Casada com o Dom (D14b0)Updated at Nov 14, 2025, 02:55
Ele era o rei do submundo.
Ela, a virgem pura — a luz que ele desejava corromper.
Damon emergiu da escuridão coberto por sangue. Eu corria, mas a cada passo minhas pernas fraquejavam, como se já estivessem cansadas de fugir do inevitável. O diabo não precisava se apressar. Ele se movia devagar, quase preguiçoso, e ainda assim cada vez mais próximo.
Ele havia massacrado a minha família. Tudo por causa de um contrato quebrado. Era assim que Damon agia: acordos não cumpridos eram selados em carne e sangue. Agora, restava apenas eu. A última peça de um jogo do qual nunca quis fazer parte.
Ele me enganou, desde o primeiro dia que o conheci. Fingiu ser apenas um bom feitor, me acolheu e mentiu e me forçou a casar com ele, sem saber que ele era o homem de quem meu pai tinha maior medo.
Tropecei e caí numa poça de água suja. O frio me atravessou, mas o verdadeiro gelo veio quando olhei para trás. Ele estava a um passo.
— Para que correr? — Sua voz grave me cortou, arrastando um arrepio pela minha espinha. — No fim, é apenas energia desperdiçada.
— P-por favor… — Minha súplica saiu tão baixa que mal parecia minha. Conhecendo ele, sabia que, mesmo casada com ele e... talvez, sentindo algo, mesmo que minúsculo, ele não iria poupar ninguém. Esse foi seu jogo. Jogar na cara do meu pai que havia conseguido me pegar.
— Repita. — Ele exigiu, os olhos cinzentos faiscando. — Mais alto.
Engoli em seco. Implorar seria inútil. Homens como Damon não tinham coração. Ele nunca gostou de mim, de verdade.
— Adianta implorar? — minha voz ganhou firmeza por um segundo. Isso nunca acontecia. Ele me dava medo, mesmo que lá no fundo, eu tenha criando um amor pelo demônio. — Faça logo o que veio fazer.
Ele sorriu. Um sorriso lento, cruel, como lâminas arranhando pedra.
— Não. — disse com um deleite sádico. — Mas eu gosto de ouvir.
— Então vai ter que encontrar outra.
Por um instante, a coragem me atravessou como fogo. Eu já sabia meu destino; não valia a pena rastejar.
— Levante-se. — Sua ordem foi fria, como se já fosse meu dono.
Eu não obedeci. Estava encharcada, coberta de lama, tão pequena diante dele.
— EU DISSE: LEVANTE-SE.
Sua voz explodiu no ar como um disparo. Ele erguia a mesma arma que matou minha família. Meu corpo inteiro estremeceu, como se a bala já tivesse atravessado meu peito. Com pernas trêmulas, levantei.
— Atira logo. — Minha garganta queimava, mas as palavras saíram. — Esse é o seu estilo, não é? Acabar com todos.
Damon inclinou a cabeça, um brilho perverso nos olhos.
— Talvez eu queira mudar algumas coisas.
Meu coração congelou.
— Do que está falando? — perguntei, incapaz de esconder o terror.
— Você vai viver. Mas será minha. Para sempre.
Meus olhos se arregalaram.
— O quê? Não. — Minha voz quebrou. — Me mate. Isso seria mais fácil de aceitar.
— Você é minha esposa. Tem um dever. é minha por direito.
— Damon!
Um carro se aproximou, estacionando na rua deserta. As luzes rasgaram a noite. Damon não disse nada. Apenas avançou, seus dedos de ferro agarrando meu braço. Cada vez que eu tentava resistir, ele apertava mais, até a dor se tornar insuportável.
Sem esforço, ele me arrastou até o veículo. A porta de trás se abriu com um estalo. E, com a mesma brutalidade de um carrasco, Damon me lançou para dentro da escuridão do carro.