2 - ANICE

3229 Words
DIAS ATUAIS... Enquanto dirijo contemplo as pessoas caminhando pelas calçadas, as vidas fluindo e sorrisos estampados, a alegria e a vida que não sei se um dia vou ter... O homem que eu amo me machucou ao ponto de me deixar com o pé atrás, certo, ele parece querer resolver tudo e se redimir, o problema é se eu consigo confiar. Estaciono o meu carro ao lado da vaga da minha tentação, engulo em seco, sei que o dia será longo, desço do carro e caminho até o elevador, preciso ir para a minha sala, o dia começou maravilhosamente bem, mesmo depois da noite louca que eu tive. Mas tenho que pensar nas coisas boas e uma delas é que a minha amiga Fernanda está de volta, estar com ela é algo maravilhoso, é impossível ficar de mau-humor ao seu lado, a Fê é a alegria em pessoa, depois de muita insistência da minha parte, ela aceitou a minha proposta e quero ver o circo pegar fogo. O meu celular começa a vibrar dentro da minha bolsa, o pego para ver quem é, não me surpreendo ao ver que é ele. Fecho os olhos e solto um longo suspiro, segurando o celular forte sob o meu peito. Pode passar anos, mas o meu coração ainda bate descontroladamente quando o assunto é ele... Danillo... O elevador pára e as portas se abrem, guardo o celular de volta na minha bolsa e me recomponho, ergo o queixo e como a Cynthia me ensinou, retorno a minha pose de poderosa e caminho em direção a minha sala, sou parada algumas vezes por alguns funcionários que me perguntam sobre algo, como a grande Cynthia Feffer fala: quem manda aqui sou eu! Então eu faço tudo de bom grado, devo tudo a ela e a considero como uma mãe, a Cynthia sempre me tratou como a filha que ela não teve, sempre cuidou e ajudou-me a ser o que eu sou hoje. Enfim cheguei a minha sala e ligo o computador, novamente o meu celular toca e quando não atendo vejo milhares de mensagens chegarem... Não foi certo o que eu fiz ontem com o Danillo, mas ele sabe, se quer ficar comigo, será do meu jeito. Começo a desenhar a nova coleção e a minha mente começa a vaguear, relembrando do passado... Eu fui criada num lar cheio de amor e carinho, sou fruto do amor verdadeiro, coisa que não acredito mais, eu cresci ouvindo mamãe me contando sobre a história dela e do meu papai. A minha história foi bem diferente da dela, o meu príncipe virou um sapo e eu de princesinha frágil, virei a rainha do meu reino. E nesse reino, era eu quem ditava as regras! Me chamo Anice Renats, tenho 25 anos, 1,70 de altura, sou morena e tenho olhos claros, moro com minha mãezinha Amélia, ela é minha vida e só temos uma a outra, papai faleceu, ele foi o amor da vida da minha mãe e mesmo após anos ela não supera que ele se foi tão precocemente. Não lembro muito dele, pois tinha apenas 6 anos quando ele faleceu, desde que o meu pai se foi, a minha mãe abdicou da sua vida para cuidar e investir no meu futuro, desde cedo me preparou para ser a melhor, ela era o exemplo de mulher forte e empoderada, ela não baixou a cabeça e nem podia, a sua única opção era levantar-se e criar a sua filha. Não somos ricas, porém o meu pai tinha alguns bens e vivíamos confortavelmente, a minha mãe me preparou para tudo inclusive viver uma história de amor assim como a dela e do papai, mas nunca para sofrer uma desilusão, entretanto, na verdade, quem está preparado para isso, não é? Eu sempre era meio insegura em algumas coisas, inclusive com a minha beleza, eu sempre fui magra e corria dos garotos, não queria ficar com qualquer um, queria o meu tão sonhado príncipe encantado. ... Há 11 anos atrás... E se fosse o meu conto de fadas o contaria assim… Era uma vez... Tudo começou quando eu ainda estava no colegial... Foi lá que conheci o garoto mais lindo que eu já vi em toda a minha vida, aquele que faz minhas pernas tremerem até hoje e é do tipo que nos leva a pensar assim: Meu Deus! Estou perdida! Aquele tipo que uma voz interior diz em letras garrafais, NÃO SE APROXIME DELE! Mas quem disse que eu ouvi? Pois, eu m*l o olhei e já me apaixonei. Não precisou de muito, bastaram algumas trocas de olhares e lá estava eu apaixonada pelo cara mais popular e mulherengo do colégio. Era o meu fim, mas adolescente é assim, vê o perigo e corre em direção a ele. E Danillo tinha escrito em sua testa. PERIGO! FUJA! Não n**o que aprendi muito no tempo que estivemos juntos, ele foi a minha redenção, aquele que me fez forte, pois a partir do que ele me fez, eu mudei totalmente, para melhor, viu? E eu dei a volta por cima e hoje sou respeitada por onde passo, no mundo da moda todos conhecem Anice Renats. Renascida das cinzas... Como disse, a minha mãe sempre quis o melhor para mim e desde nova sempre fui considerada um prodígio, com isso ganhei uma bolsa de estudos em um dos melhores colégios da cidade, foi lá que conheci o Danillo. Ele era o sonho das meninas, uns dos seus muitos atributos era de pegador, corpo sarado e atlético, gentil, pegada forte, gentleman, cara de m*l, bonitão, tinha um sorriso que não consigo definir em palavras de tão lindo, era muito lindo, era ou é? Na verdade , ele continua tendo um sorriso lindo, simplesmente irresistível e é do tipo que ilumina tudo com ele... Não preciso falar que tinha uma fila de mulheres que estavam aos seus pés. Sim, ele era o mais disputado, além de ser um dos mais populares. Sempre fui muito tímida e quietinha, conclusão, nunca seria notada por ele, então me bastava o admirar. Mas o destino queria brincar comigo e um dia na educação física, estava distraída com a equipe de futebol, amava babar no Danillo jogando, era épico o momento que ele tirava a camisa eu me esforçava para não piscar, sempre fui santinha, mas não era cega. Eu notei que ele me olhava e sorria, olhei até para trás para ter certeza que era para mim que ele olhava e eu realmente não podia acreditar... Porém, nem me iludi, ele tinha o colégio todo o querendo e iria olhar justamente para mim? Então acreditei que era bobeira minha, o sinal tocou e estava voltando para a minha sala enquanto bebia a água da minha garrafinha de borboletas, estava distraída guardando e pegando algo dentro da minha mochila, esbarrei em alguém. Fechei os olhos e só esperei a queda. Porém, antes que eu caísse, fui amparada por alguém com braços fortes e com um cheiro amadeirado gostoso, ao abrir meus olhos lá estava um par de olhos cor de mel, fixos ao meu, eu pisquei para me certificar que não estava sonhando, nossa, não era um sonho. Era uma bela realidade, ele com o semblante preocupado, um sorriso lindo que se abriu em seguida, eu já tinha uma quedinha por ele, mas naquele momento sabia que eu era dele. — Oi, você está bem? — Pense numa voz gostosa de ser ouvida. Quase disse que não, só para permanecer nos braços daquele garoto cheiroso e lindo. Como uma i****a respondi. — Não sei... — AFF, Anice! Reage mulher! Ao notar a minha confusão. Ele abriu mais uma vez um sorriso, e que sorriso! Mordi os lábios, corrijo-me, pois me sinto uma pervertida. Meu pai! Ele sabe o quanto é irresistível, sabe como deixar uma mulher tontinha, porque eu nem sei onde estou e nem para onde eu vou... Ele me levantou e grudou o corpo no meu, o seu rosto estava tão perto, que sentia sua respiração quente sobre o meu rosto. O meu coração parecia uma escola de samba de tanto que batucava em meu peito. Ele colocou carinhosamente as duas mãos no meu rosto e checou como eu estava, minuciosamente. E me olhou dos pés a cabeça, me senti nua diante daquele check-up, pior que eu gostava de estar sob o olhar matador dele. Engoli em seco, estava em choque, que garoto é esse? E que efeito é esse que ele tem sobre mim? Eu não conseguia parar de olhar os seus lábios, nunca tinha beijado e nem tinha vontade de beijar, mas aqueles lábios chamavam os meus, Danillo era uma tentação. — Bom, eu vejo que está bem, e muito bem por sinal... — Falou maliciosamente enquanto mordia os lábios — Foi só um susto! Ele me solta, mas parece que não sou só eu que estou afetada aqui. — Muito obrigada... — Digo tentando fingir costume. — Danillo! — Hãn? — Falo sem entender. — Eu me chamo Danillo. — Querido como se eu não soubesse, finjo a sonsa e falo. — Ah, tá! — Sorri, me apresentando para ele. — E eu me chamo Anice. — Lindo nome! Anice... — Ele falou e como era gostoso ouvir meu nome saindo dos seus lábios, ele me olha como se a qualquer momento fosse me agarrar, isso me faz ficar um pouco nervosa — Combina com você, que também é linda. Não acredito que ele me acha linda, fui salva pelo sinal que tocou, porque se não ia me derreter aqui mesmo. Ele coçou a nuca e disse: — Bom Anice, preciso ir, espero que esteja bem. — E estou, mais uma vez, obrigada. — Eu acenei e virei as costas, nervosa, tentando convencer a mim mesma que ele foi apenas simpático e que eu não criasse falsas ilusões. Danillo era inacessível para mim, éramos de mundos diferentes... Os dias passavam e sempre notava que alguém me olhava e quando olhava era ele me olhando, dava-lhe um sorriso e me mantinha distantes, pelos corredores do colégio o que se ouvia era que o Danillo tinha uma por noite e o que eu menos queria era ser mais uma. Tinha momentos que eu estava com as meninas e ele me olhava de uma forma como se eu não usasse nada por baixo, isso me deixava sem graça, sempre era eu que desviava os olhos primeiro e quando olhava para ver se ele ainda estava ali, lá estava ele com os olhos de predador e eu era a presa que ele sondava. Alguns meninos pediam para ficar comigo e sei que eles queriam competir com o Danillo, pois eu via ele conversando com cada um e também a Fernanda que era a prometida do irmão dele, me falava tudo, mas eu não entendia, era loucura isso, se ele tinha ciúmes porque ele não vinha até mim? Então, cansei de tentar entendê-lo, resolvi não quebrar mais a cabeça com isso. O ano passou rápido e perto da formatura o Alex me chamou para ir à formatura com ele e eu aceitei, outros meninos me chamaram, mas já tinha aceito ir com o Alex, ele gostava de mim, era muito educado e bonito também, tínhamos praticamente a mesma idade. Mamãe sempre gostou de costurar e ela mesma fez o meu vestido do Baile de formatura, não estava me formando, mas o Alex estava e eu fui com ele. Assim que chegamos, vi Danillo com duas meninas e sabia que uma delas seria a sortuda a ficar com ele, tirei isso do meu pensamento e comecei a conversar com a Fernanda que tinha ido com o Caio, os pais dela tinham outros planos e era meio que uma despedida para nós duas. Danillo chamou uma menina para dançar e senti no meu coração uma dor enorme, naquele momento tentei disfarçar, já que era o seu último ano, tentaria esquecê-lo. O Alex me chamou para dançar, ele era lindo e divertido, não terminamos nem de dançar uma música, quase me sinto sendo arrancada dos braços do Alex e quando olhou assustada para ver quem fez isso, vejo um Danillo bravo e territorialista, ele só com um olhar chamou o Alex para briga, Alex recuou e ele grudou o corpo no meu, senti vontade de rir naquele momento, pois foi engraçado, todo mundo nos olhando e ele dançando comigo como se não existisse amanhã. — Porque fez isso? — Perguntei olhando para cima. Ele não esperava a minha pergunta, franziu a testa e me abraçou mais forte de novo, não esperava a resposta, foi quando depois de alguns segundos ela veio. — Eu não sei porque, mas não gosto de ver você nos braços de outros... — Mas você tem outras... — É diferente, elas são um passatempo, você é do tipo de garota que é para casar... — Mas somos novos para pensar nisso. — Eu ri. — Eu sei, nunca havia pensado nisso até ver você... A noite foi maravilhosa, Danillo não me deixava sozinha um segundo sequer, quando fui ao banheiro as meninas me perguntaram, se eu era namorada dele e eu respondi que não, assim que voltei a pista fui em uma direção contrária a dele e comecei a dançar sozinha, porque eu já não sabia onde estava a Fernanda. Comecei a rebolar ao som da música e sinto alguém junto de mim, era o Danillo e ao olhar, vejo que tinha uns meninos perto, observo que ele não queria nenhum junto de mim. O baile terminou e ele me levou em casa, assim que chegamos na porta da minha casa, ele roçou o nariz no meu e começou a me beijar, ele foi muito carinhoso comigo, eu nunca tinha beijado, mas estava tão bom e envolvente, assim que terminamos, ele encostou a testa na minha e sorrimos juntos, foi muito bom ter beijado ele e sei que ele sentiu o mesmo, era algo surreal. Eu estava tão feliz e ele parecia notar que eu era BV, será que beijei m*l? — Eu fui o seu primeiro? — Perguntou de uma forma carinhosa e isso me deixou mais calma. — Sim. — Então, sorri e confirmei balançando a cabeça positivamente. Eu já estava muito apaixonada e queria muito mais com ele, Danillo acariciou o meu rosto e me deu um beijo na testa já se despedindo de mim. Assim que eu o vi indo embora, senti um vazio imenso e esse vazio me deu a certeza que deveria esquecê-lo, quando ele sumiu depois do beijo entendi e aceitei que teria que esquecer e seguir com a minha vida. Um ano se passou e como a minha mãe viu o quanto eu gostava de desenhar e de moda, então conversou com as irmãs Lennox e elas arranjaram um emprego para mim como jovem aprendiz em uma empresa, que só descobri quando fiz todos os trâmites que era da família do Danillo. O mundo é tão pequeno que passei a ser pupila da mãe dele que me amou de primeira e o próprio está na minha frente conversando com ela sem me notar. Não pensei em vê-lo no primeiro dia de trabalho aqui, meu coração traidor começa a bater forte em meu peito e eu respiro calmamente fingindo que sou imune a ele. — Olha filho eu quero te apresentar alguém e tenho certeza que você vai gostar, ela está aqui como jovem aprendiz, mas com toda a certeza, não a deixarei sair do meu lado, pois foi amor à primeira vista. No momento em que ele virou e me viu, ele ficou pálido e me olhou dos pés a cabeça, sim, eu havia mudado muito em 1 ano, abri um sorriso vitorioso e o vejo engoli a seco. — O-oi! Bom dia! — Ele fala sem tirar os olhos de mim e eu o olhei indiferente. — Bom dia senhor Feffer! — Filho ela se chama Anice e estou encantada com a beleza dessa garota... — A Cynthia fala com um sorriso lindo no rosto, olhando- me com admiração. — Sim, mãe! A Anice é encantadoramente linda... — Filha, já disse para não cair nos encantos do meu filho, ele diz isso para todas. — Ela fez questão de dizer e isso eu já sabia. — Sei disso senhora e pode ficar tranquila que ele não faz o meu tipo. Segurei-me para não rir, quando vi o Danillo franzindo os lábios e o cenho. — E quem faria o seu tipo Anice? — Ele fala como se só tivéssemos nós dois ali, por um instante perco o ar, ele tinha uma aura poderosa, mas eu fui logo cortando as suas asinhas. — Bom, é melhor você ir filho, preciso acertar algumas coisas com ela. — Sim, senhora! Eu irei! Mas antes deixe Anice responder... Quem faz seu tipo Anice? Abri um sorriso vitorioso. — Não que seja da sua conta senhor Feffer... Ele me cortou. — Danillo! Me chame de Danillo. — Olha Danillo, respondendo a sua pergunta, de cara posso te dar certeza que nem de longe você faz o meu tipo, você é do tipo que não ficaria, então senhora Feffer, fique tranquila, entre nós dois não haverá nada. — E por que não? — Porque ela disse que não quer Danillo! — Ela gargalhou e vejo o quão leve que ela é. — Gostei dela ainda mais, seria uma boa candidata a minha nora, já que o meu outro filho já é comprometido, mas o único filho livre é o Danillo. — Bateu no ombro dele.— Não fique triste filho, tem muitas outras que te querem por aí. Assim que ele saiu bufando e quase expulso pela mãe, ela riu muito comigo, então contei a ela que o conhecia da escola, que não sabia que ele era seu filho e nem imaginava que o encontraria aqui na empresa, ela fez uma cara como se quisesse perguntar se já tinha ficado com ele e logo disse que não fazia parte da roda de amigos dele, só o via na escola e que ele era o garoto mais popular, ela então reforçou o conselho para me manter afastada dele. E era exatamente isso que eu pretendia fazer. Assim que saí da empresa, ele para o carro e diz que vai me dar carona, não aceito, mas depois de 40 minutos no ponto e nada do ônibus passar, então eu decido ir com ele e quando chegamos na porta da minha casa, adivinha quem tentou me beijar? Isso mesmo, o próprio, desviei e toquei os meus lábios e disse. — Querido já disse que você não faz o meu tipo. Virei as costas e sorri, naquela noite eu dormi maravilhosamente. Os dias que se passaram, foi uma perseguição total, Danillo todos os dias me trazia em casa e eu falava a mesma coisa... E depois de um mês na empresa, diariamente eu ganho flores e bombons, logo eu? Continuo persistindo em não ceder, mas hoje ele fez diferente, justo hoje que eu achei que ele desistiria. Lembro das palavras dele. — Sempre vai ser você e eu, você pode até fugir de mim, assim como eu fugi de você! Você será minha Anice, eu estou certo disso, você me quer assim como eu te quero! E pode se passar anos, mas você será minha, estamos destinados a ficarmos juntos.
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