As gêmeas contrabandistas

2074 Words
Minha rotina em Luisía exigia treinos diários e exaustivos, a matriarca de Isador me observava atentamente da sacada, os acertos das manobras me rendia sua expressão estóica. Já a ruga de desapontamento no meio das suas sobrancelhas aparecia quando eu cometia algum erro, a Mana das bruxas florais exigia que nós influenciassemos plantas diversas, com composições diferentes. Não era fácil. Nem mesmo difícil, simplesmente impossível para mim. As bruxas Niandra, ninfas da água, tinham tanta dificuldade quanto qualquer uma de nós. Depois de aprender a dobrar o líquido, era relativamente fácil manipulá-lo. O próximo nível seria suas diferentes formas. Gania e Tânia tinham dificuldade em apenas uma das três formas da água: a gasosa. Não é engraçado vê-las comandar a água da fonte, no jardim principal da Casa Isador, para cima e jogar para baixo, frustradas tentando separar as partículas minúsculas. As florais que assistem zombam delas, desconhecendo as vencedoras do torneio da casa Niandra, elas usaram máscaras durante o embate. Estava na arquibancada mediana, assisti as doze horas de batalha que durou quatro dias. as gêmias eram invencíveis, as melhores dentre as aprendizes da casa Niandra. Nós trocamos um olhar conhecedor e eu rio mentalmente, as bruxas florais ao redor param de fofocar e zombar como gazelas espalhafatosas, as gêmeas retiram alguma água delas, comandando a Mana com maestria. É difícil zombar de alguém quando se está extremamente desidratada. Nossas casas costumam treinar juntas de temporada em temporada, as plantas precisavam ser regadas, afinal. Principalmente nos meses de seca, as raízes de algumas espécies não conseguiam adentrar tão profundamente no solo para coletar diretamente dos lençóis freáticos. De certa forma, tê-las como plateia forçava-me ao limite, Safi não aceitava menos que o primeiro lugar, a melhor, perfeição. Eu deveria sugar mais da natureza, expandir minha Mana sendo superior às demais bruxas, andar por nosso coven com o queixo elevado não reconhecendo as demais bruxas Florais da casa Isador e ignorar as demais casas. Havia um pequeno porém, as florestas necessitam de água, e Safi tinha, por obrigação, que ser maleável com a casa Niandra. Mamãe mantinha uma conversa rasa com a mãe das gêmias, em algum momento ela até sorriu do que foi dito. Deve ter sido um sorriso de raiva, ela odiava interações sociais. … Após esgotar-me o dia inteiro, Safi redirecionou suas atenções para os assuntos do coven, e eu iria esgueirar-me para as entranhas da floresta, em busca da minha caixa enterrada. Mas antes, precisa de algo, uma pequena aventura, quebrar a lei é, praticamente, um dos ritos de passagem das aprendizes, só não podemos ser pegas. Ando pelos corredores já sabendo o que iria encontrar. As gêmias não conversavam muito, o mundo delas se limitava uma a outra. Elas não faziam perguntas sobre meus sumiços contínuos, e eu fingia não olhar suas entradas surdinas no jardim de rosas exóticas que ficava ao lado da sala de reuniões. Era incrível as coisas que a água podia fazer, as moléculas no ar transmitiam ondas que elas ouviam enfiando o rosto até submergir os ouvidos na água da fonte. De fato elas estavam gazelas isso agora mesmo. Entrei no ambiente inspirando profundamente o cheiro doce das rosas, as gêmeas fecharam as suas expressões, com carrancas idênticas ao me ver. "O que você quer, Catarina?" Tânia pergunta cortante, é assim que eu diferencio as gemias. Tânia é esquentada. Levanto a sobrancelha, ela sabe exatamente o que eu quero, testar minha paciência é um passatempo, presumo. "As matriarcas das demais casas chegaram em isador na primeira luz da manhã, mamãe não me disse muito mais" caminho calmamente até a fonte, sentando-me nela. "E queres saber o porquê? Bem-vinda á incógnita" Gânia deduz certo, Safi prefere comandar sua Mana para espinhos transpassem seu coração do que ser a anfitriã de uma reunião com as demais casas "Elas estão sendo cuidadosas com as palavras, não sabemos muito mais do que vós" Gânia oferece submergendo o rosto na fonte mais uma vez. "Saia, manteremos-te informada caso digam algo que valha a pena" Tânia olha pela janela, para a floresta que banha o coven. Procurei, olhando ao redor por algo muito específico, as gêmeas me traziam um contrabando que eu ficara viciada. Como disse: quebrar a lei sem ser pega. "Seu pacote já está no baú" Gânia emerge passando as mãos pelos rosto, secando a água. Levantei as sobrancelhas surpresa, eu precisava de novos lugares secretos "Nos conhecemos desde os panos de b***a, é claro que sabemos onde são seus esconderijos" ela sorri sugestivamente para mim "Certeza de que não tens curiosidade? Nós podemos te dizer de qual casa ele é" oferece mais uma vez, parei de contar á partir da terceira vez de insistência. " Bem, bem, bem" Tânia começa as gracinhas e eu estalo a língua desaprovado as revelações que sairá de sua boca "É angustiante vê-los nessa situação, por isso resolvemos ajudar-los" Tân se vira para mim, eu acreditaria nela, se não a conhecesse. " Ele paga muito bem, e em ouro, não finja que não é por isso Tân" Gânia repreendeu a irmã, ela move a ambos para arrancar uma rosa que cresce na parede, fecho meus olhos para não ver. Me dói. As rosas são as mais sensíveis de todas as plantas. "Obrigada querida irmã, mas eu não faço só pelo ouro" Gânia revira os olhos das palavras de Tân que, por sua vez, zomba espremendo os cabelos molhados no chão, as duas começam a ebolir a água em suas cabeças para secar seus cabelos verdes " Faço para poder dar um sorriso conhecedor quando esses dois finalmente se casarem e mandar essas regras á Ailídia quando o comando for nosso" " Ele nos pediu para convencê-la a vê-lo pessoalmente, ele parecia sério" "Gânia! Lá se vai nosso ouro, ele disse espessificamente 'convençam-na sem mencionar meu nome' eu estava contanto com aquele ouro" Tân reclama arrumando o cabelo já seco em um coque m*l feito. Rio das duas, eu também quero muito vê-lo, suas cartas me deixam a ponto de andar pelas paredes de tanta ansiedade. " Não te preocupes Tânia" pressiono o indicador e o polegar passando-os por meus lábios "Se depender de mim, terá seu pagamento" caminho para a porta, minha Mana vibra, desejosa para se conectar com nosso fil de vida, com meu noivo. Antes de sair viro-me " Safi saberia, ela reconheceria que já tínhamos nos visto. Esperar mais um ano não irá matar-me, Diga á ele que não conseguiram me convencer, mas que eu queria poder ir" "Agora fale como se realmente não soubesse" Gânia pede elevando as mãos para a fonte, pronta para transmitir a mensagem. As bruxas Niandra são realmente super geniais, uma comunicação em milhas de distância e meu noivo ouviria minha voz. Mas não hoje. Balanço minha cabeça movimentando meus lábios lentamente formando um grande: N-a-o "Eu odeio bruxas florais" ouço Tânia reclamar antes de sair. Naquele dia eu descobri algo que não queria, não tenho certeza se foi a intenção delas, mas eu sabia exatamente de qual casa meu noivo era. Desconheço o motivo de ter ficado surpresa. Safi não brincava em cerviço. … Caminhei rumo a floresta, minha Mana vibrava em meu peito, estar em volta de energia verde, coletando-a enchendo minhas fontes a caminho de ligar-me com meu fil de vida era um ritual, deixava-me calma. A cada passo folhas raízes e troncos anularam para tocar minha pele, querendo oferecer Mana, implorando para serem usados e eu colho, tanto quanto posso. É errado deixar as fontes de nossas energias quase esgotadas. O que farei a seguir exige grande quantidade de Mana, é uma necessidade. Digo a mim mesma. Regida por mim as raízes mudavam a localização do baú, por preocupação, o que não impediu as gêmeas, Safi não poderia, em hipótese alguma, descobrir o conteúdo dentro da caixa. Chequei mais uma vez com minhas raízes, ninguém me seguindo. Sigo para o novo esconderijo. … Os espinhos empurram a caixa para cima, ela está envolta em uma fina película de folhas que se retrataram ao meu pedido. Admiro os entalhes bem escupidos, flores de diversas espécies foram trabalhadas na base quadrada e a tampa fora entalhada em foras emaranhadas. O cuidado para misturar e intercalar era visível. Acenando o dedo e os espinhos abrem a caixa para mim, as cartas de cortejo, a joia de prata com um pingente açucena esculpido em diamante foram inspecionadas por Safi. A caligrafia contendo sentimentos profundos de um homem românticos foram lidos pela mãe da noiva, eu odiava como o sistema funcionava, separar os meninos solteiros das garotas funcionava perfeitamente com os casamentos arranjados. A conveniência disso me assustava. Safi me embaralhou entes mesmo que pudesse pronunciar uma palavra corretamente, mais gostava. Essa seria a descima vez que a leria, suspeitava que continuaria a ler mais dez. Cometi um crime. Esgueirei-me para assitir o duelo de Isador, minha casa negou com fervor o pedido para viajar, contudo tinha que vê-la vencer o torneio . Terás que admitir, sou um ator aceitável. Fingir estar doente por dias não é fácil, assim foi encaminhado para enfermaria com muitos dias de dispensa. Não te preocupes, fui recompensado quando a ví entrar na arena. Pensei em quebrar o juramento que fiz a minha casa ao vê-la no traje de batalha, e pelo que? Um abraço, e se me permitisse, um beijo, em público que traria vergonha á minha casa? Me pareceu uma ideia excelente no momento em que me veio à mente. Sua beleza me cativou a tal ponto extremo, imobilizar suas oponentes trouxeram desejos obscuros que prefiro não detalhar. Anseio por nossa Ligação, Catarina da casa Isador. Se o que sinto for retribuído com reciprocidade quando vós me vedes, eu serei um consorte arrogantemente. Minhas felicitações por vencer o torneio de Isador, serás uma grande líder. X Corei vergonhosamente, de novo, lendo a carta, o torneio fora acirrado, havia florais dignas de serem chamadas irmãs. Mas só havia um posto para futura líder, e Safi garantiu, com treinos pesados e árduos, que seria eu. Nunca imaginei que ele estaria entre a multidão que viera de toda Luísia assistir quem seria a futura líder da casa Isador. Meu noivo sabia quem eu era e eu não fazia ideia de quem ele era, ou sua casa, as gêmias me deram apenas uma noção. Tradição estúpida! A única coisa que sabia era a cor de seus cabelos: loiros acetinados. Dobrei a carta cuidadosamente ainda incerta do porquê Safi entregá-la a mim após sua inspeção cuidadosa. Ela era uma mulher, no final, deve ter visto a carta reveladora que meu noivo enviou como uma prova de amor, talvez? Ele poderia tê-la enviado pelas gêmias, de qualquer forma foi uma boa ideia usar a correspondência oficial. Mamãe deixou aquele olhar desconfiado. Catarina abriu o compartimento secreto do baú, a tampa era oca. Os fios dourados contidos por uma liga preta caíram em suas mãos. A pouca Mana nos homens os impediam de manipular os elementos da natureza, mas estava lá. Sua Mana acariou as vibrações das do seu noivo, já familiariza. Cat sentia a ligação acontecendo pouco a pouco pelos cabelos recém adicionado ao monte pelas gêmias.No dia do seu casamento Catarina não se esforçaria para liga-los. Ela tinha uma admiração pelas gêmias, elas não se importavam com regras e tradições, as ninfas da água faziam seu próprio caminho. O covem Niandra era fronteiriço com o centro de treinamento, elas se esgueiravam para lá, as vezes compartilhavam histórias das suas aventuras, comigo. Eu era medrosa demais para desobedecer Safi. Os minutos e as horas passaram rapidamente, sua Mana choramingou por ter que deixar sua ligação para trás. Mesmo após minha vitória no torneio, mamãe continuava o treinamento intensivo, voltei para casa e dormi rapidamente. Chegar cedo e sair tarde do treino deixava-a orgulhosa, a filha de Safi estava á cima de qualquer repreensão. Amanhã era um dia importante, as aprendizes, vencedoras do torneio de cada casa, se reuniam em Isador. Seria um banho de sangue social. Levantei-me em um impulso, precisava estar impecável, pronta para receber nossas convidadas. É quando me dou conta de que não estou no meu quarto, Em isador. Florestas gigantes banham a propriedade Isador, o sol só entra em áreas específicas.. Não no meu quarto, definitivamente não no meu rosto. Inspiro fundo, arregalando os olhos, as lembranças de tudo que aconteceu naquele dia, antes dos demônios sugadores de sangue nos sequestrarem, me bombardeiam. Eu estou no território inimigo, em Ailídia!
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