para me sentar ao lado da mulherzinha do clique, mas, quando a vi tirar um p*u de selfie da bolsa, decidi não o fazer. Ficaria andando de um lado para o outro mesmo. Meu olhar pousou nas mulheres sentadas atrás da enorme mesa de recepção curva. Todas pareciam modelos, não secretárias. Nem um fio de cabelo delas estava fora do lugar, enquanto o meu estava uma bagunça ondulada. Olhei para minhas roupas… Bom, obviamente, eu não chegava à altura do traje social delas de saia lápis, blusa e salto, mas estava bonita. Apenas algumas horas antes, Lucy havia me obrigado a usar uma saia preta de bandagem com uma camisa branca simples e uma jaqueta fina de couro. Claro que ela tentara me forçar a usar saltos altos, mas consegui sair dessa usando minhas botas de combate da sorte. Eu gostava de pensar que parecia chique e relaxada de um jeito estiloso. No entanto, não estava me ajudando a não me sentir um peixe fora d’água. Me concentrei na morena que havia me dito que eu precisava aguardar alguns minutos porque os empresários estavam atrasados. Esses alguns minutos tinham se transformado em quarenta exatamente há um minuto. Por favor, não me julgue. Normalmente, não me importo de esperar. Inferno, em qualquer outro lugar, eu teria adorado me sentar ao lado da mulher da foto e tirar fotos dela tirando fotos de si mesma e rir sobre isso com Lucy e Charlotte quando voltasse para casa. Porém, os minutos demoram bastante a passar quando se está prestes a perder o controle e vomitar diante de um monte de estranhos. Eu não poderia ser responsabilizada por todas as facas que estava lançando com o olhar para as secretárias-modelos. Ah, problema delas. Que tipo de pessoa c***l elas eram brincando com meus sentimentos assim? Até onde eu sabia, mereciam todas as faquinhas afiadas e imaginárias. Finalmente, a morena olhou para mim, colocou o dedo no ouvido para escutar quem quer que fosse falando do outro lado da linha em sua coisa bluetooth, então assentiu uma vez. — Senhorita Taylor — ela me chamou. Fechei os olhos, respirei fundo e, de forma trêmula, fui até lá. Ela já estava em pé e andando na minha direção. Nos encontramos na metade do caminho. — Sou um rio. Posso me mover tranquilamente — murmurei para mim mesma. — O que disse? — Nada. Desculpe. — Dei um sorriso trêmulo a ela. — Vou levá-la ao escritório do sr. Thomas. Eles estão aguardando você. — Obrigada — respondi, tentando muito, muito mesmo manter as mãos na lateral do corpo em vez de fazer algo doido como encostar na mão dela para roubar um pouco da sua calma. Isso não seria estranho, certo? Ela me deu um sorriso sincero ― o primeiro, na verdade ― e me levou pelo corredor comprido. Viramos à direita, passando por mais quadros caros, e alguns pôsteres de filme, depois viramos à esquerda, desta vez, passando por um monte de salinhas. Cada vez que passávamos por uma porta aberta, eu ficava pronta para pirar de nervoso. Quando fizemos outra curva, estava começando a me sentir um hamster tentando pegar a isca. Então apareceu uma porta grande diante de nós. Parei de repente. Ia mesmo fazer isso? Isso estava mesmo acontecendo? Merda! Quem eu queria enganar? Seria um desastre completo! Eu não era uma cachoeira majestosa. Não chegava nem perto. A morena parou ao lado da porta e sua mão pausou na maçaneta, depois, ela a abriu. Claramente, esperava que eu me aproximasse, mas não fiz nada disso. Ergui os olhos para os dela. Lutar ou fugir? Eu estava a segundos de fugir. Droga! Quantas voltas tínhamos dado? Será que eu conseguiria encontrar a saída daquele labirinto de merda sem ela? Dei um passo para trás involuntariamente a fim de testar, mas, quando me dei conta, ela estava em pé bem ao meu lado, perguntando se eu estava bem, sua mão surpreendentemente forte nas minhas costas. Fiz um choramingo bem horrível com a garganta e, então, comecei a tossir. Quando acabei com toda essa coisa sem sentido, a expressão dela tinha suavizado. — Desculpe — murmurei. — Está nervosa por causa da reunião? — Não pode ser tão óbvio — eu disse, tentando rir. — Não tem nada com que se preocupar. Eu amei seu livro — ela declarou, me chocando. Arregalei os olhos. — O quê? Amou? Você leu meu livro? Realmente sabe quem eu sou? Você disse que gostou do livro? — perguntei, prendendo a respiração. Bom, obviamente, ela tinha bom gosto; era um livro bom pra caramba, afinal de contas. — Li sim, e claro que sei quem você é. E logo depois desta reunião, se aceitar a proposta deles, muito mais gente vai conhecer sua história. Você vai ficar famosa. Eu não queria ficar famosa nem nada. Não queria ganhar nada. Naquele instante, tudo que eu queria era deitar na minha cama e me esconder debaixo das cobertas. — Mas precisa ir agora. — Pude ver que ela já estava esperando que eu me movesse. — O sr. Thomas tem uma agenda apertada e já está atrasado. — Ela verificou seu reloginho delicado, depois olhou de volta para mim. — Vá agora, não há muito tempo até o próximo compromisso dele. Eu não estava me mexendo. Antes de saber o que estava acontecendo, ela tinha aberto a porta e estava me colocando para dentro. Me controlando antes de cair de cara, parei e escutei o som distinto de uma porta se fechando. Olhei por cima do ombro. Ela tinha sumido. Que traidora! Virei e me vi cara a cara com três homens de terno. Por um segundo, eu não sabia o que fazer, mas então, mentalmente, me chacoalhei e andei na direção deles. Eu já estava dentro, então poderia muito bem parecer alguém que sabia o que estava fazendo. O careca ― estava presumindo que era Bobby Thomas ― avançou e me encontrou na metade do caminho, rapidamente oferecendo sua mão. — Olá, srta. Taylor, sou Bobby. — Ele me cumprimentou com um sorriso grande no rosto. Se seus olhos não estivessem fixos nos meus s***s, eu teria dito que ele parecia simpático. Irritada, virei o rosto e chamei sua atenção. — É um prazer conhecê-lo, sr. Thomas — eu disse severamente. — Não precisamos dessa formalidade. Me chame de Bobby. No fim de tudo isso, estaremos nos conhecendo bem melhor. Forcei um sorriso e gentilmente tirei a mão da dele. Os outros dois não se levantaram, mas estavam com os olhos em mim, me analisando. Andando ao meu lado, Bobby me levou a uma mesa comprida diante das janelas que iam do chão ao teto. Conseguindo olhar em volta, percebi que estávamos em algum tipo de sala de reuniões, o que não ajudou em nada a acalmar meus nervos. Eu estava fora de mim ali. — Olive, este é… posso te chamar de Olive? — Claro — murmurei, distraída pela mão dele na minha lombar. — Ótimo. Olive, gostaria de te apresentar ao m****o mais jovem da nossa empresa, Keith Cannon. Com aqueles olhos azul-claros e as maçãs do rosto bem marcadas, Keith Cannon passava uma primeira impressão bem impressionante. — Prazer em conhecê-lo, Keith. Sou Olive Taylor. Sorri para ele e apertei sua mão quente. Ele tinha dedos compridos e fortes. Seus dentes eram meio brancos demais, meio brilhantes demais para serem naturais, mas era difícil encontrar algo natural em LA. Ao lado dele, um cara mais baixo e mais jovem, ocupado digitando em seu laptop, se levantou e bruscamente apertou minha mão conforme Bobby continuou as apresentações. — Isso provavelmente é bem empolgante para você e, se concordar com nossos termos, ele será o roteirista do filme. É importante que retratemos tudo da sua história na telona assim como você conseguiu fazer em algumas centenas de páginas, então eu queria que conhecesse Harry Schuman e escutasse suas ideias. Na verdade, ele está aqui para nossa próxima reunião, mas estamos atrasados hoje, então, já que ele está aqui, queríamos que falasse disso com você. Assenti e, depois das apresentações, me sentei diante deles. — Entendemos que, neste momento, você não tem um agente, Olive. Está correto? — Keith perguntou. — Está — respondi. — Não era algo que eu estava esperando acontecer. Não mesmo. Sou uma autora independente, e, como já devem saber, Dor na Alma é meu primeiro romance, o que torna tudo ainda mais surreal. — Nós entendemos que pode ser um pouco assustador, mas você realmente nos impressionou com sua história e queríamos sua atenção antes de mais alguém poder te roubar. — Keith tem razão — Bobby assumiu de novo. — Queríamos que olhasse para isso como o primeiro passo da nossa parceria. Você não precisa decidir nada hoje, mas deveria saber que estamos extremamente ansiosos para trabalhar neste projeto. Também deveria saber que… com licença. Ele pausou quando seu celular avisou ter uma nova mensagem de texto. Erguendo os olhos, ele distraidamente acenou a mão em um gesto que dizia “pode continuar”. — Preciso verificar uma coisa, mas, por favor, continuem sem mim por alguns minutos e já volto. Podemos até ter uma surpresa para você, Olive. Acho que vai gostar. Forcei um sorriso e, então, Bobby Louco Por p****s saiu. — Vamos continuar, certo? — Keith perguntou e recebeu uma afirmação com a cabeça de mim e Harry. — Como Bobby acabou de mencionar, estamos interessados no seu livro. Mas… — Ele ergueu a mão para me impedir de interrompê-lo. Sou toda ouvidos, Keith. Ninguém vai te interromper. — Todos nós queríamos marcar esta reunião para que nos conhecêssemos melhor e víssemos se conseguíamos te impressionar. Depois de hoje, se gostar do que escutar, ficarei feliz em marcar um almoço para verificarmos os detalhes e eu te apresentar uma opção de contrato de exclusividade. — Ok. — Assenti, porque isso fazia sentido, não é? Ele não estava dizendo nada assustador, nada mesmo. Keith assentiu de volta para mim com um grande sorriso que mostrava seus dentes brilhantes como pérola de novo e continuou. — Então, basicamente, Olive, nós queremos ser fiéis à sua história o máximo que pudermos. Você conquistou muitos corações de faixas etárias diferentes, então queremos manter o cerne da sua história. A única diferença é que queremos elevá-la ainda mais. Polir os personagens principais, talvez fazer algumas pequenas mudanças aqui e ali, adicionar alguns novos personagens secundários, grandes nomes de Hollywood, claro. Não decidimos se queremos mudar o final ainda, mas são apenas detalhes que tenho certeza de que não está interessada. — Unindo as mãos em cima da mesa, ele olhou diretamente para mim. — Nós queremos que o filme chame a atenção de todo mundo. Em algum lugar, no meio da sua explicação sobre as intenções do estúdio com o meu livro, ele tinha acabado de falar que eu não estaria interessada nas mudanças? Do que ele estava falando? — Tudo parece ótimo, mas talvez devêssemos voltar um pouco — eu disse. — Realmente sinto que estou perdida aqui. Quando você fala algumas pequenas mudanças… — Eu li seu livro, srta. Taylor, e, por mais que tudo estivesse ótimo para o formato de livro, para um filme, não vai traduzir da mesma forma. Será necessário fazer mudanças em certas partes — Harry explicou, falando pela primeira vez. — Vamos te comunicar de tudo — Keith me garantiu, interrompendo. — Geralmente preciso de… quase um ano ou possivelmente mais de um ano… para conseguir patrocínio para o filme, encontrar o diretor certo para a história, os atores certos, a empresa de produção e muitos outros passos… mas queremos usar o burburinho do seu livro a nosso favor e manter o falatório em alta. Já que você não tem agente, eu recomendaria bastante que encontrasse um ou que trouxesse um advogado para ler o contrato que te apresentaremos na próxima reunião, assim não haverá nenhum problema no futuro. — Claro, claro. Mas e essas mudanças? — perguntei, me sentindo mais pressionada a cada segundo. Keith deve ter visto algo na minha expressão, porque seu sorriso suavizou. — Não acho que te perguntamos. Você gostaria de beber alguma coisa? Algo para comemorar, talvez? — Não, estou bem. Obrigada. — Da próxima vez, então. Agora, você tem alguma pergunta para mim? Olhei para Harry, mas ele não estava prestando atenção. — Acho que sim. Primeiro de tudo, é muito empolgante saber que estão interessados no meu livro, mas, para ser sincera, as mudanças que você mencionou querer fazer são… Não sei como expressar isso em palavras, na verdade. O negócio é o seguinte: passei anos escrevendo esse romance. Por mais que eu queria ver meus personagens ganharem vida na telona, não sei se vale a pena passar por isso tudo só para acabar totalmente irreconhecível. — Cada palavra naquele livro tinha um lugar especial no meu coração. — Você não está interessada em vender os direitos do filme? — Eu não disse isso. Na verdade, fiz uma pesquisa e acredito que, em alguns casos, autores podem trabalhar como consultores. Essa seria uma opção para mim? Terei alguma voz na produção do filme? — Olive, acredite em mim, todos os autores se sentem da mesma maneira que você de primeira, mas, quando o projeto segue em frente e a produção começa, tudo muda. O roteiro ainda não está escrito, então não podemos realmente comentar qualquer mudança, mas tenha certeza de que vou me certificar de incluí-la no processo. Felizmente, eu era esperta o bastante para saber que ter voz no roteiro e ser “incluída no processo” não eram a mesma coisa. — Vamos conversar sobre os atores — ele disse enquanto eu ainda tentava decidir como responder. — Não é meio cedo para isso? — perguntei, inquieta no meu assento. — Essa é uma das primeiras coisas que decidimos, porque assegurar o ator certo para o papel vai mudar tudo. Já temos alguns nomes que pensamos que seriam perfeitos para Isaac e Genevieve. — Ele verificou suas anotações. — Para Isaac, seu protagonista, temos um ator específico com que estamos tentando entrar em contato, mas, para Genevieve, temos um monte de nomes que estamos verificando. Você tem alguma ideia, talvez sugestões para os atores? — Bom, quando os imagino na minha cabeça, não os vejo como outras pessoas. Minta, Olive. Minta descaradamente. — Mas eu adoraria saber os nomes que estão pensando — complementei. Bem no fim da minha frase, a porta à nossa esquerda se abriu e Bobby entrou com outro homem ao seu lado. O olhar de Keith desviou para eles também e, antes de eu saber o que estava acontecendo, Jason entrou logo atrás deles, mexendo no celular. Jason maldito Thorn. Minha boca se abriu. Merda! Meu Jason. Dupla, tripla merda. Não, não meu, meu Jason. Merda! Merda! Merda! Em choque e presa na cadeira, minha boca ainda estava aberta quando Bobby deu risada, chamando minha atenção. Tenho certeza de que eu estava engraçada. — Olive, quero… — A boca de Bobby estava se mexendo, mas nada estava entrando nos meus ouvidos. Lembra da cachoeira tranquila que Lucy tentou me fazer acreditar que eu era? Desapareceu. Secou. Foi um desastre, realmente. Eu era uma avalanche ― a mãe de todas as avalanches, para ser exata. Levantando com pressa, virei de costas para eles antes de Jason poder me notar. Talvez estivesse agindo como louca, mas não havia muitas Olive no mundo. E se ele se lembrasse de mim? Lembrasse do meu nome? Droga! E se ele visse meu sobrenome na capa do livro que estava tão lindamente no meio da mesa? Procurando uma saída rápida, não encontrei nenhuma. Com certeza, doeria um pouco se eu tentasse quebrar a janela e pular de lá. Vendo o carrinho de bar ao lado da janela, fui trêmula até ele. Maldito Keith. Por que ele continuava falando meu nome? Pegando a jarra de água com limões e fatias de lima, servi um copo. Como minhas mãos estavam tremendo, um pouco da água não caiu no copo, mas quem se importava? Assim que encheu até a metade, coloquei na mesa e servi outro. Álcool teria sido bem melhor, mas água estava ajudando. Alguém encostou no meu braço, e fiquei com vergonha de dizer que quase soltei a jarra, me fazendo ainda mais de boba. — Olive, você está bem? Notando que era apenas Keith, lentamente baixei a jarra e segurei o copo. — Ah, desculpe. Não sei o que me deu. — Tentei sorrir, mas, para ele, provavelmente pareceu mais uma careta. Keith deu risada. — Não é todo dia que você vê uma estrela de cinema tão perto. Entendo sua empolgação. Ele não entendia nada. Por que estava falando de Jason como se ele fosse um animal de zoológico? — Vamos nos sentar de novo para que eu possa apresentar vocês dois. Gostaria disso, não é? Na verdade, eu odiaria isso, muito obrigada. Lá se foram minhas esperanças de que, talvez, Keith fosse gentil o bastante para me tirar dali discretamente. — Claro — murmurei, usando o copo de água como escudo na frente do meu rosto. Quando olhei para a mesa, vi que Harry tinha sumido e Bobby pegara seu lugar. Ao seu lado, havia o homem que entrara ao lado de Bobby. E, então, lá estava Jason…
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